(Poema de Robindronath Tagore, do seu livro Purobi (1925), dedicado a Victoria Ocampo):
Ó flor, flor estrangeira,
Quando te perguntei teu nome,
Abanaste a cabeça, brincando.
E disse comigo:
Que pode haver num nome?
Pelo teu sorriso és conhecida e somente por ele.
Ó flor, flor estrangeira,
Quando te apertei ao meu coração e perguntei:
- Dize-me, onde moras?
Abanaste a cabeça, brincando.
- Não sei onde é, respondeste.
E eu disse comigo:
Era inútil perguntar de onde vinhas.
Tua casa está no amoroso coração
Daquele que te conhece, e apenas lá.
Ó flor, flor estrangeira,
Quando te perguntei, num suspiro:
- Que idioma falas?
Abanaste a cabeça, brincando,
Enquanto as folhas se punham a murmurar.
E comigo disse:
Agora sei que a mensagem do teu perfume
Transporta tua esperança sem palavras
E teu talento é a minha própria vida.
Ó flor, flor estrangeira,
Quando te perguntei,
A primeira vez que vim de madrugada:
- Sabes quem sou?
Abanaste a cabeça, brincando.
E disse comigo:
Não tem grande importância.
Se soubesses que meu coração
Fica cheio de alegria perto de ti,
Então ninguém me conheceria melhor,
Ó flor, flor estrangeira.
Ó flor, flor estrangeira,
Quando te perguntei:
- Algum dia me esquecerás?
Abanaste a cabeça, brincando.
E senti no meu coração
Que me recordarias muitas e muitas vezes,
Quando eu te deixasse por uma outra terra.
A distância virá aproximar-nos em sonho
E não me hás de esquecer nunca mais.
(Poesia: Tagore - Tradução do inglês para o português: Cecília Meireles - Foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)
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