segunda-feira, 15 de abril de 2013

Desinspiração


Mão no queixo, na testa, no rosto, viaja...
Mão que diz: "Estou exausta".
O pensamento diz: "Vai, escreve um poema!"
E vem o dilema...

Escrever o quê? Bate a desinspiração...
Total descaso com o belo, com a poesia...
"Na tortura toda carne se trai", diz o poeta,
Com toda a razão...

Traio agora minha vaidade: jamais fugi de rimas.
Papel em branco, caneta na mão, e elas surgem do nada.
Quando cuido, há uma poesia, e o papel se torna gente...

Claro, quando a gente põe sentimentos num papel em branco
Ele se torna gente;
Dali sai um retrato vivo de alguém...  

Tarefas demais no cotidiano,
E eu estou sem tempo de rimar, de sonhar, de viver;
Claro, a poesia é minha mania, meu vício,
E o vício sempre domina a vida das pessoas...

Não bebo, não fumo, não cheiro drogas; escrevo!
E por viver para escrever, ou, sei lá, escrever para viver,
É que nesses dias cansativos estou num mar bravio ou deserto tempestuoso...

(Poesia e foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)

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