O padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa no dia 6 de fevereiro de 1608, de família humilde. Seu pai chamava-se Cristóvão Vieira Ravasco, e sua mãe chamava-se Maria Azedo. Veio para o Brasil, desembarcando na Bahia, quando tinha seis anos de idade, acompanhando seu pai, que foi nomeado escrivão dos Agravos e Apelações da Relação da Bahia. Fez seus primeiros estudos com sua mãe, e depois ingressou no Colégio dos Jesuítas, onde estudou artes e humanidades. Aos quinze anos de idade fugiu de casa para ingressar no noviciado da Companhia de Jesus, no dia 5 de maio de 1623, também na Bahia. Preparando-se para ser jesuíta, suspendeu seus estudos literários por dois anos, quando, em 5 de maio de 1625, fez seus votos de pobreza, castidade e obediência. Aos vinte anos de idade já dominava o latim, a filosofia e a teologia. Depois se mudou para o colégio de Olinda, Pernambuco, onde ensinou gramática e humanidades.
Ao tornar-se padre jesuíta, novamente na Bahia, depois de celebrar sua primeira missa, viajou pelo interior da Bahia por cinco anos, onde fazia pregações, despertando seu talento para a oratória. No ano 1641 viajou a Lisboa acompanhando dom Fernando de Mascarenhas, filho do governador-geral do Brasil, o Marquês de Montalvão, para saudar, em nome do Brasil, o novo rei de Portugal, dom João IV. Ganhando a confiança do rei, Vieira fez seu primeiro sermão em Portugal no dia 1º de janeiro de 1642, em apoio à monarquia portuguesa. Por causa disso, foi convidado para pregar na Capela Real, onde foi nomeado pregador régio por dom João IV no ano 1644.
O rei também aproveitou o talento de Vieira para a diplomacia, quando o jesuíta foi encarregado de missões de diplomacia na Holanda, França e Inglaterra, na tentativa de negociar a paz entre os inimigos lusitanos, já que naquele tempo Portugal estava em guerra com a Espanha e a Holanda, que ocupavam territórios portugueses na América e na África. Por quase dez anos Vieira foi emissário do Reino, tendo entrada franca no Paço Real, participava de reuniões com o rei e seus ministros, encontrava-se com a rainha e os infantes e tinha livre acesso às secretarias de estado. Exerceu ainda a função de mestre do príncipe-herdeiro, dom Teodósio.
Foi nomeado bispo para fazer uma viagem à Europa. Ao voltar para Lisboa, afastou-se da corte e pediu aos seus superiores jesuítas para voltar ao Brasil. Só conseguiu ser atendido um ano depois, através de dom Teodósio, e embarcou para o Brasil no dia 22 de novembro de 1652. Durante a viagem, resolveu ficar um tempo em Cabo Verde, onde seus sermões causaram admiração no povo. Foi convidado a ficar, porém seguiu viagem, quando chegou ao norte brasileiro no ano 1653 e viajou pela Amazônia, onde visitou desde a Serra do Ibiapaba até o rio Tapajós, numa viagem de mais de mil e quatrocentas léguas. Chegou depois ao Maranhão, encontrando o estado independente do Brasil, mas submisso a Portugal. Lá, não foi bem recebido nem pelo governador nem pelo povo, pois os jesuítas defendiam a liberdade dos índios escravizados. Nesse tempo perdeu seu amigo dom Teodósio, que faleceu em Portugal.
No ano seguinte, em 1654, retornou à Portugal para expor ao rei dom João IV a grave situação dos índios maranhenses, que eram escravizados, torturados e assassinados. Durante a viagem, o navio foi interceptado por corsários holandeses, que saquearam o barco e obrigaram os tripulantes e passageiros a desembarcarem numa ilha dos Açores. Vieira passou algum tempo lá, pregando na Ilha de São Miguel, onde fez sermão de Santa Teresa. Chegando a Portugal, encontrou o rei dom João IV enfermo, mas logo recuperou a saúde e ouviu do padre Vieira a situação dos índios. O rei então organizou uma junta especial de missões com poderes para lutarem em favor dos índios. Com a autorização Real, Vieira regressou ao Brasil, encontrando o Maranhão com um novo governador, André Vidal de Negreiros, que apoiou os jesuítas em questões indígenas. Porém, a violência contra os índios logo foi restabelecida, porque o rei dom João IV faleceu em Portugal, no ano 1656, e em 1657 André Vidal de Negreiros foi transferido do Maranhão, o que motivou Vieira a viajar novamente para Lisboa, no ano 1662.
Em Portugal, não conseguiu o apoio do novo rei, dom Afonso. Procurou então apoio do partido de dom Pedro, irmão de dom Afonso, que pretendia a regência do reino. Por causa dessa atitude, Vieira foi desterrado para o Porto e preso, ficando encarcerado por três anos, mas foi libertado por dom Pedro, depois da deportação de dom Afonso.
Livre, mas desiludido, viajou para Roma, quando foi recebido pelo Papa, sagrando-se como grande orador. Recebeu e aceitou o convite para ser o confessor da ex-rainha da Suécia, recém-convertida ao catolicismo, mas não se desligou dos assuntos portugueses, correspondendo-se com importantes personalidades do reino. Recebeu então convite do regente dom Pedro para voltar a Portugal, aonde chegou em 1675, ficando lá por seis anos. Em seguida retornou ao Brasil, no ano 1681, cansado e doente. Retomou sua luta em favor dos indígenas, através dos seus sermões, até seu falecimento, ocorrido no dia 17 de junho de 1697, na Bahia.
Obras: Padre Antônio Vieira deixou cerca de 200 sermões, 500 cartas e variados estudos literários, históricos e políticos.
Pensamentos de Padre Antônio Vieira:
* “A aurora é o riso do céu, a alegria dos campos, a respiração das flores, a harmonia das aves, a vida e alento do mundo”.
* “Porque nesta vida só a graça de Deus é verdade e tudo que não é graça de Deus, é vaidade e mentira”.
* “A verdade é filha legítima da justiça, porque a justiça dá a cada um o que é seu”.
* “O amor que não é de todo o tempo e de todos os tempos, não é amor nem foi amor, porque se chegou ao fim nunca teve princípio”.
* “Não é miserável a república onde há delitos, senão onde falta o castigo deles, que os reinos e os impérios não os arruínam os pecados por cometidos, senão por dissimulados”.
* “Da ociosidade nasce a imaginação, da imaginação a suspeita, da suspeita a mentira”.
* “O tempo tira ao amor a novidade, a ausência tira-lhe a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo”.
* “Os homens são como os olhos: vendo tudo não se veem a si próprios”.
* “Tudo vence um coração que não se deixa vencer”.
* “Os homens de “havemos de fazer” nunca farão nada”.
* “A esperança é o último remédio que a natureza deixou a todos os males”.
* “A esperança é um afeto que, suspirando sempre por ver, vive de não ver e morre com a vista”.
Bibliografia:
ENCICLOPÉDIA de Educação Moral, Cívica e Política. Vol. IV, págs. 378 a 381. São Paulo, Michalany, 1971.
LIVRO Língua Portuguesa. Vol. II, pág. 112. São Paulo, Editora do Brasil S.A., 1969.
REVISTA Notícias – Jesuítas do Brasil –, n.º 214. Sociedade Cult. e Benef. Pe. Reus, Porto Alegre, (RS), julho de 1997.
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - foto: internet)
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