Juro, eu rememoro muito,
E você está na mesma condição,
Mas ninguém quer fugir
Do que ainda vai acontecer.
Tem que ser:
Você segura, eu seguro;
Tortura, torturo.
Nos apunhalamos os dois
Com o punhal do futuro,
E fica o presente obscuro
Assim como o passado algum:
Nem raro e nem comum...
E algo em nós se devorando;
Juro, eu me devoro junto
E você consumindo o seu.
Paixão, mas ninguém quer ferir
A quem jamais vai entender
Sem sofrer.
Você mistura, eu misturo;
Perjura, perjuro.
Nos iluminamos os dois
Mergulhados no escuro,
E agora temos de ser duros
Pra não sofrermos mais depois.
Nós dois e outros dois
E a força mais e mais nos arrastando.
(Clara Nunes — Autores: Guinga/Paulo César Pinheiro)
Disco: "Alvorecer" — 1974 — Odeon — SMOFB 3835.
Foto: internet.
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