terça-feira, 12 de março de 2013

Oswaldo Cruz


Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu no dia 5 de agosto de 1872, em São Luís do Paraitinga, São Paulo. Era filho do médico Bento Gonçalves Cruz e de Amália Taborda Bulhões Cruz. Primogênito do casal Cruz, tinha cinco irmãs: Eugênia, Amália, Alice, Noemi e Hortência. Foi batizado no dia 5 de fevereiro de 1873. 

Teve suas primeiras instruções com sua mãe e com cinco anos de idade já sabia ler. Por esse tempo mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde estudou nos colégios Laure e São Pedro de Alcântara. Depois de prestar exames preparatórios no Colégio Pedro II, em 1887 ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.  Logo cedo se interessou pela microbiologia, um novo ramo da medicina que surgia na época, através das descobertas dos pesquisadores Louis Pasteur e Robert Kock. Seu encontro com a microbiologia aconteceu no seu segundo ano do curso de medicina, quando o professor Benjamim Antônio da Rocha Faria, titular da cadeira de higiene, convidou-o para trabalhar como ajudante de preparador em seu laboratório. Dois anos depois se tornou assistente do professor, pois o laboratório se transformou no “Instituto Nacional de Higiene”. 

Em 8 de novembro de 1892 apresentou a sua tese de doutoramento “A veiculação microbiana pelas águas”, no mesmo dia da morte do seu pai, vitimado por uma nefrite, doença renal que Oswaldo também sofreria. Em dezembro do mesmo ano formou-se em medicina. Recém-formado, Oswaldo assumiu a clínica médica deixada pelo pai e o emprego no ambulatório da Fábrica de Tecidos Corcovado. A partir daí assumiu a assinatura do pai, Gonçalves Cruz, e a responsabilidade do sustento da mãe e das irmãs. 

No dia 5 de janeiro de 1893 casou-se com Emília da Fonseca, a Miloca, filha do rico comerciante português, o comendador Manuel José da Fonseca, conhecido como Fonsecote, que o presenteou com um moderno laboratório de análises e pesquisas. O casal teve seis filhos: Elisa, Bento, Hercília, Oswaldo, Zahra (falecida com apenas 1 ano de idade) e Walter. 

Em 1894 foi convidado pelo médico Egydio Salles Guerra, seu futuro biógrafo, para ingressar na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, onde montou e chefiou um laboratório de análises clínicas. No mesmo ano ajudou o Instituto Sanitário Federal e diagnosticou uma epidemia de cólera no Vale do Paraíba. Em 1897 foi presenteado pelo sogro com uma viagem a Paris, com a família, para se especializar em microbiologia e soroterapia. Em Paris, como bolsista, estudou microbiologia, soroterapia, urologia e medicina legal; aprendeu a confeccionar utensílios de vidro para laboratório e fotografia.  

Voltou ao Rio de Janeiro em agosto de 1899, onde residiu com o sogro, no bairro do Vidigal; depois se mudou para Botafogo e em seguida para a Rua Voluntários da Pátria, nº 128. Retomou seu trabalho na Policlínica Geral do Rio de Janeiro e no ambulatório da Fábrica de Tecidos Corcovado, e abriu um consultório de urologia e um laboratório de pesquisas e análises clínicas. 

Naquele mesmo ano foi chamado para combater a peste bubônica em Santos, São Paulo. Depois de controlado o surto, foram criados dois institutos soroterápicos para a fabricação do soro antipestoso: um em São Paulo, chamado Instituto Soroterápico do Estado de São Paulo, mais tarde chamado Instituto Butantan, dirigido por Vital Brazil, e o outro no Rio de Janeiro, chamado Instituto Soroterápico Federal, mais conhecido por “Manguinhos”, inaugurado no dia 25 de maio de 1900, sob a direção do Barão Pedro Affonso, criador e proprietário do Instituto Vacínico Municipal, surgido em 1894 com o objetivo de desenvolver serviços de vacinação contra a varíola. Oswaldo Cruz foi convidado pelo Barão Pedro Affonso para a direção técnica do Instituto, que no mesmo ano de 1900 começou a produzir vacina e soro contra a peste bubônica. 

A partir de dezembro de 1902, Oswaldo Cruz assumiu a direção do Instituto por conta do pedido de demissão feito pelo Barão Pedro Affonso. Ainda na direção do Instituto, em 23 de março de 1903 foi nomeado diretor-geral da Saúde Pública, sob a missão de combater a peste bubônica, a febre amarela e a varíola que assolavam o Rio de Janeiro. 

Num trabalho incansável, criou um serviço de profilaxia específica da febre amarela, onde colocou nas ruas brigadas de mata-mosquitos, agentes sanitários munidos de larvicidas e instrumentos apropriados para a eliminação dos focos transmissores da febre amarela e a notificação obrigatória dos casos da doença, o que ajudou a diminuir a epidemia no então Distrito Federal. 

Para combater a peste bubônica, lançou campanha de caça aos ratos, hospedeiros da pulga transmissora da doença, numa luta difícil, mas que deu resultados. A campanha mais árdua que ele travou foi contra a varíola, que consistia na vacinação obrigatória da população, o que causou uma grande revolta no Rio de Janeiro, no dia 10 de novembro de 1904, que ficou conhecida como a “Revolta da vacina”. 

Passada a fase difícil das epidemias, o Instituto Manguinhos fez expedições pelo país, com o objetivo de identificar e solucionar os problemas sanitários das regiões visitadas. Como diretor do Instituto, Oswaldo participou de duas delas entre os anos 1905 e 1906, quando inspecionou 30 portos em 111 dias de viagens. 

Em 1907 liderou expedições à Belém e à região da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, onde se dedicou ao combate à malária que afetava a maioria dos trabalhadores da ferrovia. Trabalhando com o colega Belisário Pena, obrigou que todos os operários tomassem quinino e se recolhessem a galpões telados, desde o final da tarde até ao amanhecer. 

Em 1912 recebeu convite para disputar a cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras, desocupada com a morte do poeta Raimundo Correia, quando derrotou o seu opositor, o poeta Emílio de Menezes. Tomou posse na Academia no dia 26 de junho de 1913. Nos últimos anos na direção de Manguinhos participou de conferências sanitárias em Roma, Nova York, Cidade do México e Montevidéu. Em 1914 embarcou com a família para a Europa, para aperfeiçoamento, mas o início da Primeira Guerra Mundial atrapalhou seus planos de visitar a Alemanha. Regressou ao Brasil no início de 1915. 

Ao reassumir suas atividades de Manguinhos, teve sintomas da nefrite, doença renal herdada do pai; por causa disso, seus cabelos ficaram brancos, ao completar 40 anos de idade.  Em 1916 afastou-se do Instituto Manguinhos e foi viver em Petrópolis, quando foi nomeado prefeito daquela cidade, mas pediu licença do cargo poucos meses depois. Com o agravamento da doença, Oswaldo Cruz faleceu às 21h10 do dia 11 de fevereiro de 1917, cercado por seus familiares e alguns amigos, tendo em seu atestado de óbito como causa mortis insuficiência renal. Foi enterrado no dia seguinte no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, com cobertura da imprensa e honras de herói. 

Bibliografia: 
OSWALDO CRUZ: o médico do Brasil. São Paulo, Fundação Odebrecht. Brasília, Fundação Banco do Brasil, 2003. 
CARVALHO, Geraldo Magela de. Atlas Ecos de Biografias. João Pessoa, Ecos, 1977.
   
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - foto: internet)

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