quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Pescaria no rio Taperoá (PB)


Um dia o rio Taperoá madrugou com uma enchente bem-vinda, e logo a notícia se espalhou em Taperoá: “O rio encheu! Enchente no rio!” E lá foi o povo para a ponte velha, admirar aquelas águas revoltas descendo para o distante mar, em João Pessoa.

Fernando, exímio pescador, convidou seu amigo João para uma pescaria, porque foi espalhado também que foram vistos cardumes e mais cardumes de traíras descendo o rio. Aceito o convite, preparados os anzóis e iscas, lá foram Fernando e João para a beira do rio, num lugar vazio, de pouca gente.

Já à beira do rio, os amigos lançaram os anzóis com suas iscas, a saber, miolos de pão, pois não tinham dinheiro suficiente para comprar iscas melhores. Algum tempo se passou quando o anzol de Fernando balançou de um lado para outro, pesado. Fernando começou a puxá-lo, feliz, pois tinha certeza de ter pescado um “peixão”. O anzol, porém, voltou à superfície vazio, e os amigos viram, atônitos, uma enorme traíra dar um pulo fora d’água, qual golfinho, e nadar em círculos. Fernando disse:
– João, você viu o que eu vi? Uma traíra enorme! Jamais vi coisa igual!
João:
– Vi! Acho que essa tem uns dez quilos e uns dois metros de comprimento! Hoje tem janta boa em casa, não é, Fernando?
Fernando:
– Essa deve ser do tempo antigo, pois não existe traíra desse tamanho! Mas a gente vai pescá-la fácil, fácil! 

E assim sucedeu: os amigos colocaram iscas grandes, enormes, de miolo de pão, jogaram os anzóis ao rio e esperaram... Dessa vez o anzol escolhido pela esperta traíra foi o de João, que balançou, ficou pesado, balançou novamente de um lado para outro e... Voltou à superfície vazio! Também assim sucedeu com o anzol de Fernando, que foi puxado à superfície vazio. Surpresa maior foi quando eles viram a enorme traíra dar um pulo fora d’água e engolir uma garça que tentava também pescá-la. João disse:

– Fernando, você viu o que eu vi? Ao invés da garça engolir a traíra, foi a traíra que engoliu a garça! Isso é coisa de outro mundo!
Fernando:
– É nada, João! Essa traíra deve ser do tempo dos dinossauros, só isso! E se a gente pegá-la, a gente vai ficar rico e famoso! Vamos jogar os anzóis de novo, tenho certeza que dessa vez ela cai, porque ela está nadando em círculos, perto da gente!

Os amigos preparavam os anzóis quando tiveram outro grande susto: a enorme traíra deu um pulo fora d’água, abriu a boca num lindo sorriso, zombando deles, e eles juram que a escutaram dizer: “Hei, obrigada, vocês me deram a isca que eu mais gosto! Miolo de pão! Adeus!” Atônitos, eles ainda viram que a traíra voltou para debaixo d’água e sumiu na correnteza, quem sabe para o mar de João Pessoa ou para algum rio encantado da Paraíba!

(Texto e foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)

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