terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Desenho estranho no céu

Parece um gafanhoto,
Parece um disco voador,
Parece uma porta no céu...
Aos olhos de cada um
O que parece este desenho da fotografia?

Desde criança a gente se pega a imaginar
Que no céu moram criaturas,
E a gente até jura que as vê...



A prova são as figuras estranhas nas nuvens,
Desenhos indecifráveis...
Quem não as contemplou um dia? 

(Poesia e foto: Bete Diniz - Taperoá - PB)

Os olhos veem sem ver...

Quando te quero ver, cerro as pálpebras e, 
Concentrando a visão, fico a pensar em ti.
Aos olhos vem-me assim, num sonho ingênuo e doce, 
A tua imagem fiel, como se viva fosse.

E eu sinto bem que és tu, que emerges do meu ser, 
Numa névoa fugaz, para eu te poder ver.

Névoa que se faz luz, sombra que se ilumina, 
Vens espiritualmente assomar à retina...

Surges no coração, onde hoje vives, pois 
Sobes ao pensamento e ao olhar vens depois.

Tens em tudo a expressão que no mundo tiveste, 
Tenha embora a beleza um encanto celeste.

Mas, em forma incorpórea, és tu mesma, porque 
Como te vi em vida a alma em sonho te vê.

E é tão viva a impressão que ninguém se persuade  
De que a vida se extinga, existindo a saudade...

Não pode ser engano a visão interior 
Que os olhos veem sem ver, por milagre do amor.

Quem sabe há no meu ser um espelho encantado, 
Onde indelével se reflete o meu passado!

Acaso há dentro em mim uma fonte de luz, 
Que a tua vida em minha vida reproduz!

É por isso, talvez, que em vago encantamento,  
Eu me deixo levar pelo meu pensamento.

E, se te quero ver, fecho os olhos e, então, 
Em silêncio me entrego a essa amada ilusão...

(Poesia: Da Costa e Silva - Foto: Carlos Diniz - Rio de Janeiro - RJ)

O Móblile (Sergio Capparelli)

Quatro palhaços
Dançam contentes
Soltos no ar
Feito meninos.

Quatro palhaços
Fracos, franzinos,
Dançam num móbile
Cheio de sinos.

Quatro palhaços
- De jeito ladino - 
Tocam viola 
E violino.

Quatro palhaços
Estão dormindo
Dentro dos olhos
De um menino.

(Poesia: Sérgio Capparelli - 111 poemas para crianças - Porto Alegre, L&M, 2008. p. 16 Foto: internet)