Ai, quem me dera, não sei quem sou,
E voltar novamente a ser quem era! (Refrão).
Voltar ao subúrbio da minha infância,
Colhendo pandoca, pião de madeira...
Não há quem sufoque a nossa lembrança
De dona Cristina descendo a ladeira...
Ai, quem me dera...
Amarelinha traçada na rua,
Cinema Cem Réis só na domingueira,
E a vida espiando, cismando, guardando,
E o tempo aumentando, me dando canseira.
E o tempo, aumentando, me dificultou,
Torceu meu destino de toda maneira.
Sei lá de onde vim, sei lá pra aonde vou;
Tenho pra morrer uma vida inteira...
Ai, quem me dera...
E me aborrece viver mal assim,
Pois mal se acorda e tem uma barreira,
E gente calando, medrando na vida,
Largando o piano lá na gafieira.
Ai, quem me dera...
(Clara Nunes)
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