sábado, 16 de novembro de 2013

Os hunos (Amiano Marcelino - oficial do exército romano)

"Quando ainda muito jovens, fazem-lhes com um ferro profundos ferimentos no rosto, a fim de que as cicatrizes que nele se formarem impeçam a saída do primeiro pelo: envelhecem desfigurados e sem barba. Todos eles têm, aliás, os membros vigorosos  e o pescoço grosso; têm aspecto extraordinário e tão curvado que poderão ser tomados por animais de dois pés ou por esses pilares grosseiramente esculpidos em figuras humanas que se vêem nas bordas das pontes. 


Não têm eles necessidade do fogo nem de comidas temperadas, mas vivem de raízes selvagens e de toda a espécie de carne que comem meio crua, depois de tê-la aquecida levemente sentando-se em cima durante algum tempo quando estão a cavalo. Não têm casas, não se encontra entre eles nem mesmo uma cabana coberta de caniço. Vestem-se de pano ou peles de ratos dos campos; têm apenas uma única roupa e não tiram a túnica senão quando cai em farrapos. Cobrem a cabeça com pequenos bonés caídos com peles de bode. São colados a seus cavalos, que são, na verdade, robustos mas feios; não existe nenhum dentre eles que não possa passar a noite e o dia sobre a montaria; é a cavalo que bebem, comem e, abaixando-se sobre o pescoço estreito do animal, dormem. Nenhum cultiva a terra nem toca mesmo um arado. Sem morada fixa, sem casas, erram por todos os lados e parecem sempre fugir com as suas carriolas. Como animais desprovidos de razão, ignoram inteiramente o que é o bem e o que é o mal; não têm religião, nem superstição; nada iguala a sua paixão pelo ouro."

(Texto - escrito pelo oficial do exército romano Amiano Marcelino - e foto: internet) 

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