quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Fernão de Magalhães


Fernão de Magalhães nasceu em Sabrosa – Trás-os-Montes, Portugal, possivelmente no ano 1480. Pertencente à quarta ordem da nobreza portuguesa (Fidalgos da Cota de Armas), foi educado como pajem da rainha Leonor, esposa de dom João II, o Perfeito. 

Aos 25 anos de idade participou, como voluntário, da viagem às Índias Orientais com o primeiro vice-rei português do leste, quando foi ferido pela primeira vez no ano 1506, em Cannanore. Participou também de expedições a Queloa, Sumatra e Málaca. Novamente na Índia, foi ferido na batalha de Diu, em 1508, e em 1510 recebeu o título de capitão, em reconhecimento pelos serviços prestados. 
Ao voltar a Portugal, entre os anos 1513 e 1514, participou da guerra contra Azamor, durante a conquista de Marrocos, onde novamente foi ferido, dessa vez ficando aleijado. Acusado de negociar com os mouros, o que em Portugal significava alta traição, ficou mal visto pelo rei dom Manuel, sucessor de dom João II. Por causa disso, renunciou à sua nacionalidade e foi para a Espanha, onde ofereceu seus trabalhos ao rei Carlos V. 

Chegou a Sevilha em 1517, seguindo depois para Valladolid, à procura do rei. Com a ajuda de pessoas influentes na corte, como o português naturalizado espanhol, Diogo Barbosa, e o bispo de Burgos, poderoso ministro e inimigo de Colombo, conseguiu expor ao soberano seu projeto de viagem para Molucas, as ilhas das especiarias, nas Índias Orientais, pelo ocidente, confiante em descobrir um estreito na ponta meridional da América do Sul, que abria caminho para um oceano desconhecido visto pelo espanhol Vasco Nuñes Balboa em uma expedição ao ístmo do Panamá, em 1513. 

Para traçar o projeto da viagem, teve o apoio de Rui Faleiro, um astrônomo português exilado na Espanha. Para o financiamento da expedição, conseguiu o apoio de um rico proprietário de grande firma da Antuérpia, Cristóvão Haro, que odiava o rei de Portugal. 

No dia 22 de março de 1518, Magalhães e Faleiro assinaram um compromisso com o rei dom Carlos V de proclamarem espanholas as terras que encontrassem na viagem, recebendo do rei a seguinte declaração: 
“É nosso desejo e sinal de nossa benevolência que, em reconhecimento das fadigas dessa viagem, vos recompensamos permitindo-vos reservar 1/5 do ganho obtido, descontadas as despesas para a frota. Para que possais realizar vosso projeto, vos prometemos cinco naves: duas de cento e trinta toneladas cada uma, duas de noventa e uma de sessenta toneladas, com tripulação, provisões e armas para dois anos. Tereis duzentos e trinta e quatro homens, incluídos os capitães, contramestres e grumetes. 
Isto vos prometemos, e tendes nossa real palavra de que pretendemos proteger-vos, e assim assinaremos com vosso nome. 
Dado em Valladolid, 22 de março de 1518.”.

Durante a viagem, Fernão de Magalhães pretendia transpor o continente americano por uma passagem que seria localizada, descobrir ilhas, terras e especiarias, até chegar às Ilhas Molucas, situadas em arquipélago malaio. 

As cinco naves chamavam-se: “Trinidad”, nau-capitânia, comandada por Magalhães; a “Santo Antônio”, comandada pelo capitão Cartagena; a “Conceição”, comandada pelo capitão Quesada; “Vitória”, comandada pelos capitães Mendoza e Elcano, e “Santiago”, comandada pelo capitão Serrano. 

A tripulação era composta por 265 homens, tendo marinheiros de diversos países: 178 espanhóis, uns 40 portugueses, italianos, franceses, alemães, gregos, ingleses, negros e malaios – estes últimos eram intérpretes. O relato da viagem ficou a cargo de Antônio Pigafetta de Vicenza, um italiano que embarcou como voluntário. 

As provisões eram compostas de 21.383 libras de pão de farelo (1 libra=340 gramas), 570 libras de toucinho defumado, 480 libras de azeite, 1.700 libras de peixe fresco, 984 queijos, 200 barris de anchovas, 238 dúzias de peixe seco, 2 toneladas e meia de pólvora, além de lentilhas, ervilhas, farinha, mel, cebolas, figos secos, sal e dezenas de litros de bom vinho. 

No dia 20 de setembro de 1519 a armada partiu de Sanlúcar, porto Andaluz, no oceano Atlântico. Inicialmente faltou vento, e a armada seguiu lentamente. Rumando a sudoeste, chegou a Tenerife; em seguida alcançou o Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, no dia 29 de novembro daquele ano e chegou à baía do Rio de Janeiro em 13 de dezembro. Ali Magalhães desembarcou para buscar suprimentos e consertar danos de navios. Depois a armada partiu rumo ao oeste, em busca do seu sonho. 

No dia 10 de janeiro de 1520 penetrou no continente, na altura do Mar Doce de Solis. Pensando ter encontrado a passagem do oceano, reconheceu o equívoco e descobriu a desembocadura de um rio que batizou de rio da Prata. No dia 31 de março chegou ao golfo São Matias e explorou toda a enseada; resolveu invernar numa baía chamada São Julião, até a chegada da primavera, tempo que aproveitou para consertar navios. Nessa ocasião os capitães Cartagena, Quesada e Mendoza provocaram uma rebelião com a tripulação descontente, porém Magalhães contornou a situação, mandando matar os líderes da revolta. Fez contato com nativos da região e reparou que seus pés eram grandes, e resolveu chamá-los de “patagones” (pés grandes). A partir daí a região ficou conhecida como Patagônia. 

Em fins de maio a nave “Santiago” fez explorações ao sul, onde naufragou, porém seus tripulantes voltaram a pé, costeando o continente. Recomeçando a viagem no dia 24 de agosto, Magalhães parou novamente por dois meses, na altura do rio Santa Cruz, por causa de tempestades. 

No dia 21 de outubro, a viagem recomeçou com as 4 naus restantes. Logo descobriu um promontório que batizou de “Cabo das Onze Mil Virgens”, atrás do qual se abria uma profunda baía. Magalhães enviou dois barcos para explorá-la. Quando voltaram, os marinheiros disseram que havia uma passagem que não se estreitava, mas parecia dividir a terra em duas. 

Com uma passagem aterrorizante por causa de tempestades, além de ser flanqueada por rochas íngremes e altíssimos penhascos, os marinheiros se assustaram com o que viram: para o sul, no alto das escarpas, apareciam labaredas dançantes das fogueiras dos acampamentos indígenas, formando sombras espectrais. O timoneiro da nau “Santo Antônio”, apavorado com a visão, aprisionou seu capitão, assumiu o comando do navio e voltou à Espanha sem que Magalhães pudesse reagir. A região foi então batizada de “Terra do Fogo”. 

No dia 1º de novembro de 1520 começou a atravessar o estreito, que Magalhães batizou de “Todos os Santos”, em homenagem àquele dia, numa viagem que durou 27 dias. No dia 27 de novembro navegou sobre as águas do grande oceano, avistado antes por Vasco Nuñes Balboa, numa viagem que durou 90 dias, e Magalhães batizou-o de “Pacífico”, por causa de suas águas tranquilas. 

Em seguida partiu rumo nordeste, em busca da linha do Equador, quando as dificuldades começaram a aparecer: os suprimentos estavam na nau “Santo Antônio”, levado de volta à Espanha pelo timoneiro, a água estava no fim, obrigando a tripulação a comer ratos e mastigar couro para sobreviver; outros tiveram escorbuto. Somente no dia 6 de março de 1521 a armada encontrou algumas ilhas repletas de variedades de frutas e fontes de água fresca. Chegou à ilha que batizou de “Mariana” e no dia 16 de março alcançou as Filipinas, onde desembarcou.

Como o rei da ilha de Cebu (no centro das Filipinas) estava em guerra com o chefe da ilha vizinha, Mactán, Magalhães prometeu ajudá-lo, na esperança de conquistar depois a ilha. No dia 27 de abril desembarcou em Mactán com um grupo de marinheiros armados, mas foi atacado por mais de 1.000 indígenas, e acabou mortalmente ferido por uma flecha. Com a morte de Magalhães, Juan Sebastián Elcano assumiu o comando da expedição. Nesse tempo apenas 114 homens haviam sobrevivido à viagem. Como havia poucos marinheiros, Elcano seguiu viagem com apenas duas naus, deixando a nau “Conceição”.  

Os dois barcos vagaram de ilha em ilha até que chegaram às Ilhas Molucas, numa viagem de meia volta ao mundo. No dia 21 de dezembro de 1521 os barcos “Trinidad” e “Vitória” fizeram grande carregamento de especiarias, preparando-se para a viagem de retorno, dessa vez pela outra metade do mundo. 
Depois do início da viagem, abriu-se uma fenda na nau “Trinidad”, por onde começou a entrar água, obrigando a nau a retornar a Molucas. Ficou decidido que a nau “Vitória” seguiria viagem, comandada por Elcano, com o maior carregamento possível de especiarias. Cumprindo uma rota pelo oceano Índico, a nau “Vitória” dobrou o Cabo da Boa Esperança no dia 19 de maio de 1522, com pouco mais de 30 homens a bordo e uns 10 malaios. 

No dia 9 de junho, sem provisões e com fome, parte da tripulação desembarcou em Cabo Verde, onde foi aprisionada por estar em terras portuguesas. O resto da tripulação seguiu viagem. Somente no dia 7 de setembro de 1522 a nau “Vitória” aportou no porto de Sanlúcar, trazendo a bordo 10 homens, porém com carregamento de 300 quintais de especiarias, suficientes para cobrirem todas as despesas da viagem. 

Como resultado da viagem, chegou-se à conclusão que não seria proveitoso fazer tal viagem como rota comercial, porém se provou que era possível chegar-se às Índias pelo oeste. 

Em homenagem ao navegador Magalhães, foi dado o seu nome a um estreito (estreito de Magalhães), às duas nebulosas mais próximas da nossa galáxia (nuvem de Magalhães), a uma zona meridional do Chile (Território de Magalhães) e a um conjunto de ilhas da Micronésia (Arquipélago de Magalhães). 

Bibliografia: 
ENCICLOPÉDIA Semanal Ilustrada Conhecer. Vol. 2, fascículo 23, págs. 376 a 379. São Paulo, Abril Cultural, 1966. 
ENCICLOPÉDIA Brasileira Globo. 13ª ed. Vol. VII. Porto Alegre, Globo, 1974. 

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)
    

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