Andorinha é a presa do picanço
Beija-flor todo dia a flor beija
E a pequena floresta onde eu descanso
É um mundo de fera e de presa
Quero muito zelar pela pureza
Pelo rei, pela fada, pelo santo
Escondendo na mata o meu espanto
Como é grande e bonita a natureza
Oiê, oiê, como é grande e bonita a natureza.
Eu me chamo João, Joana chama
Pra mostrar verdes olhos, verde queixa,
Pra plantar minha crença galopando
Quero Sol, quero chuva que despeja
Minha força taí nessa peleja
No rastejo arrastado do meu chão
Vou fazendo do mote o meu refrão
Como é grande e bonita a natureza
Oiê, oiê, como é grande e bonita a natureza.
O cometa que passa vai passando
E a estrela do norte pestaneja
Zelação pelo céu alumiando
No clarão da manhã a noite fecha
Minha sorte no meio dessa riqueza
Meu desejo, meu sonho, meu sertão
Meu inverno e a promessa de um verão
Como é grande e bonita a natureza,
Oiê, oiê, como é grande e bonita a natureza.
Eu sou feito da força do remanso
A paulada no couro me desfecha
No momento da fome eu me avanço
Pra comer como tudo que me deixa
A coragem embarcou nessa afoiteza
Minha sede abre a boca num rasgão
Que não sofra por mim, viu, meu irmão
Como é grande e bonita a natureza
Oiê, oiê, como é grande e bonita a natureza.
Canta: Clara Nunes – autores: Sivuca/Glorinha Gadelha
Disco: Clara – 1981
EMI-Odeon – 062 421224
sábado, 21 de janeiro de 2017
Coisa da antiga: Letra - Música de Clara Nunes
Na tina, vovó lavou, vovó lavou
A roupa que mamãe vestiu quando foi batizada,
E mamãe quando era menina teve que passar,
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de engomar.
Hoje mamãe me falou de vovó, só de vovó
Disse que no tempo dela era bem melhor
Mesmo agachada na tina
E soprando no ferro de carvão
Tinha-se mais amizade e mais consideração.
Disse que naquele tempo a palavra
De um mero cidadão
Valia mais que hoje em dia
Uma nota de milhão.
Disse afinal que o que é liberdade
Ninguém mais hoje liga
Isso é coisa da antiga.
Hoje o olhar de mamãe marejou, só marejou
Quando se lembrou do velho, o meu bisavô.
Disse que ele foi escravo
Mas não se entregou à escravidão
Sempre vivia fugindo e arrumando confusão.
Disse pra mim que essa estória
Do meu bisavô, negro fujão,
Devia servir de exemplo a esses nego Pai João.
Disse afinal que o que é de verdade
Ninguém mais hoje liga
Isso é coisa da antiga.
Canta: Clara Nunes – autores: Wilson Moreira/Nei Lopes
Disco: As forças da natureza – 1977
EMI-Odeon – XSMOFB 3946
A roupa que mamãe vestiu quando foi batizada,
E mamãe quando era menina teve que passar,
Teve que passar
Muita fumaça e calor no ferro de engomar.
Hoje mamãe me falou de vovó, só de vovó
Disse que no tempo dela era bem melhor
Mesmo agachada na tina
E soprando no ferro de carvão
Tinha-se mais amizade e mais consideração.
Disse que naquele tempo a palavra
De um mero cidadão
Valia mais que hoje em dia
Uma nota de milhão.
Disse afinal que o que é liberdade
Ninguém mais hoje liga
Isso é coisa da antiga.
Hoje o olhar de mamãe marejou, só marejou
Quando se lembrou do velho, o meu bisavô.
Disse que ele foi escravo
Mas não se entregou à escravidão
Sempre vivia fugindo e arrumando confusão.
Disse pra mim que essa estória
Do meu bisavô, negro fujão,
Devia servir de exemplo a esses nego Pai João.
Disse afinal que o que é de verdade
Ninguém mais hoje liga
Isso é coisa da antiga.
Canta: Clara Nunes – autores: Wilson Moreira/Nei Lopes
Disco: As forças da natureza – 1977
EMI-Odeon – XSMOFB 3946
Clarice: Letra - música de Clara Nunes
Há muita gente apagada pelo tempo
Nos papéis desta lembrança que tão pouco me ficou
Igrejas brancas, luas claras nas varandas
Jardins de sonho e cirandas, foguetes claros no ar.
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração
Clarice era morena como as manhãs são morenas.
Era pequena no jeito de não ser quase ninguém
Andou conosco caminhos de frutas e passarinhos
Mas jamais quis se despir entre os meninos e os peixes
Entre os meninos e os peixes, entre os meninos e os peixes do rio, do rio.
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração
Tinha receio do frio, medo de assombração.
Um corpo que não mostrava feito de adivinhações
Os botões sempre fechados, Clarice tinha o recato de convento e procissão
Eu pergunto o mistério, que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração.
Soldado fez continência, o coronel reverência
O padre fez penitência, três novenas e uma trezena
Mas Clarice era a inocência, nunca mostrou-se a ninguém
Fez-se modelo das lendas, fez-se modelo das lendas.
Das lendas que nos contaram as avós
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração.
Tem que um dia amanhecia e Clarice
Assistiu minha partida, chorando pediu lembranças
E vendo o barco se afastar de Amaralina
Desesperadamente linda, soluçando e lentamente.
E lentamente despiu o corpo moreno
E entre todos os presentes
Até que seu amor sumisse
Permaneceu no adeus chorando e nua.
Para que a tivesse toda
Todo o tempo que existisse
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração.
Canta: Clara Nunes – autores: Capinan/Caetano Veloso
Disco: Clara Clarice Clara – 1972
Odeon – MOFB 3709
Nos papéis desta lembrança que tão pouco me ficou
Igrejas brancas, luas claras nas varandas
Jardins de sonho e cirandas, foguetes claros no ar.
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração
Clarice era morena como as manhãs são morenas.
Era pequena no jeito de não ser quase ninguém
Andou conosco caminhos de frutas e passarinhos
Mas jamais quis se despir entre os meninos e os peixes
Entre os meninos e os peixes, entre os meninos e os peixes do rio, do rio.
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração
Tinha receio do frio, medo de assombração.
Um corpo que não mostrava feito de adivinhações
Os botões sempre fechados, Clarice tinha o recato de convento e procissão
Eu pergunto o mistério, que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração.
Soldado fez continência, o coronel reverência
O padre fez penitência, três novenas e uma trezena
Mas Clarice era a inocência, nunca mostrou-se a ninguém
Fez-se modelo das lendas, fez-se modelo das lendas.
Das lendas que nos contaram as avós
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração.
Tem que um dia amanhecia e Clarice
Assistiu minha partida, chorando pediu lembranças
E vendo o barco se afastar de Amaralina
Desesperadamente linda, soluçando e lentamente.
E lentamente despiu o corpo moreno
E entre todos os presentes
Até que seu amor sumisse
Permaneceu no adeus chorando e nua.
Para que a tivesse toda
Todo o tempo que existisse
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração.
Canta: Clara Nunes – autores: Capinan/Caetano Veloso
Disco: Clara Clarice Clara – 1972
Odeon – MOFB 3709
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Cinto cruzado: Letra - Música de Clara Nunes
Mandacaru é vermelho como o Sol do sertão
Cacimba seca é o espelho, pega fogo no chão,
Sem água o gado se perde;
O que mata o boi mata o verde: é sede.
Barriga grande de filho é barro, é bicho, é inchação,
Que o fim do magro novilho é o bico do gavião,
Sem mato o gado não come;
O que mata o boi, mata o “home”: é fome.
Eh! Vida de cão! Trabalha e nunca tem nada não.
Danação! Arrancando o couro pro patrão
Pros “feitor” e pros “macaco” só pedindo proteção
A Corisco, a Ventania, a Vorta-seca, a Lampião;
Aí que eles vão ver como se dança o baião.
Bota o cristão de joelho pra sangrar o coração
E sai o facão vermelho igual luar do sertão
Pros “coroné” só o cangaço,
No parabelo ou no braço ou no aço
Ou segue enxada no agreste ou pedra na construção;
Sina de pobre é má sorte,
Paz de caboclo do norte é morte,
É só provação,
É dono de engenho e capitão,
Perdição,
Na fé no “padim Ciço Romão”.
Vou botar cinto cruzado, peixeira, chapéu, gibão,
Acender nome de guerra no pavio de Lampião;
Aí que eles vão ver como se dança o baião.
Mandacaru é vermelho...
Canta: Clara Nunes – Autores: Guinga/Paulo César Pinheiro
Disco: Nação – 1982
EMI-Odeon – 062 421236
Cacimba seca é o espelho, pega fogo no chão,
Sem água o gado se perde;
O que mata o boi mata o verde: é sede.
Barriga grande de filho é barro, é bicho, é inchação,
Que o fim do magro novilho é o bico do gavião,
Sem mato o gado não come;
O que mata o boi, mata o “home”: é fome.
Eh! Vida de cão! Trabalha e nunca tem nada não.
Danação! Arrancando o couro pro patrão
Pros “feitor” e pros “macaco” só pedindo proteção
A Corisco, a Ventania, a Vorta-seca, a Lampião;
Aí que eles vão ver como se dança o baião.
Bota o cristão de joelho pra sangrar o coração
E sai o facão vermelho igual luar do sertão
Pros “coroné” só o cangaço,
No parabelo ou no braço ou no aço
Ou segue enxada no agreste ou pedra na construção;
Sina de pobre é má sorte,
Paz de caboclo do norte é morte,
É só provação,
É dono de engenho e capitão,
Perdição,
Na fé no “padim Ciço Romão”.
Vou botar cinto cruzado, peixeira, chapéu, gibão,
Acender nome de guerra no pavio de Lampião;
Aí que eles vão ver como se dança o baião.
Mandacaru é vermelho...
Canta: Clara Nunes – Autores: Guinga/Paulo César Pinheiro
Disco: Nação – 1982
EMI-Odeon – 062 421236
Cheguei à conclusão: Letra - Música de Clara Nunes
Você mentiu,
Chorou, depois sorriu;
Cheguei à conclusão
De que você não tem coração. (Bis)
Seu mal não quero ver,
Procure me esquecer;
A vida é mesmo assim,
E o nosso amor chegou ao fim.
Canta: Clara Nunes – Autor: Darcy da Mangueira
Disco: Você passa eu acho graça – 1968
Odeon – MOFB 3557
Chorou, depois sorriu;
Cheguei à conclusão
De que você não tem coração. (Bis)
Seu mal não quero ver,
Procure me esquecer;
A vida é mesmo assim,
E o nosso amor chegou ao fim.
Canta: Clara Nunes – Autor: Darcy da Mangueira
Disco: Você passa eu acho graça – 1968
Odeon – MOFB 3557
Castigo: Letra - Música de Clara Nunes
A gente briga,
Diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar.
Vem belo dia a gente entende
Que ficou sozinha
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar...
Você se lembra,
Foi isto mesmo que se deu comigo
Eu tive orgulho e tenho por castigo
A vida inteira pra me arrepender.
Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria esta mulher que chora,
Eu não teria perdido você.
Canta: Clara Nunes - Autora: Dolores Duran
Disco: Brasileiro Profissão Esperança
Odeon – SMOFB 3838
Diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar.
Vem belo dia a gente entende
Que ficou sozinha
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar...
Você se lembra,
Foi isto mesmo que se deu comigo
Eu tive orgulho e tenho por castigo
A vida inteira pra me arrepender.
Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria esta mulher que chora,
Eu não teria perdido você.
Canta: Clara Nunes - Autora: Dolores Duran
Disco: Brasileiro Profissão Esperança
Odeon – SMOFB 3838
Casinha pequenina: Letra - Música de Clara Nunes
Tu não te lembras da casinha pequenina
Onde o nosso amor nasceu
Tu não te lembras da casinha pequenina
Onde o nosso amor nasceu.
Tinha um coqueiro do lado
Que, coitado, de saudade já morreu. (Bis)
É verdade, é verdade,
Coqueiro deu um suspiro e morreu
É verdade, é verdade,
O resto dessa saudade sou eu. (Bis)
Tu não te lembras das juras e perjuras
Que fizeste com fervor
Tu não te lembras das juras e perjuras
Que fizeste com fervor.
Daquele beijo demorado, prolongado,
Que selou nosso amor,
Daquele beijo demorado, prolongado
Que selou nosso amor.
Autor: Folclore
Disco: A beleza que canta – 1969
Odeon – MOFB 3594
Onde o nosso amor nasceu
Tu não te lembras da casinha pequenina
Onde o nosso amor nasceu.
Tinha um coqueiro do lado
Que, coitado, de saudade já morreu. (Bis)
É verdade, é verdade,
Coqueiro deu um suspiro e morreu
É verdade, é verdade,
O resto dessa saudade sou eu. (Bis)
Tu não te lembras das juras e perjuras
Que fizeste com fervor
Tu não te lembras das juras e perjuras
Que fizeste com fervor.
Daquele beijo demorado, prolongado,
Que selou nosso amor,
Daquele beijo demorado, prolongado
Que selou nosso amor.
Autor: Folclore
Disco: A beleza que canta – 1969
Odeon – MOFB 3594