quarta-feira, 2 de julho de 2014

Poema começado do fim (Adélia Prado)


Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan Falando:
                  Parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
                                            eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres
                                   e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
                                    sobre nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan 
pela rua mais torta da cidade.
                          O caminho do Céu. 
(Poema: Adélia Prado - A faca no peito - Record, Rio de Janeiro, RJ - 1988 - Foto - Bete Diniz - Taperoá - PB)

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