terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Senhora das candeias: letra — Música de Clara Nunes.


Eu não sou daqui, não sou;

Eu sou de lá!

Eu não sou daqui, não sou;

Eu sou de lá!




A Lua cheia,  a Lua cheia,

Quando bate nas aldeias, 

A menina das candeias cirandeia ao luar.

O seu lamento tem um jeito de acalanto 

Que o rio, feito um pranto,

Vai levando para o mar.

Meu coração é feito de pedra de ouro,

O meu peito é um tesouro que ninguém pode pegar.


Eu não sou,  eu não sou daqui, não sou;

Eu sou de lá!

Eu não sou daqui, não sou;

Eu sou de lá!


A noite ficou mais faceira, 

Pois dentro da ribeira apareceu,

Com suas prendas e bordados, 

Seus cabelos tão dourados,

Que o Sol não conheceu.


A menina-moça debutante,

Que namora pelas fontes que a natureza lhe deu,

É Oxum, ê Oxum,  ê Oxum,  senhora das candeias!

Que tristeza que me dá 

Saber que suas mãos são tão pequenas 

Pra matar quem envenena ,

Pra punir quem faz o mal.

Cegar punhal, cegar punhal que fere tanto,

Pra mostrar que seu encanto é uma coisa natural.


(Clara Nunes — Autores: Toninho/ Romildo Bastos)

Disco: As forças da natureza" — 1977 — EMI-ODEON — XSMOFB 3946.

Foto: internet. 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Sempre Mangueira: letra — Música de Clara Nunes


Ô, ô, ô, ô!

Foi Mangueira que chegou!

Ô, ô, ô, ô!

Foi Mangueira que chegou!

Mangueira é celeiro de bambas, como eu!

Portela também teve o Paulo, que morreu,

Mas o sambista vive eternamente  (Bis)

No coração da gente.


Os versos de Mangueira são modestos,

Mas há sempre força de expressão;

Nossos barracos são castelos 

Em nossa imaginação!


Ô, ô, ô, ô, 

Foi Mangueira que chegou!

Ô, ô, ô, ô,

Foi Mangueira que chegou!


(Clara Nunes — Autores: Geraldo Queiroz/Nelson Cavaquinho)

Disco: "Clara Clarice Clara" — 1972 — Odeon — MOFB 3709.

Foto: internet. 


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Sem companhia: letra — Música de Clara Nunes


Tudo que esperei de um grande amor

Era só juramento 

Que o primeiro vento carregou.

Outra vez tentei, mas pouco durou;

Era um golpe de sorte

Que um vento mais forte derrubou!


E assim, de quando em quando,

Eu fui amando mais;

Passei por ventos brandos, 

Passei por temporais.


Agora estou num cais

Onde há uma eterna calmaria

E eu não aguento mais

Viver em paz, sem companhia.


(Clara Nunes — Autores: Ivor Lancellotti/Paulo César Pinheiro)

Disco: "Brasil mestiço" — 1980 — EMI-ODEON — 062 421207.

Foto: internet.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Seca do nordeste: letra — Música de Clara Nunes



Ô, ô, ô, ô, ô...

Oh,  Sol! Sol escaldante, terra poeirenta, 

Dias e dias, meses e meses sem chover

E o pobre lavrador, com a ferramenta rude,

Dá forte no solo duro.

Em cada pancada parece gemer: hum...hum...hummm...

Geme a terra, de dor, ô, ô, ô, ô...

Não adianta meu lamento, meu senhor, ô, ô, ô, ô...


E a chuva não vem,

O chão continua seco e poeirento.

No auge do desespero,

Uns se revoltam contra Deus, outros rezam com fervor:

"— Nosso gado está sedento, meu Senhor;

Nos livrai desta desgraça!"


O céu escurece, 

As nuvens parecem grandes rolos de fumaça:

Chove no coração do Brasil,

E o lavrador retira o seu chapéu,

E, olhando o firmamento,

Suas lágrimas se unem com as dádivas do céu.

O gado muge de alegria,

Parece entoar uma linda melodia:

Ô, ô, ô, ô, ô...


(Clara Nunes — Autores: Gilberto Andrade/Waldir de Oliveira)

Disco: "Clara Clarice Clara" — 1972 — Odeon — MOFB 3709.

Foto: internet. 





terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Se todos fossem iguais a você: letra — Música de Clara Nunes


Se todos fossem iguais a você 

Que maravilha viver!

Uma canção pelo ar,

Uma mulher a cantar,

Uma cidade a cantar,

A sorrir, a cantar, a pedir a beleza de amar!


Como o Sol, como a flor, como a luz,

Amar sem mentir nem sofrer;

Existiria a verdade, verdade que ninguém vê, 

Se todos fossem, no mundo, iguais a você! 


(Clara Nunes — Autores: Tom Jobim/ Vinícius de Moraes)

Disco: "Moça, poeta e violão".

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Se eu morresse amanhã de manhã: letra — Música de Clara Nunes


Se eu morresse amanhã de manhã 

Não faria falta a ninguém;

Eu seria um enterro qualquer, 

Sem saudade, sem luto também.



Ninguém telefona, ninguém;

Ninguém me procura, ninguém.

Eu grito, e o eco responde: ninguém!


Se eu morresse amanhã de manhã,

Minha falta ninguém sentiria;

O que eu fiz, o que eu fiz

Ninguém se lembraria.


(Clara Nunes  — Autor: Antônio Maria. 

Disco: "Brasileiro profissão esperança" — 1974 — Odeon SMOFB 3838.

Foto: internet.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Samba da volta: letra — Música de Clara Nunes


Lalalaia, lalalaia... 

Você voltou, meu amor, a alegria que me deu!

Quando a porta abriu

Você me olhou, você sorriu, 

Ah, você se derreteu e se atirou,

Me envolveu, me brincou, conferiu o que era seu!


É verdade, eu reconheço, eu tantas fiz

Mas agora tanto faz!

O perdão pediu seu preço, meu amor;

Eu te amo e Deus é  mais!


(Clara Nunes — Autores: Toquinho/ Vinícius de Moraes)

Disco: "Alvorecer" — 1974 — Odeon — SMOFB 3835.

Foto: internet. 


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Sagarana: letra — Música de Clara Nunes


A ver, no en-sido, pelos campos- claros: estórias.

Se deu passado esse caso;

Vivência é memória.

Nos Gerais

A honra é que é que se apraz

Cada quão sabia sua distrição.

Vai que foi sobre esse 

Era uma-vez 'sas passagens:

Em beira-riacho morava o casal: 

Personagens, personagens, personagens.


A mulher tinha a morenês que se quer:

Verdeolhar, dos verdes do verde invejar.

Dentro lá deles

Diz-se que existia outros Gerais,

Quem o qual, dono seu, 

Esse era erroso, no a ponto de ser feliz demais

Ao que a vida, no bem e no mal dividida,

Um dia ela dá o que faltou... Ô, ô, ô...


É buriti, buritizais (bis)

É o batuque corrido dos Gerais.

O que aprendi, o que aprenderás

Que, nas veredas por em-redor, sagarana.

Uma coisa é o alto bom-buriti,

Outra coisa é  buritirana.


A pois que houve, no tempo das luas bonitas,

Um moço êveio: — viola enfeitada de fitas.

Vinha atrás de uns dias pra descanso e paz.

Galardão: mississo-redó: falanfão.

No-que: " — se abanque"

Que ele deu nos óio o verdejo. 

Foi se afogando; pensou que foi mar, 

Foi desejo, foi desejo, foi desejo.


Era ardor.

Doidava de verde o verdor,

E o rapaz quis logo querer os Gerais

E a dona deles.

— Que sim, que ela disse verdeal.


Quem o qual, dono seu, vendo as olhâncias, 

No avoo virou bicho-animal:

Cresceu nas facas:

O moço ficou sem ser macho,

E a moça sem verde ficou. Ô, ô, ô,


É buriti, buritizais. (Bis)

É o batuque corrido dos Gerais.

O que aprendi, o que aprenderás

Que nas veredas por em-redor, sagarana.

Uma coisa é o alto bom-buriti,

Outra coisa é o buritirana.


Quem quiser que cante outra,

Mas à moda dos Gerais.

Buriti: rei das veredas;

Guimarães: buritizais!

Guimarães: buritizais!

Guimarães: buritizais!



(Clara Nunes — Autores: Paulo César Pinheiro/João de Aquino)

Disco: "As forças da natureza" — 1977 — EMI-ODEON — XSMOFB 3946.

Foto: internet.