domingo, 6 de janeiro de 2013

Hino a Aton (deus Sol - Faraó Akhenaton - 1370 a.C) )


“Adoração de Harakhte que se alegra no horizonte,
No seu nome de luz que está em Aton, vivendo eternamente para sempre,
E do Aton vivo que está em festa, senhor de tudo aquilo que circunda Aton.
Senhor do céu, senhor da Terra, senhor da casa de Aton em Akhet Aton,
Rei do Vale e rei do Delta que vive da verdade (Ma’et);
Senhor dos Dois Países, Nefer-Kheperu-RáUa-en’Rá,
Filho de Rá que vive da verdade (Ma’et).
Senhor das coroas, Akhenaton, sublime de duração,
E da grande esposa que ele ama,
A senhora das Duas Terras Nefer-nefru-Aton Nefertite,
Viva, sã, jovem eternamente para sempre.

Ele diz:
Tu surges belo no horizonte do céu,
Ó Aton vivo, que deste início ao viver.
Quando te ergues no horizonte oriental, todas as terras enches de tua beleza.
Tu és belo, grande, resplandecente, excelso sobre todo o país;
Os teus raios iluminam as terras
Até o limite de tudo o que criaste.
Tu és Rá e conquistas até o seu limite;
Tu os unes para teu filho amado.
Tu estás longe, mas os teus raios encontram-se sobre a Terra;
Tu estás diante (da gente), mas eles não veem o teu caminho.
Quando tu vais em paz ao horizonte ocidental,
A Terra fica na escuridão como morta.
Os que dormem encontram-se em suas camas;
As cabeças cobertas com mantas,
Um olho não vê o outro.
Se roubassem seus bens que se acham debaixo de suas cabeças,
Eles nem perceberiam.
Todos os leões saem de suas cavernas;
Todas as serpentes, elas mordem.
A escuridão é (para eles) claro.
Jaz a Terra em silêncio,
Seu criador repousa no horizonte.
Resplandeces como Aton para o dia sereno.
Tu eliminas as trevas e lanças teus raios;
As Duas Terras estão em festa;
Acordadas e atentas sobre os dois pés.
Tu as fizestes levantar:
Lavam os seus membros,
Pegam as suas roupas,
Os seus braços estão em adoração ao seu nascimento.
A Terra inteira se põe a trabalhar:
Todo animal goza de sua pastagem,
Árvores e relvas verdejam;
Os pássaros voam de seus ninhos,
Com as asas (em forma de) adoração à tua essência (Ka),
Os animais selvagens pulam em seus pés.
Aqueles que vão embora, aqueles que pousam,
Eles vivem quando tu te levantas para eles.
As barcas sobem e descem a corrente
Porque todos os caminhos se abrem quando tu surges.
Os peixes do rio movem-se deslizando em tua direção,
Os teus raios chegam ao fundo do mar.
Tu que procuras que o germe seja fecundado nas mulheres,
Tu que fazes a descendência nos homens,
Tu que fazes viver o filho no seio de sua mãe,
Que o acalantas para que não chore;
Tu, nutriz de quem ainda está no colo,
Que dás o ar para fazer viver tudo o que crias.
Quando cai do colo para a terra o dia do nascimento,
Tu lhes abres a boca para falar
E provês as suas necessidades.
Quando o pintinho está no ovo (loquaz na pedra),
Tu ali dentro lhe dás o (alimento) para viver.
Tu o completas para que quebre a casca
E dela sai para piar e completar-se
E caminhe com seus dois pés recém-nascidos.
Quão numerosas são as tuas obras!
Elas são irreconhecíveis aos olhos (dos homens).
Tu, deus único, afora de tu nenhum outro existe.
Tu criaste a Terra ao teu desejo,
Quando tu estavas só,
Com os homens, o gado, e todos os animais selvagens.
E tudo o que dá sobre a Terra – e anda sobre seus pés –
E tudo aquilo que está no espaço – e voa sobre suas asas.
E os países estrangeiros, a Síria, a Núbia e a terra do Egito.
Tu colocaste todo homem em seu lugar,
Proveste as suas necessidades,
Cada um com o seu alimento,
E é contada sua duração de vida.
As suas línguas são ricas de palavras,
E também seus caracteres e suas peles.
Tens diferenciado os povos estrangeiros
E feito um Nilo Duat (isto é, o mundo subterrâneo).
Leva-o aonde queres para dar vida às pessoas,
Assim como tu as criaste.
Tu, senhor de todas elas,
Que te cansas por elas,
O Aton do dia, grande em dignidade!
E todos os países estrangeiros e distantes,
Tu fazes que também eles vejam.
Puseste um Nilo no céu que desce para eles (isto é, a chuva)
E que faz ondas sobre os montes como um mar
E banha seus campos e suas regiões.
Quão perfeitos os teus conselhos todos,
Ó senhor da eternidade!
O Nilo do céu é teu (presente) para os estrangeiros
E para todos os animais do deserto que caminham sobre os pés;
Mas o Nilo verdadeiro vem de Duat para o Egito.
Os teus raios trazem a nutrição para todas as plantas;
Quando tu resplandeces, elas vivem e prosperam para ti.
Tu fazes as estações
Para que se desenvolva tudo o que tu crias:
O inverno para refrescá-las,
O ardor para que te degustem.
Tu fizeste o céu distante
Para brilhares nele
E para ver tudo, tu único,
Que resplandeces na forma de Aton vivo,
Nascido e luminoso, distante e também vizinho.
Tu apresentas milhões de formas de ti, tu único:
Cidades, povoados, campos, caminhos, rios.
Todo olho vê a ti diante de si
E tu és o Aton do dia sobre (a Terra).
Quando te afastas
E (dorme) todo olho do qual criaste a visão
Para não te ver sozinho
(e não se verá mais) o que tu criaste.
Tu estás (ainda) no meu coração,
Não há nenhum outro que te conheça,
Exceto o teu filho Nefer-Kheperu-RáUa-em-Rá.
Tu fazes com que ele seja instruído em teus ensinamentos e em teu valor.

A Terra está em tua mão
Como tu a tens criado.
Se tu resplandeces, eles vivem,
Se tu te pões no horizonte, eles morrem;
Tu és a própria duração da vida,
E se vive de ti.
Os olhos veem beleza, enquanto tu não te pões;
Deixa-se todo trabalho quando tu te pões à direita (isto é, no ocidente).
Quando tu resplandeces, dás vigor ao rei,
E agilidade para todos,
Desde quando fundaste a Terra.
Tu te levantas para o teu filho
Que saiu do teu corpo.
O rei do Vale e do Delta que vive de verdade,
 O Senhor dos Dois Países Nefer-Kheperu-Rá,
O filho de Rá que vive da verdade,
O Senhor das coroas, Akhenaton,
Sublime de duração de vida:
E da grande esposa real, a senhora dos Dois Países Nefer-Neferu-Aton Nefertite
Viva, sã, jovem para sempre na eternidade.

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