Maria Quitéria de Jesus Medeiros nasceu em São José de Itapororoca, província da Bahia, possivelmente no ano 1792. Era filha de Gonçalo Alves de Almeida e de dona Quitéria Maria de Jesus, sendo abastados lavradores. Perdeu a mãe aos dez anos de idade e foi criada pelo seu pai, que não tinha filhos homens. Maria Quitéria, então, ajudava o pai na lavoura e aprendeu a manejar armas de fogo. Era destemida, simpática e bonita.
Quando dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil, surgiram pelo país vários focos de resistência, principalmente na Bahia, foco esse sob o comando do brigadeiro Luís Inácio Madeira de Melo. O Imperador foi então obrigado a requisitar voluntários pelas fazendas e localidades baianas para a resistência, porque o país ainda não possuía exército formado. Maria Quitéria se interessou pela ideia de lutar pela Pátria, e quando os emissários do Imperador visitaram a fazenda do seu pai, ela se prontificou, mas o seu pai não consentiu. Mesmo assim ela fugiu de casa, vestida de homem, com a ajuda da irmã, que lhe deu umas roupas do marido, e se alistou em Cachoeira, onde havia um Conselho Interior da Província.
Ela foi enviada ao Batalhão de Artilharia, mas o pai logo a descobriu. O comandante das tropas recusou-se a dispensá-la, mas transferiu-a para a Infantaria, no Batalhão 3, chamado “Voluntários do Príncipe”, também chamado de “Os Periquitos”, por causa da cor verde da gola e dos punhos de suas túnicas. Para se distinguir dos soldados ela acrescentou à sua farda um saiote com o mesmo pano das túnicas, e uma espada. Participando da Brigada Falcão de Lacerda, Maria Quitéria lutou bravamente em Pirajá, Conceição, Pituba, Foz do Paraguaçu e Itapoã contra as tropas de Madeira de Melo, que foram vencidas em 1º de julho de 1823 e no dia seguinte começaram a deixar o Brasil.
No mesmo dia 2 de julho de 1823 Maria Quitéria participou do desfile das tropas do cel. Joaquim de Lima e Silva em Salvador, onde recebeu muitas homenagens pelo seu heroísmo. Com o mesmo uniforme usado nas batalhas, viajou para o Rio de Janeiro para anunciar pessoalmente ao Imperador a derrota dos portugueses na Bahia. Chegou ao Rio de Janeiro em agosto do mesmo ano, quando recebeu de dom Pedro I a “Imperial Ordem do Cruzeiro” e promovida ao posto de alferes com o “soldo de alferes de linha a ser pago na respectiva província”.
Quando voltou à Bahia, recebeu o perdão do seu pai e voltou a trabalhar na lavoura. Casou-se com seu antigo noivo, Gabriel Pereira Brito, com quem teve uma filha, Maria da Conceição. Dez anos depois do casamento, perdeu o pai e logo depois o marido, ficando sozinha para cuidar da filha e sem amparo financeiro. Cada dia mais pobre, cega e doente, Maria Quitéria faleceu numa casa de taipas, em Salvador, assistida por sua filha e uma escrava, no dia 21 de agosto de 1853.
Bibliografia:
CARVALHO, Geraldo Magela de. Atlas Ecos de biografias. João pessoa, Ecos, 1977.
ENCICLOPÉDIA de Educação Moral, Cívica e política. Vol. IV, págs. 404 a 406. São Paulo, Michalany, 1971.
ENCICLOPÉDIA Brasileira Globo. 13ª ed. Vol. IX. Porto Alegre, Globo, 1974.
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)
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