sábado, 21 de setembro de 2013

Soneto (Cláudio Manuel da Costa)

Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci! Oh, quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os Tigres, por empresa
Tomou logo render-me, ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano;

Vós, que ostentais a condição mais dura;
Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.  

(Foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)

Nenhum comentário:

Postar um comentário