No tempo em que o negro chegava
Fechado em gaiola
Nasceu no Brasil
Quilombo e quilombola
E todo dia negro fugia
Juntando a corriola.
De estalo de açoite, de ponta de faca
E zunido de bala
Negro voltava pra Angola
No meio da senzala.
E ao som do tambor primitivo,
Berimbau, maharaquê e viola
Negro gritava: “abre ala!”
Vai ter jogo de Angola.
Perna de brigar, Camará,
Perna de brigar, olê...
Ferro de furar, Camará,
Ferro de furar, olê...
Arma de atirar, Camará,
Arma de atirar, olé... Olê...
Dança guerreira,
Corpo do negro é de mola,
Na capoeira, negro embola e desembola.
E a dança que era uma festa
Do dono da terra
Virou a principal defesa do negro na guerra,
Pelo que se chamou “libertação”.
E por toda força, coragem, rebeldia
Louvado será todo dia
Esse povo cantar e lembrar
O jogo de Angola
Na escravidão do Brasil.
Perna de brigar, Camará,
Perna de brigar, olê...
Ferro de furar, Camará,
Ferro de furar, olê...
Arma de atirar, Camará,
Arma de atirar, olê... Olê... (Bis)
Canta: Clara Nunes
Compositores: Mauro Duarte/Paulo César Pinheiro
Disco: Guerreira - 1978
EMI-Odeon - 062 421096
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