Vou pela rua andando à toa,
Sobre mim cai a garoa
Estragando o paletó,
E cada pedra, cada passo
Do calçamento onde eu passo
Me recorda que estou só.
Naquele morro tão distante
Lá pras bandas do levante
Onde o Sol bate primeiro
Deve estar por certo adormecida
A razão da minha vida,
Da vida do meu pandeiro.
Lembro da mulata espreguiçando no batente,
Assobiando no mesmo tom dos pardais;
Hoje sem amor e sem vontade
Sou escravo da saudade,
Parceiro do “nunca mais”.
E a garoa mansa do subúrbio
Se transforma num dilúvio,
E eu não quero me abrigar;
Corre a chuva triste em minha face,
Peço a Deus que ela não passe
Pra ninguém me ver chorar.
Canta: Clara Nunes
Compositores: César costa Filho/Aldir Blanc
Disco: Clara Nunes - 1971
Odeon MOFB 3667
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