É maré cheia, ô,
Mareia ô, mareia.
Contam que toda tristeza que tem na Bahia
Nasceu de uns olhos morenos molhados de mar;
Não sei se é conto de areia ou se é fantasia
Que a luz da candeia alumia pra gente contar.
Um dia a morena enfeitada de rosas e rendas
Abriu seu sorriso de moça e pediu pra dançar;
A noite emprestou as estrelas bordadas de prata,
E as águas de Amaralina eram gotas de luar.
Era um peito só,
Cheio de promessa, era só.
Quem foi que mandou o seu amor
Se fazer de canoeiro!
O vento que rola nas palmas
Arrasta o veleiro
E leva pro meio das águas de Iemanjá,
E o mestre valente vagueia
Olhando pra areia sem poder chegar.
Adeus, amor,
Adeus, meu amor, não me espera,
Porque eu já vou me embora
Pro reino que esconde os tesouros de minha senhora.
Desfia colares de conchas pra vida passar
E deixa de olhar pros veleiros;
Adeus, meu amor, eu não vou mais voltar.
Foi beira-mar, foi beira-mar quem chamou.
Clara Nunes – autores: Romildo/Toninho
Disco: “Alvorecer” – 1974 – Odeon – SMOFB 3835
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