terça-feira, 23 de julho de 2013

Delírio (Guimarães Rosa)


No parque morno um perfumista oculto
Ordenha heliotrópios…
Deixa aberta a janela…

Minhas mãos sabem de cor o teu corpo,
E a alcova é morna…
Apaguemos a luz…

Não sentes na tua boca
Um gosto de papoulas?…


Passa o lenço de seda de tuas mãos
Sobre minha fronte,
E não me digas nada:
A febre está, baixinho, ao meu ouvido,
Falando de ti….

(Poesia: João Guimarães Rosa - Foto: internet)

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