Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, o Infante dom Pedro, filho de dom João VI, rei de Portugal, e de dona Carlota Joaquina, nasceu em Lisboa, no Paço da Real Quinta de Queluz, no dia 12 de outubro de 1798.
Tinha o título de Condestável quando chegou ao Rio de Janeiro, em janeiro de 1808, com a Família Real. Em 9 de novembro de 1817 foi proclamado Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Logo depois se casou com dona Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo Lorena, Arquiduquesa D’Áustria, com quem teve 5 filhos naturais. Além deles, teve mais 5 filhos com a Marquesa de Santos e 1 com dona Amélia Leuchtenberg, sua segunda esposa. Consta que dom Pedro I ainda teve mais sete filhos com várias amantes, reconhecidos oficialmente. A marquesa de Santos, sua amante mais famosa, ele a chamava de “Titília” e compôs alguns versos em sua homenagem. A filha mais velha do casal recebeu de dom Pedro I o título de duquesa de Goiás, e a mãe da marquesa, dona Escolástica, era chamada pelo genro famoso de “velha querida do meu coração”. Outra amante famosa do imperador foi a dançarina Noemi Thierry.
Com o regresso de dom João VI para Portugal, em 26 de abril de 1821, dom Pedro assumiu a regência do Brasil, mas as exigentes cortes portuguesas queriam que o Brasil voltasse à sua antiga condição de colônia; para isso exigiam também a volta de dom Pedro a Portugal, que provocou nos brasileiros um movimento para que o Príncipe continuasse no Brasil.
Atendendo às reivindicações dos brasileiros, assim declarou, no dia 9 de janeiro de 1822: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto; diga ao povo que fico.” Esse dia ficou marcado na História do Brasil como o “Dia do Fico”.
Com esse episódio dom Pedro tomou algumas decisões, auxiliado por José Bonifácio:
1º - Expulsou os batalhões portugueses aquartelados no Rio, sob o comando do gen. Jorge Avilez, no dia 12 de janeiro de 1822.
2º - Proibiu o desembarque de novas tropas vindas de Portugal.
3º - Exigiu que os decretos das cortes portuguesas, antes de entrarem em vigor no Brasil, fossem aprovados por eles.
4º - Convocou uma Assembleia Constituinte brasileira, independente das cortes de Lisboa.
No dia 13 de maio de 1822 recebeu o título de Defensor Perpétuo do Brasil. No dia 14 de agosto daquele mesmo ano viajou a São Paulo, seguindo depois para Santos. Ao voltar, no dia 7 de setembro, foi alcançado por 2 mensageiros que traziam ordens das cortes de Lisboa exigindo sua volta imediata à Portugal, além de uma carta de José de Bonifácio e outra de dona Leopoldina, ambas pedindo que o Príncipe-regente rompesse relações com Portugal. Ali mesmo onde estava, às margens do Riacho do Ipiranga, arrancou o laço do chapéu com as cores de Portugal (azul e branco), jogando-o no chão, exclamou:
“Laços fora, soldados! Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a libertação do Brasil!”. Sacando a sua espada, bradou: “Independência ou morte! Seja essa a nossa divisa de hoje em diante!”.
Voltando ao Rio de Janeiro, no dia 1º de dezembro do mesmo ano dom Pedro foi aclamado Imperador e Defensor Constitucional do Brasil, com o nome de dom Pedro I.
Em 1826, com a morte de seu pai, o rei dom João VI, foi proclamado rei de Portugal, com o nome de dom Pedro IV, mas abdicou em favor de sua filha, dona Maria da Glória. Também em 1826 faleceu sua esposa, dona Leopoldina.
Em abril de 1831 o povo carioca revoltou-se contra o Imperador, exigindo a demissão de todos os seus ministros para a nomeação de outros do agrado do povo, além do seu escandaloso romance com a marquesa de Santos e os maus tratos com sua segunda esposa, dona Amélia.
Diante do descontentamento do povo, dom Pedro abdicou do Império em favor do seu filho, dom Pedro de Alcântara, então com 5 anos. Embarcou em seguida para Portugal, para lutar contra seu irmão dom Miguel, que havia destronado sua filha, dona Maria da Glória. Antes de retornar à sua terra natal, passou um mês na Inglaterra e depois se mudou para Paris, onde foi viver na Rua de Courcelles, 10, no centro da cidade.
Lá em Paris, tinha o costume de andar sozinho pelas ruas e aos domingos assistia às missas na igreja de Saint Philippe du Roule. Visitava os parques e a Biblioteca Real e assistia a óperas e teatros.
Na tentativa de arrecadar fundos para sua campanha contra seu irmão dom Miguel, vivia peregrinando em gabinetes de ministros e reis, até que um influente e riquíssimo judeu espanhol chamado Mendizábal e o financista francês Ardouin forneceram os recursos para sua causa. No dia 23 de janeiro de 1832, dom Pedro se despediu do monarca francês e seguiu para Portugal. A esquadra que lhe acompanhava tinha 4 navios, que foram rebatizados de “Congress”, “Rainha de Portugal”, “D. Maria II” e “Amélia”, todos armados com poderosos canhões.
Primeiramente, dom Pedro instalou-se nas ilhas dos Açores e formou um ministério, quando publicou diversos decretos anulando atos de dom Miguel. Aproveitou a ocasião, na ilha Terceira, para ter um romance com uma freira chamada Ana Augusta, clarissa do convento da Esperança, com quem teve um filho. Somente no dia 27 de junho de 1832 a esquadra de dom Pedro partiu rumo a Portugal, para iniciar a luta contra a usurpação de poder do seu irmão dom Miguel. Depois de muitas lutas sangrentas entre os dois irmãos, finalmente dom Pedro reconquistou a coroa, com a rendição incondicional de dom Miguel na convenção de Évora Monte, no dia 26 de maio de 1834.
Vitorioso na luta contra dom Miguel, devolveu o trono à sua filha, que passou a chamar-se dona Maria II, e no dia 25 de agosto foi confirmado como regente até a maioridade de sua filha, mas preferiu afastar-se da capital e viajou para Caldas da Rainha em busca de cura para sua frágil saúde. Em vão buscou refúgio, porque foi acometido por uma tuberculose, vindo a falecer no dia 24 de setembro de 1834, no mesmo palácio onde nasceu, todo decorado com episódios da vida de dom Quixote. Uma de suas últimas decisões foi legar o seu coração à cidade do Porto, por tê-lo recebido com tanto carinho. Ainda hoje seu coração pode ser visto na igreja da Lapa, no centro daquela cidade.
Em 1972, no sesquicentenário da Independência, seus restos mortais foram trazidos para o Monumento do Ipiranga, em São Paulo.
Carta de despedida de dom Pedro I ao seu filho dom Pedro II:
“Meu querido filho e meu Imperador. Muito lhe agradeço a carta que me escreveu, eu mal a pude ler pois as lágrimas eram tantas que me impediam a ver; agora que me acho, apesar de tudo, um pouco mais descansado, faço esta para lhe agradecer a sua, e para certificar-lhe que, enquanto vida tiver, as saudades jamais se extinguirão em meu dilacerado coração.
Deixar filhos, Pátria e amigos, não pode haver maior sacrifício; mas levar a honra ilibada, não pode haver maior glória. Lembre-se sempre do seu pai, ame a sua mãe e a minha Pátria, siga os conselhos que lhe derem aqueles que cuidarem na sua educação, e conte que o mundo o há de admirar, e que me hei de encher de ufania por ter um filho digno da Pátria. Eu me retiro para a Europa; assim é necessário para que o Brasil sossegue, e que Deus permita, e possa para o futuro chegar àquele grau de prosperidade de que é capaz. Adeus meu amado filho, receba a bênção de seu pai que se retira saudoso e sem mais esperanças de o ver.
Ass. dom Pedro de Alcântara
Bordo da Nau Warspite,
12 de abril de 1831.”.
Bibliografia:
ROSA, Prof. Ubiratan. Moderna Enciclopédia Brasileira. Vol. II, págs. 476 a 477. São Paulo, G. Lopes Ltda., 1979.
CURSO de Estudos Sociais Integrado. 22ª ed. Vol. III, págs. 358 a 368. São Paulo, Michalany,1981.
ENCICLOPÉDIA Brasileira Globo. 13ª ed. Vol. VIII. Porto Alegre, Globo, 1974.
DARÓS, Azevedo &. Estudos Sociais: Brasil, pág. 113. São Paulo, FTD, 1989.
MARIZ, Vasco. A volta do filho pródigo. História Viva, V (55): 61-67, mar. 2008.
REVISTA Aventuras na História, V(53): 62-63, dez. 2007.
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)
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