segunda-feira, 15 de abril de 2013

Raposo Tavares


Antônio Raposo Tavares nasceu em São Miguel de Beja, capital do Alto Alentejo, Portugal, no ano 1598, desconhecendo-se o dia e o mês do seu nascimento. Veio para o Brasil no ano 1618, com seu pai, Fernão Vieira Tavares, loco-tenente da capitania de São Vicente. Mudando-se para Piratininga, Raposo Tavares se casou com uma filha de um bandeirante, mas logo ficou viúvo. Dez anos depois se casou novamente. 

Por causa da invasão holandesa na Bahia, a Câmara Municipal de Salvador fez um apelo aos paulistas em busca de índios escravizados para ajudar na resistência. Foi então que o jovem Raposo Tavares organizou a maior bandeira até então, para percorrer os sertões brasileiros, em busca de índios, no ano 1624. Essa bandeira era composta de cerca de novecentos homens brancos e três mil índios. 

Organizada a bandeira, Raposo Tavares confiou o comando ao sertanista Manuel Preto, de quase 70 anos de idade, e partiu rumo à região chamada Guairá, atual estado do Paraná, no mês de agosto de 1628, onde havia numerosas aldeias indígenas organizadas pelos jesuítas espanhóis. Seguindo por terra, a bandeira atravessou as cabeceiras do Paranapanema, avançando por São Loreto e Santo Inácio, depois Vila Rica e Cuidad Real. Durante a viagem a bandeira destruiu as aldeias de São Miguel, Jesus Maria, Encarnacion, San Pablo, Arcângeles, San Tomé, etc., fazendo cativos cerca de 20.000 índios, e anexou aquela região do Paraná à capitania de São Paulo.

De volta a São Paulo, rico e famoso, foi nomeado, em 1633, juiz ordinário e, depois, ouvidor, título concedido pelo Conde de Mensanto, que foi anulado pelo governador-geral dom Diogo Luís de Oliveira, por causa de agressões aos jesuítas. 

Algum tempo depois organizou nova bandeira, com 120 homens brancos e mamelucos e cerca de 1.000 índios tupis, partindo de São Paulo para a região do Tape (atual Rio Grande do Sul), com a missão de destruir a influência dos jesuítas na região e a captura de índios para mão-de-obra escrava. No dia 31 de dezembro de 1636 chegou à região, onde tomou o Forte Bom Jesus (atual cidade de Rio Pardo, RS). Invadiram também as aldeias de San Cristóban e Sant’Ana, anexando-as à coroa portuguesa. Regressou à capitania de São Paulo no ano 1638.  

Em 1639, com o avanço do domínio holandês no nordeste, sob a liderança de Maurício de Nassau, Raposo Tavares organizou uma tropa de 150 homens e viajou para a Bahia, unindo-se às tropas do Conde da Torre, governador-geral. Vencidas pelos invasores, as tropas luso-brasileiras fugiram para Porto do Touro (atual Cabo de São Roque, no Rio Grande do Norte), uma zona holandesa. Depois de passar muitas privações, Tavares chegou às margens do Rio São Francisco e de lá voltou para São Paulo, sob escolta de um destacamento da Bahia e grupos de índios e negros, chefiados por Henrique Dias e Filipe Camarão. 

No ano 1648 Raposo Tavares organizou nova bandeira, associado a André Fernandes, outro sertanista de 70 anos de idade, formada por 200 homens paulistas e cerca de 1.000 índios, com destino às minas de prata de Potosi, no Alto Peru (atual Bolívia), exploradas pelos espanhóis. A bandeira atravessou a região do Itatim (atual Mato Grosso do Sul), destruindo as missões de Mboimboim e Santa Bárbara.

No ano 1649, seguindo viagem, Tavares desviou-se do curso original e dirigiu-se ao norte, atingindo o rio Guaporé, penetrando na floresta amazônica; depois, atingiu o rio Madeira até chegar ao rio Amazonas. Nessa aventura muitos homens perderam a vida enfrentando a ferocidade dos índios e a febre amarela. No ano 1651, apenas 59 homens e alguns índios chegaram ao Forte de Gurupá, no Pará, sem terem encontrado as minas de Potosi, mas realizaram a primeira viagem de reconhecimento geográfico da América do Sul. 

Naquele mesmo ano Raposo Tavares voltou à São Paulo, envelhecido, não sendo reconhecido pela família. Viveu ainda por mais sete anos, em sua fazenda em Barueri, até falecer, no ano 1658. 

Bibliografia:
ENCICLOPÉDIA Pesquisando na Escola. Vol. 4, págs. 61 a 62. São Paulo, Ícone, 1988. 
ENCICLOPÉDIA de Educação Moral, Cívica e Política. Vol. IV, págs. 381 a 383. São Paulo, Michalany, 1971. 
CARVALHO, Geraldo Magela de. Atlas Ecos de Biografias. João Pessoa, Ecos, 1977. 

(Texto: Eliza ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

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