Rui Barbosa de Oliveira nasceu no dia 5 de novembro de 1849, em Salvador, Bahia. Era filho do médico, intelectual e político João José Barbosa de Oliveira e de dona Maria Adília Barbosa de Oliveira e tinha uma irmã, chamada Brites, nascida no ano 1851. Alfabetizado aos cinco anos, cresceu sob rigorosa educação, rodeado de livros. Depois das lições recebidas do pai, decorava textos de portugueses e estudava música e noções de oratória. Costumava subir numa mala, em pé, para fazer discursos.
Aos onze anos de idade ingressou no Colégio Baiano, quando já escrevia versos. Tímido, era sempre o primeiro aluno da classe, e durante o recreio gostava mais de ler do que brincar. Em 1864 formou-se em humanidades, recebendo medalha de ouro das mãos do Arcebispo da Bahia, e pronunciou seu primeiro discurso durante a colação de grau, sendo muito aplaudido.
Em 1866 matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, cursando apenas os dois primeiros anos. Nesse tempo fundou, com o colega Castro Alves, também estudante de Direito, uma sociedade abolicionista. Depois pediu transferência, juntamente com Castro Alves, para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, no ano 1868, e passou a morar numa pensão ao lado da Faculdade.
Em 1869 estreou na imprensa através do jornal político “A Independência”, fundado por Joaquim Nabuco, além de colaborar em outros periódicos como “A Imprensa Acadêmica”. Em março do mesmo ano propôs a criação do “Radical Paulistano”, órgão do “Clube Radical”, com ideias liberais, democráticas e pela extinção da escravatura. Formou-se no ano 1870 e depois voltou para a Bahia.
Na Bahia, envolveu-se na política, alistando-se no Partido Liberal. Depois de se recuperar de uma longa enfermidade, iniciou sua carreira como advogado ao trabalhar no escritório do Conselheiro Dantas e de Leão Veloso, e continuou no jornalismo. Fez sua estreia no júri em março de 1872 e conseguiu a condenação de um réu que seduziu uma moça pobre. Nesse tempo iniciou grande amizade com o filho do conselheiro, Rodolfo Dantas, proprietário e diretor do jornal “Diário da Bahia”, órgão do Partido Liberal. Rui tornou-se redator-chefe do periódico, como voluntário, quando passou a fazer campanhas pela abolição dos escravos, reforma eleitoral, liberdade religiosa e sistema federativo.
No dia 23 de novembro de 1876 casou-se com Maria Augusta Viana Bandeira, com quem viveu o resto de sua vida, tendo o casal cinco filhos: Maria Adélia, nascida em 1878, Alfredo Rui, nascido em 1879, Francisca, nascida em 1880, João, nascido em 1890 e Maria Luísa Vitória, nascida em 1894.
No dia 13 de janeiro de 1878 foi eleito deputado à Assembleia Legislativa Provincial da Bahia pelo Partido Liberal, obtendo 1.071 votos, destacando-se por seus discursos e comícios. Em setembro do mesmo ano elegeu-se deputado geral, mudando-se para o Rio de Janeiro, quando se tornou o porta-voz do governo junto aos deputados.
Em 1880, como membro da Comissão de Instrução Pública da Câmara, fez, durante dois anos, uma pesquisa bibliográfica sobre os métodos pedagógicos mais modernos e elaborou pareceres com propostas para a melhoria do ensino brasileiro, como o funcionamento de escolas superiores particulares, o reforço do ensino técnico e o acesso das mulheres às faculdades. Por causa disso, recebeu de dom Pedro II, em 31 de maio de 1884, o título de conselheiro, que usou por toda a vida.
Sem conseguir se eleger nas eleições de maio de 1885, Rui continuou na política, tornando-se um dos principais opositores do governo, participando também de campanhas abolicionistas. Ao fim da escravidão, em 13 de maio de 1888, envolveu-se com ideias republicanas. Depois, com a proclamação da República em 15 de novembro de 1889, Rui Barbosa assumiu as pastas da Fazenda e da Justiça, assumida interinamente, até ser assumida por Campos Sales.
Nos primeiros anos do governo republicano, Rui deu importante colaboração, como nas medidas da liberdade de culto, separação entre igreja e estado, criação do registro civil, etc. Na pasta da Fazenda, porém, ele fracassou, quando provocou uma crise financeira, conhecida como “encilhamento”, que provocou sua demissão do cargo. A partir daí, afastou-se da política, trabalhando na defesa dos direitos e liberdades públicas e individuais, tornando-se uma das pessoas mais conhecidas do país.
Em setembro de 1893 houve o movimento da “Revolta da Armada”, liderada por Custódio de Melo, mas Floriano Peixoto imaginou que Rui Barbosa fosse o autor intelectual, e mandou prendê-lo, mas Rui conseguiu escapar a bordo de um navio mercante, exilando-se na Argentina. Duas semanas depois tentou voltar ao Rio de Janeiro, mas temendo por sua vida, embarcou no navio “Aquidahã”, do movimento rebelde, e viajou, com sua família, para Buenos Aires. Em seguida viajou para Lisboa em março de 1894, mas por pressões diplomáticas transferiu-se para a Inglaterra, aonde chegou três meses depois. Só voltou ao Brasil no governo de Prudente de Morais, no fim de julho de 1895.
Foi então reeleito senador pela Bahia, quando subiu na tribuna do Senado, em 24 de agosto de 1895, em defesa de uma anistia ampla para todos os punidos por Floriano Peixoto, além de defender a pacificação do Rio Grande do Sul. Em julho de 1907 foi escolhido como chefe da delegação brasileira em Haia, Holanda, para a participação brasileira na II Conferência de Paz, composta por 44 nações, que teve sua abertura solene no dia 15 de junho do mesmo ano. No início o representante brasileiro não despertou interesse, mas seus discursos logo despertaram a admiração de todos, ao defender direitos iguais para todos os países, independente de suas forças militares ou financeiras. Defendeu a “força do direito contra o direito da força”.
A Conferência teve seu encerramento no dia 18 de outubro daquele mesmo ano.
De volta ao Brasil, Rui foi aclamado pelo povo e pelo governo, consagrado como a “Águia de Haia”. No ano seguinte assumiu a vaga deixada por Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras.
Em 1909 lançou-se como candidato à presidência da República, disputando com o candidato das oligarquias, Marechal Hermes da Fonseca, mas não se elegeu. Em 1919 novamente concorreu, mas perdeu para Epitácio Pessoa. Dois anos depois, o Conselho da Sociedade das Nações discutia a criação de uma Corte de Justiça Internacional e Rui teve a maior votação para integrar o alto tribunal.
Em março de 1921, com a saúde abalada, renunciou à sua cadeira no Senado. Em setembro foi eleito pela Liga das Nações membro da Suprema Corte Permanente de Justiça Internacional de Haia, obtendo a maior votação, num total de 38 votos.
Em dezembro de 1922 viajou para Petrópolis, em busca de um clima favorável à sua saúde, lá falecendo no dia 1º de março de 1923. Seu corpo foi levado num trem especial para o Rio de Janeiro, onde foi velado na câmara-ardente da Biblioteca Nacional. Seu esquife foi trasladado para o cemitério São João Batista, onde foi sepultado. Em 1949 seus restos mortais foram trasladados para o Tribunal de Justiça da Bahia, em Salvador, hoje Fórum Rui Barbosa. Deixou inacabada sua obra “A Imprensa e o dever da verdade”, falando sobre o jornalismo na construção da cidadania.
Pensamentos de Rui Barbosa:
* A felicidade está dentro de nós. Foi-nos dada. A infelicidade está fora e somos nós que a vamos procurar.
* O domicílio é a fortaleza do indivíduo.
* O suborno envilece tanto a mão que o paga, como a que o recebe.
* Onde os meninos comparecem de doutores os doutores não passarão de meninos.
* Orgulho! Nada mais tolo que o orgulho, nada mais duro e odioso que a intolerância, nada mais perigoso ou ridículo que a vaidade.
* No jogo o que menos se perde é o dinheiro.
Bibliografia:
PROJETO Memória: Rui Barbosa. Fundação Banco do Brasil/ Fundação Odebrecht, Rio de Janeiro, 1999.
ENCICLOPÉDIA de Educação Moral, Cívica e Política. Vol. IV. São Paulo, Michalany, 1971.
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - foto: internet)
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