sábado, 23 de março de 2013

Padre Feijó


Padre Diogo Antônio Feijó nasceu em São Paulo, na capitania do mesmo nome, no ano 1784, ignorando-se o dia e o mês, porém se sabe que foi batizado no dia 17 de agosto do mesmo ano. Era filho de Félix Antônio e de Maria Gertrudes de Camargo, mas foi criado pelos tios, os padres Fernando Lopes Camargo e João Gonçalves de Lima, sendo sua origem mantida em segredo. 

Diogo Feijó foi influenciado pelos padres a seguir o sacerdócio, pois São Paulo, naqueles fins do século XVIII, não oferecia estudos avançados para os jovens, sendo a Bahia e o Rio de Janeiro mais desenvolvidos em termos de educação, e os padres não tinham condições financeiras de enviá-lo para aqueles lugares. Seguindo a orientação dos tios, Diogo Feijó ordenou-se padre no dia 25 de fevereiro de 1809. Mudou-se então para São Carlos, onde lecionou retórica e latim, e obteve sua independência financeira. 

Irrepreensível, exercia dignamente seu sacerdócio, celebrando missas, fazendo pregações e confissões, além de se dedicar ao trabalho no campo. Interessou-se depois pela filosofia e pela política, que o ajudaram a ter uma formação liberal. 

Em 1818 mudou-se para Itu, onde suas ideias progressistas fizeram-no líder local. Em 1820 foi eleito deputado pela província de São Paulo. No ano seguinte viajou para Lisboa, com outros brasileiros, como deputado às Cortes Constituintes, visto que o Brasil, como membro do Reino Unido, tinha o direito de enviar representantes às cortes, para a aprovação de uma Assembleia Constituinte. 

Os delegados constituintes lusitanos exigiam a volta do Brasil à condição de colônia; por causa disso, perseguiam os brasileiros, impedindo-os de falar na Assembleia. Numa sessão realizada no dia 25 de abril de 1822, Feijó pronunciou um discurso pedindo que as cortes de Lisboa reconhecessem provisoriamente a independência do Brasil, até que a Constituição fosse promulgada. Ameaçados, os brasileiros tiveram que fugir para a Inglaterra, em outubro de 1822, sem saber que o Brasil já se tornara independente. Dois meses depois eles chegaram ao Rio de Janeiro, já com a nova condição do Brasil.   

De volta a Itu, Feijó retornou às suas atividades no magistério e no sacerdócio, porém continuou exercendo a política, quando criticou José Bonifácio pelo seu autoritarismo e a constituição de 1824, outorgada por dom Pedro I. Em 1826, foi eleito deputado-geral pela província de São Paulo. Em 1827 propôs a abolição do celibato clerical, mas retratou-se no ano seguinte. Durante o seu mandato de deputado (1826 a 1833), criticou o Imperador pelas suas frequentes atitudes arbitrárias. Quando o Imperador abdicou, em 1831, Feijó estava em São Paulo, por problemas de saúde. Em sua volta ao Rio de Janeiro, encontrou a cidade em turbulência, provocada pelos partidos exaltados, que lutavam contra a Trina Permanente e a favor da República. Vendo a cidade tomada pela anarquia, Feijó fez enérgicos discursos na Câmara em favor do governo, o que chamou a atenção da Regência, que o convidou para assumir a pasta do Ministério da Justiça.  

No Ministério, logo restabeleceu a ordem pública, quando combateu a indisciplina em diversos corpos militares, criando a Guarda Nacional, que ajudou no restabelecimento da ordem no país, no mesmo tempo que combatia, com a ajuda de tropas regulares leais à Regência, uma revolta militar nas Fortalezas de Santa Cruz e Villegaignon. Por causa de desentendimentos, pediu demissão do Ministério.

No dia 1º de julho de 1833 foi nomeado senador. No dia 12 de agosto de 1834, o parlamento aprovou o 
Ato Adicional, e a Regência Trina passou a ser comandada por um só regente, eleito pelo voto censitário, e as províncias passaram a ter assembleias legislativas. O padre Feijó concorreu às eleições e foi eleito Regente do Império, cargo que ocupou a partir do dia 12 de outubro de 1835. Nesse tempo, enfrentou violentas oposições e as revoltas Farroupilha, no Rio Grande do Sul, e Cabanagem, no Grão-Pará. Cansado das lutas que travava contra os inimigos e uma paralisia que começava a enfraquecer sua saúde, renunciou ao cargo no dia 19 de setembro de 1837, passando o poder ao Dr. Araújo Lima. 

Voltando para São Paulo, liderou a Revolução Liberal de Sorocaba, com o brigadeiro Rafael Tobias Aguiar, contra o Partido Conservador, que estava no poder. Já em cadeira de rodas, foi vencido pelas tropas do governo, e preso pelo Barão de Caxias. Levado para o Rio de Janeiro, chegou à Baía da Guanabara no dia 23 de julho de 1842, em companhia do senador Nicolau Vergueiro. Da Baía da Guanabara foi levado para o Espírito Santo, onde permaneceu em Vitória por cinco meses. 

De volta a São Paulo, reassumiu sua cadeira no senado, onde fez um inflamado discurso contra o Ministério no dia 12 de janeiro de 1843. Esperando o resultado da sua sentença, condenatória ou não, e já debilitado pela doença, o padre Feijó faleceu, no dia 10 de novembro de 1843. 

Pensamento do padre Antônio Feijó:
* O coração nunca envelhece. Basta um sorriso, um nada, um alvoroço, e tudo nele se ilumina e aquece.  

Bibliografia: 
ENCICLOPÉDIA de Educação Moral, Cívica e Política. Vol. IV, págs. 406 a 410. São Paulo, Michalany, 1971. 
ROSA, Prof. Ubiratan. Moderna Enciclopédia Brasileira. Vol. II, pág. 290. São Paulo, G. Lopes Ltda., 1979. 
ENCICLOPÉDIA brasileira Globo. 13ª ed. Vol. V. Porto Alegre, Globo, 1974. 

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - foto: internet)

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