Com o passo lento, olhar meio espantado
Receios de ser visto, e em pejo ardendo,
Perdendo logo a cor e estremecendo,
Se viu que por alguém fora notado.
Posto a um canto da sala, acocorado,
Em cólicas mortais se retorcendo,
Com medo de falar e conhecendo
A triste posição de ser calado;
Sentindo ânsias custar-lhe o pensamento
E a cada olhar que ali lhe estão lançando
Vê aumentar-se-lhe o retraimento;
Oh! destino cruel, atroz, nefando!
É isto que se chama ACANHAMENTO,
Que o talento amesquinha e o vai matando.
(Castro Alves - BA - Recife 19/04/1866)
(Foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)
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