sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Sabiá: letra — Música de Clara Nunes


Vou voltar, sei que ainda vou voltar 

Para o meu lugar. 

Foi lá e é ainda lá 

Que eu hei de ouvir cantar uma sabiá.


Vou voltar, sei que ainda vou voltar;

Vou deitar à sombra de uma palmeira que já não há, 

Colher a flor que já  não dá,

E algum amor talvez possa espantar

As noites que eu não queria

E anunciar o dia.


Vou voltar, sei que ainda vou voltar;

Não vai ser em vão que fiz tantos planos

De me enganar. 

Como fiz enganos de me encontrar,

Como fiz estradas de me perder,

Fiz de tudo e nada de te esquecer.


Vou voltar, sei que ainda vou voltar

Para o meu lugar;

Foi lá e é ainda lá

Que eu hei de ouvir cantar

Uma sabiá. 


Vou voltar, sei que ainda vou voltar 

E é pra ficar;

Sei que o amor existe,

Eu não sou mais triste

E que a nova vida já vai chegar,

E que a solidão vai se acabar,

E que a solidão vai se acabar .


(Clara Nunes — Autores: Antônio Carlos Jobim/Chico Buarque)

Disco: "Você passa eu acho graça" — 1968 — Odeon — MOFB 3557.

Foto: internet. 




quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Sabiá: letra — Música de Clara Nunes


A todo mundo eu dou psiu 

Perguntando por meu bem;

Tendo o coração vazio,

Vivo assim, a dar psiu.

Sabiá,  vem cá também!



Tu, que andas pelo mundo,

Tu, que tanto já voou,

Tu, que fala aos passarinhos,

Alivia minha dor!

Tem pena "deu", tens, por favor!

Tu, que cantas pelo mundo,

Onde anda o meu amor, sabiá? 


A todo mundo eu dou psiu (siu)

Perguntando por meu bem (siu),

Tendo o coração vazio,

Vivo assim, a dar psiu.

Sabiá,  vem cá também!


Tu, que andas pelo mundo, (sabiá)

Tu, que tanto já voou, (sabiá)

Tu, que fala aos passarinhos, (sabiá)

Alivia minha dor! (Sabiá)

Tem pena "deu", (sabiá)

Tens, por favor! ( sabiá)

Tu, que cantas pelo mundo, (sabiá)

Onde anda o meu amor? (Sabiá).


(Clara Nunes — Autores: Luiz Gonzaga/Zé Dantas)

Disco: "Clara Nunes" — 1971— Odeon — MOFB 3667.

Foto: internet.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Rua d'Aurora: letra — Música de Clara Nunes


Tempo passou sem demora

E agora é saudade da rua d'Aurora 

Que a gente ainda chora lembrando a idade

Que a felicidade brincou de ficar.


Tempo do amor primeiro, tão passageiro,

Da cantiga inocente, do sorriso contente 

Que a gente sorria pro dia alegrar.

Tempo correndo,

Passa pra não voltar;

Gente crescendo canta pra não chorar.


Hoje a rua d'Aurora não é como outrora:

Não tem brincadeira, não tem meninada

Jogando pelada ou pic-bandeira,

Pro tempo passar.


Mesmo a Lua antiga ficou tristonha,

Já não há mais cantiga,

Gente grande não sonha,

E a dor se abriga no jeito de olhar.

Tempo é fumaça, cedo se esvai no ar;

Tempo que passa, fica pra quem chorar.


(Clara Nunes — Autores: Fátima Gaspar/Durval Ferreira)

Disco: "Você passa eu acho graça" — 1968 — Odeon — MOFB 3557.

Foto: internet. 



segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Rosa 25: letra — Música de Clara Nunes


Lalaia, lalaia, lalaia...

Rosa 25 desceu o morro,

Não deixou endereço, sumiu. 

Rosa 25 desceu o morro,

Não deixou endereço, sumiu.



Não escreveu bilhete, não mandou recado;

Meu coração sentiu.

Não escreveu bilhete, não mandou recado;

Meu coração sentiu. 


Eu pensava que, pra ela, 

O morro seria seu jardim;

Entre entradas e saídas, Rosa 25 perdeu o costume.

Acalento pra mãe preta, um silêncio ritmado.

Até hoje o morro espera Rosa 25 pra sambar.

Lalaia, lalaia, lalaia...


(Clara Nunes  — Autora: Geovana)

Disco: "Clara Nunes" — 1971 — Odeon — MOFB 3667.

Foto: internet. 




domingo, 24 de janeiro de 2021

Rolou: letra — Música de Clara Nunes


Rolou, rolou em meu rosto

Uma lágrima de dor;

Em meu peito, uma fonte de tristeza 

De repente em meu coração brotou.


Rolou, rolou como orvalho na pétala de flor,

Como um rio engrossando a correnteza, 

Como as águas do mar com seu furor.


Morreu, morreu, morreu o amor. (Bis)

Porém, como a flor vem da vida além da morte,

O amor possui a mesma sorte: 

Prossegue até o fim da dor.

E assim, como o resto da flor depois do corte,

O amor brota muito mais forte

No mesmo chão onde tombou.


(Clara Nunes —  Autor: Paulo César Pinheiro)

Disco: "Esperança " — 1979 — EMI-ODEON 062 421168.

Foto: internet. 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Risos e lágrimas: letra — Música de Clara Nunes


Lá, lá, lá, lá, lá, laia... 

Ah, eu sou aquela dama das camélias,

Ah, que fez vibrar diversos corações 

Em carnavais que passaram,

Nas avenidas e salões,

Despertando ambições! 


Ah, eu não sou esquecida;

Entre palhaços e pierrôs eu sou a preferida!

Choro, risos e lágrimas 

Em fantasias eu vi rolar,

Mas, sendo a dama das camélias, 

Nem o pranto colorido me fez silenciar!


(Clara Nunes — Autores: José Ribeiro/Ruben Brandão/Nelson Cavaquinho)

Disco: "Canto das três raças" — 1976 — EMI-ODEON — XSMOFB 3915.

Foto: internet.


terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Retrato falado: letra —Música de Clara Nunes


Quem me vê lutando

Não é sabedor do meu jeito brando

De falar de amor:

Eu tenho uma metade de acalmar,

Metade lutador;

No fundo eu sou um sonhador.

Eu tenho uma cidade pra cantar, 

Um peito cheio de versos e as mãos de trabalhador.


Quem me vê sentindo

É conhecedor do meu jeito antigo

De guardar a dor.

Eu tenho uma metade no meu lar,

Metade exterior,

Porque eu também sou pecador.


Eu tenho a mocidade pra gastar,

Um grande amor pela vida e a bênção do Redentor,

E quem quiser me acompanhar 

Eu cantei pra me desabafar,

E agora a dor já passou.


(Clara Nunes — Autores: Eduardo Gudin/Paulo César Pinheiro)

Disco: "Canto das três raças" — 1976 — EMI-ODEON — XSMOFB 3915.

foto: internet. 




segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Regresso: letra — Música de Clara Nunes


Canto, canto com alegria,

Hoje a nostalgia está triste,

Sentindo o cantar que em meu coração bate,

Tão forte e contente,

Dizendo a toda gente 

Que voltaste ao meu lar.


Não sabia que voltavas tão meiga assim!

Parte, amor, já é noite,

Mas traga de novo o calor dos teus beijos pra mim,

Que eu sei dar valor ao regresso.

Juro, jamais te peço pra ficares, amor!


(Clara Nunes — Autor: Candeia)

Disco: "Clara Nunes" — 1971 — Odeon — MOFB 3667.

Foto  internet. 



sábado, 16 de janeiro de 2021

Rancho da primavera: letra— Música de Clara Nunes


Não vejo a primavera,

Já era;

A triste margarida,

A desaparecida.

O pobre beija-flor,

Que não vejo voar sobre o meu jardim,

Não tem a quem beijar.

Que tristeza sem fim, lá, lá.

Não ouço mais o canto da cigarra ao anoitecer,

Que saudade que eu tenho,

Já nem sinto prazer.


Quem fala é um poeta esquecido

Que, constrangido, vive a chorar. 

Desejo vitalidade às flores,

Diminuir minhas dores, me alegrar.

Eu quero retomar minha alegria

Quando raiar o dia;

Os pássaros cantando,

O outono que seja bem-vindo.

Quero viver sorrindo e não chorando. 


(Clara Nunes — Autor: Monarco)

Disco: "As forças da natureza" — 1977 — EMI-Odeon — XSMOFB 3946.

Foto: internet. 




quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Quem me ouvir cantar: letra — Música de Clara Nunes


Quem me ouvir cantar,

Quem me vir sorrindo assim,

Desconhece a mágoa que está dentro de mim.

Quando eu parar de cantar e sorrir,

Meus olhos estarão chorando,

Meu coração, penando por aquela que, tão longe,

Vai caminhando sem olhar para trás;

Não voltará jamais.


Ela não deu a esperança de voltar,

Mas o meu coração não se cansa de clamar;

Ela não volta mais, ela não vai voltar para o meu lar.


(Clara Nunes — Autor: Aniceto da Portela)

Disco: "Guerreira" — 1978 — EMI-ODEON 062 421096. Foto: internet. 


segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Quem dera: letra — Música de Clara Nunes


Ai, quem me dera, não sei quem sou,

E voltar novamente a ser quem era! (Refrão).

Voltar ao subúrbio da minha infância, 

Colhendo pandoca, pião de madeira...


Não há quem sufoque a nossa lembrança

De dona Cristina descendo a ladeira...

Ai, quem me dera...

Amarelinha traçada na rua, 

Cinema Cem Réis só na domingueira,

E a vida espiando, cismando, guardando,

E o tempo aumentando, me dando canseira.


E o tempo, aumentando, me dificultou,

Torceu meu destino de toda maneira.

Sei lá de onde vim, sei lá pra aonde vou;

Tenho pra morrer uma vida inteira...


Ai, quem me dera...

E me aborrece viver mal assim,

Pois mal se acorda e tem uma barreira,

E gente calando, medrando na vida, 

Largando o piano lá na gafieira.


Ai, quem me dera...


(Clara Nunes)




sábado, 9 de janeiro de 2021

Que seja bem feliz: letra — Música de Clara Nunes


Se bom pra você for,

Pode partir, amor,

E que seja bem feliz, e muito bem feliz!


Que Deus e a natureza,

As aves, nos seus ninhos, 

As flores, pela estrada, perfumem todos os caminhos.

Eu ficarei aqui, por você rezarei todas as tardes,

Ao bater a Ave-Maria.


Que seja bem feliz e leve-me na mente;

Que cresçam suas glórias,

E as minhas lágrimas, contentes.


(Clara Nunes — Autor: Cartola)

Disco: "Claridade — 1975 — Odeon  — XSMOFB 3884.

Foto: internet. 


sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Quase: letra — Música de Clara Nunes


Foi pensando em você 

Que eu escrevi esta triste canção;

Foi pensando em você,

Que é o meu tormento e minha paixão.


É nesse verso que eu quero dizer

Um amor profundo que eu sinto por você.

Seu olhar me fascina;

Oh, como eu vivo a sofrer! 


Quase que eu disse agora o seu nome, sem querer!

Não quero que zombem de nós toda essa gente,

E é por sua causa que eu estou tão diferente.

Bem pertinho de mim ele está, me ouvindo cantar,

E bem juntinho dele estou morrendo de amor.


(Clara Nunes: 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Quando vim de Minas: letra —Música de Clara Nunes


Quando eu vim de Minas

Trouxe ouro em pó,

Quando eu vim, quando eu vim de Minas,

Trouxe ouro em pó. (Ora, veja, você!)



Trabalhava lá em Minas,

Juntei dinheiro numa sacola;

Por causa de uma mineira

Quase que peço esmola! (Ora, veja, Xiló!)


Quando eu vim de Minas 

Trouxe ouro em pó,

Quando eu vim, quando eu vim de Minas 

Trouxe ouro em pó! (Ora, veja, você!)

Quando eu vim...


Você diz que é esperto,

Mais esperto fui eu só;

Eu que trabalhei na mina

E juntei meu ouro em pó!

Quando eu vim de Minas...


Trabalhava noite e dia,

Trabalhei com chuva e Sol,

Mas assim eu consegui

Foi trazer meu ouro em pó!

Quando eu vim de Minas... (Ora, veja, você!)


Sou mineiro, sou, de fato;

Sou mineiro, mas sou requintado!

Eu não volto lá pra Minas 

Porque tenho meu corpo cansado! (Ora, veja, Nhonhô!)

Quando eu vim de Minas...


(Clara Nunes — Autor: Xangô Da Mangueira)

Disco: "Clara Nunes" — 1973 — Odeon — SMOFB 3767.



Puxada da rede do xaréu — 2:— letra — Música de Clara Nunes


Iemanjá, Iemanjá!

Sou pescador,

Moro nas ondas do mar;

Também sou filho de Iemanjá!


(Clara Nunes — Autora: Maria Rosita Salgado Góis)

Disco: "Clara Nunes" — 1971 — MOFB 3667.

Foto: internet.  


segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Puxada da rede do xaréu — 1: letra — Música de Clara Nunes


Pescador dá presentes pra ela,

Iemanjá dele enamorou;

A jangada volta sem ele,

E os olhos da morena marejou.




Eu bem disse ao meu bem, serena,

Que não fosse ao mar, serena;

Ele foi e não voltou, serena:

Foi as ondas do mar que levou, serena. 


(Clara Nunes —  Autora: Maria Rosita Salgado Góis)

Disco: "Clara Nunes" — 1971 — Odeon — MOFB 3667.

Foto: internet .


sábado, 2 de janeiro de 2021

Punhal: letra — Música de Clara Nunes


Juro, eu rememoro muito,

E você está na mesma condição,

Mas ninguém quer fugir 

Do que ainda vai acontecer.




Tem que ser:

Você segura, eu seguro;

Tortura, torturo.

Nos apunhalamos os dois

Com o punhal do futuro,

E fica o presente obscuro

Assim como o passado algum:

Nem raro e nem comum...


E algo em nós se devorando;

Juro, eu me devoro junto

E você consumindo o seu.

Paixão, mas ninguém quer ferir

A quem jamais vai entender

Sem sofrer.


Você mistura, eu misturo;

Perjura, perjuro. 

Nos iluminamos os dois

Mergulhados no escuro,

E agora temos de ser duros

Pra não sofrermos mais depois.

Nós dois e outros dois

E a força mais e mais nos arrastando.


(Clara Nunes  — Autores: Guinga/Paulo César Pinheiro)

Disco: "Alvorecer" — 1974 — Odeon — SMOFB 3835.

Foto: internet. 





sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Pra esquecer: letra — Música de Clara Nunes


Naquele tempo em que você era pobre

Eu vivia como nobre, a gastar meu vil metal, 

E, por minha vontade, você foi para a cidade

Esquecendo a solidão 

E a miséria daquele barracão.


Tudo passou tão depressa,

Fiquei sem nada de meu;

Esquecendo a promessa, 

Você me esqueceu

E partiu com o primeiro que apareceu,

Não querendo ser pobre como eu.


E hoje em dia,

Quando por mim você passa,

Bebo mais uma cachaça 

Com meu último tostão;

Pra esquecer a desgraça 

Tiro mais uma fumaça 

Do cigarro que eu filei 

Do ex-amigo que outrora sustentei.


(Clara Nunes — Autor: Noel Rosa)

Disco: "Você passa eu acho graça" — 1968 — MOFB 3557. Foto: internet.