Que bom ficar assim, horas inteiras,
Fumando... E olhando as lentas espirais...
Enquanto, fora, cantam os beirais
A baladilha ingênua das goteiras...
E vai a névoa, a bruxa silenciosa,
Transformando a cidade, mais e mais,
Nessa Londres longínqua, misteriosa,
Das poéticas novelas policiais...
Que bom, depois, sair por essas ruas,
Onde os lampiões, com sua luz febrenta,
São sóis enfermos a fingir de luas...
Sair assim (tudo esquecer talvez!)
E ir andando, pela névoa lenta,
Com a displicência de um fantasma inglês...
(Poesia: Mário Quintana - In: Nariz de vidro, São Paulo - Ed. moderna, 1984 - pág. 19 - Foto: Leilane Diniz - Maine - EUA)
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