Ernesto Geisel nasceu em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, no dia 3 de agosto de 1907. Era filho do imigrante alemão Wilhelm August Geisel, que mudou o nome para Augusto Guilherme Geisel, e de dona Lídia Bechman. Tinha quatro irmãos: Amália, Bernardo, Orlando e Henrique.
Iniciou sua carreira militar em 1921, quando ingressou na Escola Militar de Porto Alegre. Em 1925 foi para a Escola Militar de Realengo, no Rio de Janeiro. Estudou ainda na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Armada e na Escola do Estado-Maior. Apoiou a Revolução de 1930; em 1931 participou, com sua tropa, do combate a um levante em Recife e lutou contra a Revolução Constitucionalista de 1932.
Em 1937 perdeu sua mãe, dona Lídia, e em 1940 casou-se com sua prima Lucy, de 23 anos de idade, indo morar numa pensão no bairro da Tijuca. No mesmo ano nasceu seu primeiro filho, Orlando Geisel Sobrinho. Em 1943 foi promovido a major e em 1945 nasceu sua filha, Amália Lucy Geisel. Naquele ano comandou os blindados que depuseram o presidente Getúlio Vargas. Depois foi trabalhar no Gabinete Militar.
Em 1946 foi secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional, cargo que exerceu até o ano seguinte, quando foi ser adido militar na embaixada do Brasil no Uruguai, onde trabalhou até 1950. Em seguida foi adjunto do Estado-Maior das Forças Armadas até 1952. Assumiu depois a subchefia do Gabinete Militar no governo Café Filho, em 1955; tornou-se naquele mesmo ano superintendente da refinaria de Cubatão.
Em 1956 deixou a refinaria de Cubatão para comandar o 2º Grupo de Canhões de Quitaúna. No dia 28 de março de 1957 perdeu seu filho Orlando, atropelado por um trem, naquela cidade, fato que o marcaria por toda a vida. Foi chefe da Seção de Informações do Estado-Maior do Exército entre os anos 1957 e 1961, acumulando ainda o cargo de representante do Ministério da Guerra no Conselho Nacional do Petróleo, e chefe do Gabinete Militar do presidente Raniere Mazzilli.
Em 15 de abril de 1964 foi nomeado chefe do Gabinete Militar, encarregando-se de investigar várias denúncias de tortura. Ficou no cargo até 1967; antes, em 1966, foi promovido a general-de-exército. No ano seguinte foi ministro do Supremo Tribunal Militar, ocupando o cargo até 1969. Naquele ano, em maio, foi operado de uma pancreatite e depois contraiu uma hepatite, ficando de repouso até novembro, quando assumiu a presidência da Petrobrás, cargo que ocupou até 1973. Naquele período a Petrobrás passou a obter lucros.
Em junho de 1973 perdeu seu irmão Orlando, vítima de derrame cerebral, e em 18 de julho do mesmo ano foi lançada sua candidatura oficial à presidência da República, sendo eleito no dia 15 de janeiro de 1974, através de eleição indireta.
Geisel assumiu a presidência da República no dia 15 de março do mesmo ano, iniciando um governo de “distensão lenta, gradual e segura”, com o intuito de redemocratizar o país. Manteve o tema “desenvolvimento e segurança”, formulado pela ESG (Escola Superior de Guerra).
No mesmo ano permitiu a propaganda eleitoral, o que permitiu à oposição expressivas vitórias por todo o país para a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Manteve a repressão às organizações clandestinas e ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em 1975 enfrentou o episódio do jornalista Vladimir Herzog, nas dependências do DOI-CODI de São Paulo, e no ano seguinte a morte do operário Manuel Fiel Filho, no mesmo local e nas mesmas circunstâncias, o que ocasionou a exoneração do comandante do II Exército, o gen. Eduardo D’Ávila Melo.
Teve problemas também com a igreja católica, com o sequestro do bispo de Nova Iguaçu (RJ), em 1976, Dom Adriano Hipólito, e o assassinato do padre João Bosco Burnier, em Mato Grosso, ambos ligados à formação de comunidades eclesiais de base.
Em 1976 elaborou a Lei Falcão, que alterou a propaganda eleitoral, impedindo o aparecimento de candidatos ao vivo no rádio e na tevê. No ano seguinte fechou o Congresso Nacional por 14 dias, em represália à não aprovação da reforma do Poder Judiciário encaminhada pelo governo.
Lançou o chamado “pacote de abril”, que mantinha as eleições indiretas para governadores e criou a eleição indireta de um terço dos senadores, ou “senadores biônicos”. Ampliou as restrições da Lei Falcão e a extensão do mandato do seu sucessor para seis anos.
Em 1978 enfrentou a primeira greve dos operários dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, comandada por Luiz Inácio da Silva, o Lula, presidente do sindicato da categoria.
Na política exterior, Ernesto Geisel reatou relações com a República Popular da China e estabeleceu embaixadas em Angola, Moçambique e Guiné Equatorial.
Na política econômica, lançou o II Plano Nacional de Desenvolvimento, priorizando investimentos no setor energético e indústrias de base. Em 1975 lançou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) e assinou o acordo nuclear Brasil-Alemanha. Enfrentou a crise do petróleo, o que ocasionou aumento da dívida externa e desequilíbrio na balança de pagamentos.
Em 31 de dezembro de 1978 revogou o AI-5, um avanço para a redemocratização do país. Deixou a presidência da República em 15 de março de 1979. Em junho de 1980 tornou-se presidente da Norquisa-Nordeste e do Conselho de Administração da Companhia Petroquímica do Nordeste (Copene).
Ernesto Geisel faleceu no dia 12 de setembro de 1996, de câncer, no Rio de Janeiro.
Bibliografia:
ENCICLOPÉDIA de educação Moral, Cívica e Política. Vol. IV. São Paulo, Michalany, 1971.
OS PRESIDENTES e a República: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Rio de Janeiro, O Arquivo Nacional, 2003.
GASPARI, Elio. A ditadura derrotada. São Paulo, Companhia das Letras, 2003.
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)
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