quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Na mão de Deus (Antero de Quental)
Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.
Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do ideal e da paixão
A forma transitória e imperfeita.
Como criança em lôbrega jornada,
Que a mãe leva no colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,
Selvas, mares, areias do deserto,
- Dorme teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!
(Poesia: Antero de Quental - foto: internet - Nasa)
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