Ô, ô, ô, ô, ô...
Oh, Sol! Sol escaldante, terra poeirenta,
Dias e dias, meses e meses sem chover
E o pobre lavrador, com a ferramenta rude,
Dá forte no solo duro.
Em cada pancada parece gemer: hum...hum...hummm...
Geme a terra, de dor, ô, ô, ô, ô...
Não adianta meu lamento, meu senhor, ô, ô, ô, ô...
E a chuva não vem,
O chão continua seco e poeirento.
No auge do desespero,
Uns se revoltam contra Deus, outros rezam com fervor:
"— Nosso gado está sedento, meu Senhor;
Nos livrai desta desgraça!"
O céu escurece,
As nuvens parecem grandes rolos de fumaça:
Chove no coração do Brasil,
E o lavrador retira o seu chapéu,
E, olhando o firmamento,
Suas lágrimas se unem com as dádivas do céu.
O gado muge de alegria,
Parece entoar uma linda melodia:
Ô, ô, ô, ô, ô...
(Clara Nunes — Autores: Gilberto Andrade/Waldir de Oliveira)
Disco: "Clara Clarice Clara" — 1972 — Odeon — MOFB 3709.
Foto: internet.
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