sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

"Que país é este?"



Desde janeiro descortina-se ao povo brasileiro uma realidade muito mais assustadora do nosso país, quando imagens de televisão chegam aos lares; imagens de gente morrendo em desmoronamentos de encostas, por morarem em locais de risco. Gente morando mal, em casebres, morros, sem esgotamento sanitário, sem água limpa, luz, e o lixo tomando conta das cidades brasileiras, todas, sem exceção. 

Por que as pessoas moram em locais de risco? Por que preferem locais de morro ou favela de cidades grandes do que um local confortável da cidade natal? É provável que as pessoas amontoem-se em locais insalubres de grandes cidades por causa de melhores ganhos financeiros. Pura ilusão! Porque, mesmo ganhando melhor, o fato de morarem mal pode acarretar gastos maiores com a saúde, pois locais insalubres mantêm focos de diversas doenças graves; além disso, há a questão da violência, pois em cidades grandes ela é muito mais presente, muito mais real.        

O que fazer? O correto seria a permanência das pessoas em sua cidade natal, porém, com a efetiva participação do governo municipal na busca de geração de emprego e renda para os munícipes, ruas estruturalmente dignas, moradias dignas e próprias, etc. Trocando em miúdos, para que as pessoas morem melhor em cidades grandes, é preciso que as que moram em cidades pequenas tenham condições de continuarem lá e vivendo também dignamente. E isso se inicia pela escolha de governantes conscientes de que o dinheiro público é para ser investido na melhoria de vida do povo. 

Quando ocorre alguma fatalidade em alguma região ou estado, ou município do país, procura-se logo a ajuda financeira do Governo Federal. Porém, por que os municípios e estados raramente têm dinheiro para acudir a população? Como é administrado o dinheiro público fora da esfera Federal? Por que em catástrofes se responsabiliza tanto a administração Federal? Por acaso a violência do Rio não passa primeiramente por falhas dos governos municipal e estadual? E não é só no Rio de Janeiro, pois a violência nas cidades brasileiras passa pela responsabilidade primeiramente dos governos municipais, depois dos estaduais e por fim sobre o governo Federal. As questões da Saúde, da Educação, da Infra-estrutura, etc., também são de responsabilidade municipal e estadual, pois o Governo Federal distribui verbas para que invistam nessas questões.                 

O programa do Governo Federal “Minha casa minha vida”, propalado a todos os cantos do país como um grande solucionador da carência habitacional deveria ser, não um milhão, dois, cinco milhões de casas populares, mas cem milhões de casas populares, com a participação financeira dos estados e municípios, pois do jeito que está, torna-se confortável para eles apenas administrarem um dinheiro que vem de Brasília. 

Municípios e estados devem ser chamados à responsabilidade fiscal, social e estrutural de seus domínios. Imagino que seja por aí o caminho de uma mudança real nas estruturas do nosso país, para amenizar a migração, principalmente de nordestinos, para as metrópoles, para diminuir a alta porcentagem que a oferta de trabalhadores exerce sobre a oferta de trabalho, para diminuir essa discrepância entre trabalho e salário e para que as estruturas necessárias para uma vida confortável apareçam de fato e de direito.        

(Texto e foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)

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