terça-feira, 12 de março de 2013

Miguel de Cervantes


Miguel de Cervantes Saavedra nasceu possivelmente em Alcalá de Henares, Castela, Espanha, porém sete cidades disputam seu berço. Sabe-se apenas que nasceu no ano 1547, mas há um registro do seu batismo no dia 9 de outubro do mesmo ano. Era filho de um cirurgião chamado Rodrigo e de dona Leonor de Cortinas. Tinha seis irmãos: Andrés, Andrea, Luiza, Rodrigo, Madalena e Juan. 

Iniciou seus estudos na terra natal, mas entre os anos 1563 e 1564 a família mudou-se para Sevilha, onde Cervantes estudou gramática e latim com padres jesuítas. Também teve aulas de humanidades com os professores Francisco Del Bayo e Juan Lopez de Hoyos. No ano 1569 viajou para Roma como pajem do monsenhor Julio Acquaviva, um enviado do Papa a Sevilha durante os funerais da rainha Isabel de Valois, esposa do rei Filipe II. Em seguida ingressou como soldado no Terço do mestre-de-campo Miguel de Moncada. 

Em 1570 Cervantes embarcou em Messina, na Esquadra da Liga, composta de 300 galeras e cerca de 30.000 soldados, para lutar na guerra dos aliados Espanha, Veneza e o Papa, contra os turcos. Chegou ao litoral do Golfo de Corinto ao lado de seu irmão Rodrigo, onde lutou bravamente nas águas do rio Lepanto, no dia 7 de outubro de 1571, numa das batalhas mais sangrentas da história. Ali foi ferido duas vezes por cargas de arcabus: um ferimento no peito e outro na mão esquerda, que o deixou maneta pelo resto de sua vida. Depois voltou para Messina, onde se curou dos ferimentos. 

A partir de março de 1572, sob o comando do capitão Manuel Ponce de Leon e depois, sob o comando de dom Lope de Figueroa, por três anos viajou por toda a Itália, onde conheceu e aprofundou seus talentos com as obras do Renascimento.

Em 1575, com seu irmão Rodrigo, solicitou licença para regressar à Espanha, quando recebeu de dom João da Áustria e do Duque do Sessa uma carta de recomendação ao rei Filipe II. Embarcou com Rodrigo na galera Sol, e, quando cruzavam o Mediterrâneo, foram aprisionados por corsários argelinos, sob o comando de Dali Mami, um albanês renegado. Por causa da carta de recomendação ao rei, o corsário viu em Cervantes um alto personagem, e por isso pediu alto resgate à sua família. Durante os 5 anos em que ficou preso, às vezes livre, mas dentro das muralhas da cidade, às vezes no calabouço, quando tentava fugir, aproveitou o tempo para escrever poemas religiosos, comédias e farsas: “A batalha naval”, “A grã-turquesa”, “O tratado de Argel” e “A grã-sultona”. 

Em 1580 voltou à Espanha depois do pagamento do resgate, feito por sua família com a ajuda de padres trinitários. Procurou então o reconhecimento financeiro por parte do rei Filipe II, ao relatar o período vivido em Argel. Pediu também ajuda para libertar 25 mil cativos que viviam em masmorras e a destruição do ninho dos piratas argelinos, mas foi em vão, pois o rei não lhe deu o apoio financeiro desejado. Viajou então a Portugal, onde participou, por 4 anos, como soldado, da campanha de Portugal e das ilhas Terceiras. 

Voltou à Madri em 1584 e se casou com Catarina palácios de Salazar, da família de Esquivias. Nesse tempo publicou a novela pastoril “La galatea”, quando recebeu por isso a quantia de 1.336 reais. Aproveitou para conhecer os literatos Luís de Gôngora e o jovem Lope de Vega. Escreveu ainda sonetos, poemas laudatários e peças teatrais. 

Foi nomeado pelo rei comissário de víveres, destinados às armadas e frotas da Índia, quando se mudou para Sevilha. Aceitou depois o emprego de cobrador de impostos, cargo que o obrigou a viajar por Andaluzia e La Mancha. Por causa do emprego foi preso em Sevilha, em Castro Del Rio e em Argamasilla Del Alba, durante os anos 1601 e 1603, por atraso nas prestações de contas. Aproveitou o confinamento para escrever a primeira parte de “Dom Quixote de La Mancha”, na cela da casa de Medrano. 

Publicou “Dom Quixote” no ano 1605, com sucesso em seis edições. Mudou-se para Valladolid, famoso, mas pobre, com sua esposa, uma filha bastarda, duas irmãs e uma sobrinha. Lá, foi acusado pela morte de Gaspar de Ezpeleta, encontrado morto na porta de sua casa. Embora inocentado pelo crime, ficou desgostoso, e logo se mudou para Madri, em 1606. Nesse tempo saía de Madri para viajar para Esquivias. 

Em 1613 publicou “Las novelas ejemplares” e no mesmo ano “El viaje del parnaso”. No ano seguinte apareceu uma falsa edição de “Dom Quixote”, assinada por Avellaneda, impressa na oficina de Filipe Robert, em Terragona. A resposta de Cervantes foi a edição autêntica, em 1615, da segunda parte de “Dom Quixote”. 

Por esse tempo sua saúde já o abalava, talvez por hidropisia, afecção cardíaca ou arteriosclerose, o que fez com que ele viajasse para Esquivias em busca de cura. Sem melhoras, ainda voltou a Madri para publicar sua última obra, “Persiles y Segismunda”. 

Miguel de Cervantes faleceu no dia 23 de abril de 1616, tendo ao seu lado sua esposa, sua filha Isabel e o padre dom Francisco Martinez Marcilla. Foi sepultado no convento dos trinitários, hoje Rua Lope de Vega.  

   Pensamentos de Cervantes: 

* São apenas desatinadas as vinganças por ciúmes.
* Um bom arrependimento é o melhor remédio para as enfermidades da alma. 
* O coração tem razões que a própria razão desconhece. 
* O provérbio é uma frase curta baseada numa longa experiência.
* As tristezas não foram feitas para os animais e sim para os homens; porém, se os homens as sentem em demasia, tornam-se animais. 
* Seja moderado o teu sono, porque, quem não madruga com o Sol, não aproveita o dia. 

Bibliografia: 
ENCICLOPÉDIA Semanal Ilustrada Conhecer. Vol. 5, fascículo 70, págs. 1172 a 1173. São Paulo, Abril, 1966. 
NOVO Tesouro da Juventude. Vol. XI, págs. 111 a 120. São Paulo, Opus, 1980. 
ENCICLOPÉDIA Delta Larousse. Vol. VII, págs. 3522 a 3523. Rio de Janeiro, Delta S.A., 1967.

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

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