Se eu pudesse
Sairia derramando dinheiro silenciosamente
Nos bolsos dos pobres
Caídos de cansaço e de fome
Em bancos de jardins abandonados.
Se eu pudesse
Sairia povoando de sono e de sonhos
As noites indormidas dos desesperados.
Se eu pudesse
– Ah! Se eu pudesse –
Afugentaria da terra a desconfiança
Que embacia os olhares mais claros
E torna turvos os horizontes mais limpos...
Não sei o que digo, Senhor!
Se deixas na Terra
A pobreza, a insônia e a desconfiança
É porque elas traduzem uma mensagem
Cifrada para os homens
E não entram por acaso
Na vida de ninguém.
(Rio de Janeiro, 25/04/1948)
(Poesia: Dom Hélder Câmara. Foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)
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