Marechal Manuel Deodoro da Fonseca nasceu no dia 5 de agosto de 1827, em Alagoas, (atual cidade de Marechal Deodoro), na então província de Alagoas. Era filho do tenente-coronel Manuel Mendes da Fonseca e dona Rosa Maria Mendes da Fonseca, sendo o terceiro dos dez filhos do casal, entre eles duas mulheres. Todos os oito filhos homens do casal seguiram carreira militar.
Ingressou no Exército em 1845, estudando na Escola Militar do Rio de Janeiro; passou depois para a Academia Militar, onde concluiu o curso em 1848, na Arma de Artilharia. Em seguida participou da luta contra a Revolução Praieira em Pernambuco (1848-49), no posto de tenente. Por causa de seu temperamento difícil sofreu cinco prisões disciplinares, entre os anos 1851 e 1853. Melhorou seu comportamento depois dos conselhos de sua mãe.
Casou-se no ano 1860. Em dezembro de 1864, já como capitão, participou da guerra contra dom Atanásio Cruz Aguirre, do Uruguai. Saindo-se vencedor, depôs Aguirre e colocou na presidência do Uruguai o gen. Flores. Depois da missão no Uruguai foi enviado para nova frente de batalha, na guerra contra o Paraguai, sob o comando do gen. Osório. Sem tempo para visitar a família, passou cinco anos nas frentes de batalha, onde perdeu três irmãos e foi ferido gravemente no ventre por uma bala, na batalha de Itororó.
Hospitalizado para curar o ferimento, voltou à batalha na Campanha da Cordilheira, sob o comando do Conde D’EU, sem ter-se curado do ferimento. Ao fim da guerra foi condecorado com todas as medalhas de Campanha e elogiado pelo Duque de Caxias. De volta para a família, no dia 14 de outubro de 1874 foi promovido a brigadeiro, tendo a primeira comissão no Rio Grande do Sul, como inspetor da Fronteira Quaraí-Santana.
Em 1883 e 1885 comandou as Armas da Província; em 1884 foi promovido a marechal-de-campo e ajudante-geral do Exército e vice-presidente da província do Rio Grande do Sul, tornando-se seu presidente no ano seguinte.
Nessa época envolveu-se com a Questão Militar, conflito surgido entre os oficiais do Exército e o governo Imperial, que proibiu militares de se manifestarem pela imprensa sobre qualquer assunto. Por ter-se colocado a favor dos seus colegas do Exército, foi demitido da presidência da província do Rio Grande do Sul e regressou ao Rio de Janeiro. Por sua atitude, ficou amado pelo Exército, tornando-se porta-voz de sua classe. Em maio de 1887 a Questão Militar foi resolvida, e os militares foram autorizados a se manifestarem através da Imprensa, excluindo-se questões referentes aos seus trabalhos.
Ainda apoiando a Monarquia, Deodoro ajudou a fundar o Clube Militar. Foi portador da mensagem à Princesa Isabel, regente Imperial, de que o Exército não participaria da caça aos escravos fugitivos, em solidariedade ao movimento abolicionista.
Em fins de 1888 foi transferido para o comando-de-armas em Mato Grosso. Insatisfeito, começou a simpatizar-se com o movimento republicano. A crise se agravou quando o Visconde de Ouro Preto, presidente do Gabinete de Ministros, nomeou o coronel Cunha Matos, subordinado seu, como presidente da província de Mato Grosso. Deodoro voltou então ao Rio de Janeiro.
No Rio, doente, recolheu-se à sua casa, mas os republicanos, liderados por Quintino Bocaiúva e pelo tenente-coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, traziam-lhe boatos contra o governo Imperial. Indignado com tais boatos, saiu do seu repouso e mesmo sem condições físicas, liderou um movimento armado para derrubar o gabinete do Visconde de Ouro Preto. Na madrugada do dia 15 de novembro de 1889, seguiu à frente de inúmeros batalhões para lutar contra o Império, que não reagiu.
Determinada a prisão do Visconde de Ouro Preto e de alguns auxiliares, Deodoro saiu em desfile pela cidade, acenando com seu quepe, ao som dos gritos dos republicanos, que diziam: “Viva a República!”. Com a República instalada, assumiu a chefia do Estado para garantir a ordem no país e, como chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, assinou vários despachos, dentre eles o banimento da Família Imperial.
Seu primeiro ano de governo transcorreu em paz, mas uma crise financeira assolou o país, conhecida pelo nome de Encilhamento. Em 15 de novembro de 1890 foi eleita uma Assembleia Constituinte para elaborar a Nova Constituição, quando ele começou a sofrer oposição do Congresso Nacional. Com a aprovação da primeira Constituição Republicana do Brasil em 24 de fevereiro de 1891, o país adotou a eleição indireta para presidente da República.
No dia 25 de fevereiro de 1891 a Assembleia elegeu o primeiro presidente. Deodoro, como candidato natural ao cargo, não teve boa votação, mas venceu a eleição. O seu candidato a vice-presidente foi derrotado pelo oposicionista Marechal Floriano Peixoto.
Insatisfeito com a oposição sofrida pelo Congresso, deu um golpe de Estado no dia 3 de novembro de 1891, quando dissolveu o Congresso. Dessa atitude surgiram várias revoltas populares, como no Rio Grande do Sul, com a primeira greve dos trabalhadores da estrada de ferro Central do Brasil, e rebelião em setores da Marinha, sob a liderança do almirante Custódio José de Melo, no dia 23 de novembro.
Sem reação, Deodoro renunciou ao cargo, passando-o ao vice-presidente Floriano Peixoto. Recolheu-se à sua casa e não mais participou de política. De saúde frágil, faleceu no dia 23 de agosto de 1892, em sua residência. Foi enterrado com trajes civis, como pedira.
Bibliografia:
ENCICLOPÉDIA de Educação Moral, Cívica e Política. Vol. IV, págs. 430 a 434. São Paulo, Michalany, 1971.
ENCICLOPÉDIA brasileira Globo. Vol. V. Porto Alegre, Globo, 1974.
CARVALHO, Geraldo Magela de. Atlas Ecos de Biografias, págs. 42 a 43. João Pessoa, Ecos, 1977.
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)
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