domingo, 27 de junho de 2021

Vendedor de caranguejo: letra — Música de Clara Nunes


Caranguejo sá, olho gordo, guaiamum, 
Quem quiser comprar a mim
Cada corda de dez, eu dou mais um 
Eu dou mais um, eu dou mais um;
Cada corda de dez, eu dou mais um.



Caranguejo sá, caranguejo sá, 
Apanho ele na lama 
E trago no meu caçuá.

Eu perdi a mocidade
Com os "pé" sujo de lama,
Eu fiquei analfabeto, 
Mas meus "fio" criou fama.

Pelo gosto do menino, pelo gosto da "mulé"
Eu já ia descansar;
Não sujava mais os "pé".
Os bichinhos "tão" criado,
Satisfiz o meu desejo,
Eu podia descansar,
Mas continuo vendendo caranguejo.

Caranguejo sá, caranguejo sá,
Apanho ele na lama
E trago no meu caçuá.

Tem caranguejo, tem, gordo e guaiamum,
Cada corda de dez, eu dou mais um,
Eu dou mais um, eu dou mais um,
Cada corda de dez, eu dou mais um. 

Caranguejo sá, caranguejo sá, 
Apanho ele na lama 
E trago no meu caçuá.


(ClaraNunes — Autor: Gordurinha)
Disco: "Clara Clarice Clara" — 1972 — Odeon — MOFB — 3709.
Foto: Internet. 

domingo, 20 de junho de 2021

Vapor de São Francisco: letra — Música de Clara Nunes


Ela disse que eu não vou,

Mas eu vou no vapor São Francisco.





No mar eu descanso, no porto eu me arrisco

No vapor de São Francisco.

A noite é uma nuvem, o dia, um corisco

No vapor de São Francisco.

O mundo é uma volta, e a vida é um risco 

No vapor de São Francisco.


Ela disse que eu não vou,

Mas eu vou no vapor de São Francisco.


Vou no meio da corrente, 

Escapando do perigo;

Meu destino está na frente 

Do lugar aonde eu sigo.

Não tenho medo da chuva

Que já terminou tanta viagem;

Minha mãe morreu viúva 

Depois que me deu sua coragem.


Ela disse que eu não vou,

Mas eu vou no vapor de São Francisco.


O mar é dolente, e o vento é arisco

No vapor de São Francisco.

A história da gente parece um rabisco 

No vapor de São Francisco.

No meio do medo eu não tremo nem pisco

No vapor de São Francisco.


Ela disse que eu não vou,

Mas eu vou no vapor de São Francisco.


Quando a Lua vem surgindo

Pra enfeitar a solidão,

O vapor já vai partindo

Sem levar meu coração.

Vou pela beira do mundo,

Fugindo de toda cidade;

Não existe rio fundo

Pra caber minha saudade.


(Clara Nunes — Autores: Toninho Nascimento/Romildo)

Disco: " Nação" — 1982 — EMI-ODEON — 062 421236

Foto: Internet.

terça-feira, 15 de junho de 2021

Valsa de uma cidade: letra — Música de Clara Nunes

Vento do mar no meu rosto,

E o Sol a queimar, a queimar;

Calçada cheia de gente a passar

E a me ver passar!

Rio de Janeiro, gosto de você!

Gosto de quem gosta deste céu, Deste mar, dessa gente feliz!


Bem que eu quis escrever um poema de amor,

E o amor estava em tudo que eu vi

Dentro do quanto eu amei,

E no poema que eu fiz

Tinha alguém mais feliz que eu:

O meu amor, que não me quis.


(Clara Nunes — Autores: Antônio Maria/Ismael Neto)

Disco: "Brasileiro profissão esperança" — 1974 — Odeon — SMOFB 3838.

Foto: internet. 


domingo, 13 de junho de 2021

Valsa de realejo: letra — Música de Clara Nunes


Todos estão pelo salão, amor, 

E essa canção ninguém descobre de onde vem;

Me dê a mão,  vamos dançar também. 


De coração aberto, a gente faz projeto, amor,

A gente escolhe um rumo pro nosso desejo,

Mas nem tudo dá certo.

O tempo é o mal secreto, amor,

Ele brinca nos caminhos com nosso cortejo. 


A morte está por perto,

O tempo é o objeto, amor,

E ela é quem nos dará o derradeiro beijo;

Mas, morrendo o poeta,

A música prossegue, amor,

Pois é a mão de Deus que movimenta o realejo.


Todos são dançarinos na sala do destino, amor,

São pares que volteiam juntos,

Mas jamais se cruzam, pois não têm domínio;

É um moto-contínuo.

Viver é que é valsar,

A valsa é que é o fascínio.

Pelo que vejo, você não está dançando, amor,

O realejo está tocando, amor.


(Clara Nunes — Autores: Guinga/Paulo César Pinheiro)

Disco: "Claridade" — 1975 — Odeon — XSMOFB 3884

Foto: internet.  





quarta-feira, 9 de junho de 2021

Valeu pelo amor: letra — Música de Clara Nunes


Pra que serve essa rosa perfumada, amor?

Por que seus belos sonhos valem nada, amor?

Pra mim valeu!

Valeu como esse pinho encabulado

Que me arranca dessa mágoa, amor!


Pra que essa saudade de um passado em flor?

Por que, se o ideal vivemos agora, amor?

Pra mim valeu!

Valeu como a viola tão sonora,

Que me dá tanta alegria, amor!


Pra que todo esse choro lhe virando em dor?

Por que levar a vida sem nenhum calor?

Vamos viver e dizer que a vida é sempre tão incerta 

E cantar de voz aberta, amor!

Pra nós valeu!

Valeu pelo amor que temos agora!

Venha ouvir minha viola, amor!

O amor valeu!


(Clara Nunes — Autor: Ivor Lancellotti)

Disco: "Clara Nunes" — 1973 — Odeon — SMOFB 3767.

Foto: internet.