quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Diógenes - filósofo grego


Diógenes nasceu no ano 414 a.C e faleceu no ano 323 a.C. Era pobre por escolha: morava num tonel, vestia-se com uma única roupa, uma capa velha e rasgada, andava descalço e comia em vasilhas destinadas aos cães. 

Sua filosofia combatia a riqueza, o artificialismo e os preconceitos raciais, sendo ele o principal filósofo da escola cínica. Um dos seus maiores admiradores foi Alexandre, o Grande. Conta-se que em Corinto, um dia, estando Diógenes sentado no chão, Alexandre ficou à sua frente, fazendo-lhe sombra, e lhe disse: “Dize-me o que queres, e eu lhe darei”. O filósofo respondeu-lhe: “Não me tires o que não me podes dar”. Ele se referia à luz do Sol que lhe aquecia e que Alexandre interceptou, quando ficou à sua frente. 

Outra vez Diógenes viu um menino bebendo água de uma fonte com a palma das mãos e disse: “Esse menino ensinou-me que ainda possuo coisas supérfluas”, e destruiu a tigela com que bebia água.  

Fonte:
DICIONÁRIO Universal de Curiosidades. Comércio e importação de livros Cil S.A., vol. 3, pág. 629, São Paulo, 1968.  
   
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet) 

Diocleciano


César Caio Aurélio Valério Diocleciano Augusto (Caesar Gaius Aurelius Valerius Diocletianus Augustus, imperador romano) nasceu em Diocleia, perto de Salona, Dalmácia, atual Croácia, perto de Split, no dia 22 de dezembro de 244 da era cristã.

De família ilíria humilde, começou a carreira militar no império de Numeriano. Foi governador de Mísia, antiga região do noroeste da Ásia Menor, e no ano 282 foi chefe da guarda imperial; em 283 tornou-se cônsul. Foi aclamado imperador pelas Legiões no dia 20 de novembro de 284, depois do assassinato de Numeriano. 

Logo mudou seu nome de batismo, Diocles, para Diocleciano. Seu primeiro ato como imperador foi assassinar pessoalmente o assassino de Numeriano, Árrio Áper. Tomou uma atitude corajosa quando dividiu o império romano em dois: oriental e ocidental. Para governar o império romano oriental nomeou Maximiniano (Marcus Aurelius Valerius Maximianus), e Diocleciano ficou com o domínio do império oriental, quando recuperou a Mesopotâmia e estabeleceu pretorado sobre a Armênia. 

Durante os anos 293 a 305 d.C. impôs uma reforma política, militar, judiciária, econômica e financeira ao império. Criou também uma tetrarquia, nomeando para governar com ele no oriente, e depois sucedê-lo, Galério (Gaius Galerius Valerius Maximianus) e para o governo do ocidente nomeou Constâncio Cloro (Flavius Valerius Constantius Chlorus). Maximiano governava a Itália e a África, e Constâncio Cloro governava a Grã-Bretanha, a Gália e a Espanha. Galério governava as regiões do Danúbio e a Ilíria, e Diocleciano governava o Egito e a 
maior parte do oriente. 

Durante seu reinado Diocleciano foi tolerante com os cristãos, mas no ano 303 iniciou uma perseguição religiosa violenta na Itália, na África e no oriente. Afastou os senadores do poder e reforçou o poderio militar, quando criou um exército de reserva separado do de fronteira. Fundou centros administrativos em Nicomédia – atual Izmit, Mediolanum – atual Milão, Antioquia e Augusta Trevorum- atual Trier.    

Diocleciano era conhecido também pelo nome de Juveo Augusto, e Maximiano, de Hercúleo César. Sua esposa chamava-se Prisca e sua única filha, Valéria.

No dia 1º de maio de 305 Diocleciano renunciou ao poder romano, depois de grave doença, obrigando Maximiano a fazer o mesmo, e foi morar num suntuoso palácio construído por ele em Spalatum, atual Split, onde faleceu, no dia 3 de dezembro de 311 da era cristã. 

Bibliografia:
ENCICLOPÉDIA brasileira Globo. Editora Globo, Porto Alegre, 1974.
DICIONÁRIO Enciclopédico Ilustrado Formar, 5ª Ed., vol. III, pág. 1179. Editora e Encadernadora Formar LTDA., São Paulo. 

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

Deodoro da Fonseca


Marechal Manuel Deodoro da Fonseca nasceu no dia 5 de agosto de 1827, em Alagoas, (atual cidade de Marechal Deodoro), na então província de Alagoas. Era filho do tenente-coronel Manuel Mendes da Fonseca e dona Rosa Maria Mendes da Fonseca, sendo o terceiro dos dez filhos do casal, entre eles duas mulheres. Todos os oito filhos homens do casal seguiram carreira militar. 

Ingressou no Exército em 1845, estudando na Escola Militar do Rio de Janeiro; passou depois para a Academia Militar, onde concluiu o curso em 1848, na Arma de Artilharia. Em seguida participou da luta contra a Revolução Praieira em Pernambuco (1848-49), no posto de tenente. Por causa de seu temperamento difícil sofreu cinco prisões disciplinares, entre os anos 1851 e 1853. Melhorou seu comportamento depois dos conselhos de sua mãe.

Casou-se no ano 1860. Em dezembro de 1864, já como capitão, participou da guerra contra dom Atanásio Cruz Aguirre, do Uruguai. Saindo-se vencedor, depôs Aguirre e colocou na presidência do Uruguai o gen. Flores. Depois da missão no Uruguai foi enviado para nova frente de batalha, na guerra contra o Paraguai, sob o comando do gen. Osório. Sem tempo para visitar a família, passou cinco anos nas frentes de batalha, onde perdeu três irmãos e foi ferido gravemente no ventre por uma bala, na batalha de Itororó.

Hospitalizado para curar o ferimento, voltou à batalha na Campanha da Cordilheira, sob o comando do Conde D’EU, sem ter-se curado do ferimento. Ao fim da guerra foi condecorado com todas as medalhas de Campanha e elogiado pelo Duque de Caxias. De volta para a família, no dia 14 de outubro de 1874 foi promovido a brigadeiro, tendo a primeira comissão no Rio Grande do Sul, como inspetor da Fronteira Quaraí-Santana.

Em 1883 e 1885 comandou as Armas da Província; em 1884 foi promovido a marechal-de-campo e ajudante-geral do Exército e vice-presidente da província do Rio Grande do Sul, tornando-se seu presidente no ano seguinte. 

Nessa época envolveu-se com a Questão Militar, conflito surgido entre os oficiais do Exército e o governo Imperial, que proibiu militares de se manifestarem pela imprensa sobre qualquer assunto. Por ter-se colocado a favor dos seus colegas do Exército, foi demitido da presidência da província do Rio Grande do Sul e regressou ao Rio de Janeiro. Por sua atitude, ficou amado pelo Exército, tornando-se porta-voz de sua classe. Em maio de 1887 a Questão Militar foi resolvida, e os militares foram autorizados a se manifestarem através da Imprensa, excluindo-se questões referentes aos seus trabalhos.

Ainda apoiando a Monarquia, Deodoro ajudou a fundar o Clube Militar. Foi portador da mensagem à Princesa Isabel, regente Imperial, de que o Exército não participaria da caça aos escravos fugitivos, em solidariedade ao movimento abolicionista.

Em fins de 1888 foi transferido para o comando-de-armas em Mato Grosso. Insatisfeito, começou a simpatizar-se com o movimento republicano. A crise se agravou quando o Visconde de Ouro Preto, presidente do Gabinete de Ministros, nomeou o coronel Cunha Matos, subordinado seu, como presidente da província de Mato Grosso. Deodoro voltou então ao Rio de Janeiro. 

No Rio, doente, recolheu-se à sua casa, mas os republicanos, liderados por Quintino Bocaiúva e pelo tenente-coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, traziam-lhe boatos contra o governo Imperial. Indignado com tais boatos, saiu do seu repouso e mesmo sem condições físicas, liderou um movimento armado para derrubar o gabinete do Visconde de Ouro Preto. Na madrugada do dia 15 de novembro de 1889, seguiu à frente de inúmeros batalhões para lutar contra o Império, que não reagiu. 

Determinada a prisão do Visconde de Ouro Preto e de alguns auxiliares, Deodoro saiu em desfile pela cidade, acenando com seu quepe, ao som dos gritos dos republicanos, que diziam: “Viva a República!”. Com a República instalada, assumiu a chefia do Estado para garantir a ordem no país e, como chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, assinou vários despachos, dentre eles o banimento da Família Imperial.

Seu primeiro ano de governo transcorreu em paz, mas uma crise financeira assolou o país, conhecida pelo nome de Encilhamento. Em 15 de novembro de 1890 foi eleita uma Assembleia Constituinte para elaborar a Nova Constituição, quando ele começou a sofrer oposição do Congresso Nacional. Com a aprovação da primeira Constituição Republicana do Brasil em 24 de fevereiro de 1891, o país adotou a eleição indireta para presidente da República.

No dia 25 de fevereiro de 1891 a Assembleia elegeu o primeiro presidente. Deodoro, como candidato natural ao cargo, não teve boa votação, mas venceu a eleição. O seu candidato a vice-presidente foi derrotado pelo oposicionista Marechal Floriano Peixoto.

Insatisfeito com a oposição sofrida pelo Congresso, deu um golpe de Estado no dia 3 de novembro de 1891, quando dissolveu o Congresso. Dessa atitude surgiram várias revoltas populares, como no Rio Grande do Sul, com a primeira greve dos trabalhadores da estrada de ferro Central do Brasil, e rebelião em setores da Marinha, sob a liderança do almirante Custódio José de Melo, no dia 23 de novembro.

Sem reação, Deodoro renunciou ao cargo, passando-o ao vice-presidente Floriano Peixoto. Recolheu-se à sua casa e não mais participou de política. De saúde frágil, faleceu no dia 23 de agosto de 1892, em sua residência. Foi enterrado com trajes civis, como pedira.

Bibliografia:
ENCICLOPÉDIA de Educação Moral, Cívica e Política. Vol. IV, págs. 430 a 434. São Paulo, Michalany, 1971.
ENCICLOPÉDIA brasileira Globo. Vol. V. Porto Alegre, Globo, 1974.
CARVALHO, Geraldo Magela de. Atlas Ecos de Biografias, págs. 42 a 43. João Pessoa, Ecos, 1977.
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Cristóvão Colombo


Cristóvão Colombo nasceu em Gênova, Itália, possivelmente no ano 1451. Era filho do tecelão Domenico Colombo e Susana Fontanarossa, sendo o primogênito entre os 5 filhos do casal. Quando adolescente, já tinha conhecimentos de geografia, astrologia, aritmética e geometria. Gostava de ler as obras de Aristóteles, Estrabão e Ptolomeu. Leu também alguns livros de sua época: “O imago mundi”, do cardeal D’Ailly, grande geógrafo da tradição escolástica; o “Sphaera mundi”, de Sacaobosco, editados em 1403; “O milhão”, de Marco Polo, edição latina de 1485. 

Aos 14 anos de idade já era marinheiro. Fez muitas viagens pelo Atlântico em navios comerciais, indo pela Islândia até à costa do ouro, na África. Também fazia e vendia mapas. Aos 22 anos viajou num navio fretado por Renato II D’Anjou, pretendente ao trono de Nápoles, que queria interceptar uma embarcação do rei de Aragão, dom João II. Colombo talvez tenha sido o comandante do navio. Em 1474 viajou para Scio, numa viagem comercial. Dizem os historiadores que ele chegou a Portugal a nado e ferido, em 1476, como sobrevivente de uma frota genovesa atacada por navios franco-lusitanos a seis milhas de Lagos. 

Desde então passou a viver naquele país e frequentava a escola de Sagres. Em 1478 fez sua última viagem à sua terra natal e outras através da África. 

Por causa das viagens, cada dia ficava mais fascinado pela aventura. Influenciado pelas histórias das viagens de Marco Polo à China, de onde vinham produtos luxuosos e especiarias, projetou uma viagem com o mesmo fim, mas indo ao oriente navegando pelo Atlântico, pois acreditava que a Terra era redonda e o mar, navegável. 

No ano 1479 casou-se com Filipa Perestrelo, parenta da Família Real dos Bragança e filha de Bartolomeu Perestrelo, navegador que descobriu as ilhas da Madeira e outras daquele grupo, visitadas pelos italianos no século XIV, e falecido com o título de capitão da ilha de Porto Santo, onde Colombo e Filipa foram viver. No ano seguinte nasceu seu filho Diego. Filipa possivelmente faleceu no ano 1483.  

Depois da morte da esposa, Colombo resolveu pedir apoio ao rei de Portugal, dom João II, para o seu projeto da viagem às Índias pelo Atlântico, mas foi rejeitado pelo Conselho português. Desgostoso, ele viajou para a Espanha, para pedir ajuda aos reis Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Perto do Porto de Palos deixou seu filho Diego no convento da La Rábida, e recebeu dos monges uma carta de recomendação para o Duque de Medina Celi, dom Luís de La Cerda, um armador em Sevilha.

O duque aceitou o projeto de Colombo, mas pediu a aprovação dos reis. Consultou Isabel, que pediu o encaminhamento do projeto e de seu criador para Córdoba, sede do reino. Depois de criada uma comissão para avaliar o projeto, somente no ano 1490 Colombo recebeu uma resposta negativa para seu sonho. Mas ele não desistiu. Por esse tempo conheceu sua segunda esposa, Beatriz Henríquez de Araña, com quem teve um filho, Fernando, que seria seu biógrafo. Viajou novamente para Portugal, depois foi para a Inglaterra, sob o domínio do rei Henrique VII, mas foi capturado por corsários, tornando-se prisioneiro deles por longo tempo. 

De volta à Espanha, seguiu para Salamanca, onde pediu ajuda ao confessor da rainha Isabel, o padre Juan Peres. Avisada pelo padre, a rainha enviou dinheiro para que Colombo seguisse para Granada, a nova sede do reino. Do encontro de Colombo com a rainha, finalmente seu sonho seria realizado. O projeto seria financiado por Isabel, que empenharia suas joias, porém foi financiado por banqueiros italianos que estavam na Espanha. 

Colombo recebeu da rainha 3 caravelas: Santa Maria, Pinta e Nina, e foi apoiado pelos irmãos Martim Alonso Pinzón e Vicente Yanes Pinzón, Diego de Lepe e Juan de La Cosa, todos navegadores. Antes de partir para a viagem, Colombo assinou um acordo com os reis Fernando e Isabel, no dia 17 de abril de 1492, que lhe garantia os títulos de vice-rei e governador das Índias, 10% de todos os produtos extraídos em novas terras e outras vantagens econômicas, podendo ainda fazer parte da nobreza espanhola, com o título de cavaleiro, que seria transmitido aos seus herdeiros.

Acertado o acordo, Colombo partiu no dia 3 de agosto do mesmo ano, saindo do porto de Palos. Navegou por 69 dias, enfrentando o desalento e a desconfiança da tripulação, que já não esperava mais pisar em terra firme, e temeu pela própria vida, sob ameaça. Mas, finalmente, na noite do dia 11 para o dia 12 de outubro daquele ano avistou terra firme e aportou na ilha que chamou de São Salvador; descobriu também as ilhas de Cuba e Haiti, que ele chamou de Hispaniola. Acreditando ter chegado ao oriente, chamou os nativos de Tainos – índios – pois pensou ter chegado às Índias. 

Regressou para a Espanha com as caravelas “Pinta” e “Niña”, deixando a nau Santa Maria. Levou consigo 10 índios e um pouco de ouro dado por eles. Foi recebido pelos espanhóis com festas e honrarias e todos os títulos e privilégios previstos em contrato. 

Colombo ainda fez mais três viagens à América. Para a segunda viagem recebeu 17 navios, provisão para 6 meses e cerca de 1.200 homens, sendo marinheiros, soldados e colonos. A frota partiu de Cadiz no dia 25 de setembro de 1493. Depois de 40 dias de viagem, avistou a ilha que chamou de Dominica; percorreu algumas antilhas até chegar a Hispaniola, onde ficou dois meses. Voltou a Cadiz em junho de 1496 e começou a usar trajes de franciscano até sua morte. 

Para a terceira viagem, com destino à Hispaniola, recebeu 8 navios. Nessa viagem chegou às ilhas de Cabo Verde e depois navegou até à zona do equador, perto da atual Venezuela, no dia 31 de julho de 1498. Chegou em Hispaniola em agosto do mesmo ano. Em Hispaniola, enfrentou uma revolta de espanhóis, que conseguiu controlar. Porém, foi investigado e responsabilizado pelo levante, sendo preso e acorrentado pelo novo governador da ilha, Francisco Bobadilha. Acompanhado pelo seu irmão Bartolomeu e seu filho Diego, que também foram presos e acorrentados, foi mandado de volta à Espanha. Lá, perdeu todos os privilégios conseguidos antes. 

Em outubro de 1500 Colombo novamente estava em Cadiz, quando foi levado para o mosteiro de Lãs Cuevas, em Sevilha, onde ficou preso por 6 semanas, mas foi solto, juntamente com Bartolomeu e Diego, por ordem dos reis espanhóis. Ele guardou as correntes que o prendiam para um dia ser enterrado com elas. Tentou recuperar todos os privilégios conseguidos na primeira viagem, mas em vão. 

Colombo fez sua última viagem à América partindo de Cadiz com 4 caravelas, no dia 9 de maio de 1502. Seu filho Fernando, então com 12 anos de idade, acompanhou-o. Nessa viagem enfrentou um furacão em alto-mar, mas em meados de setembro do mesmo ano atingiu um cabo que batizou de “Graças de Dios”. Alcançou depois o canal do Panamá, sem avistá-lo. Em 25 de junho de 1503 chegou à Jamaica, onde ficou um ano. Nesse tempo teve problemas de artrite e oftalmia. Regressou à Espanha no dia 12 de setembro de 1504, mas não foi bem recebido pelos espanhóis. Nesse tempo faleceu a rainha Isabel, mas Colombo não foi aos seus funerais por problemas de saúde. 

Com a saúde um pouco recuperada, Colombo foi recebido pelo rei Fernando, que lhe ofereceu um lote de terras e uma pensão, em troca dos direitos e privilégios que insistia em recuperar. Depois, ainda conseguiu do rei a nomeação do seu filho Diego para governador de Hispaniola. Acometido por malária, Colombo foi visitado por Américo Vespúcio. Pressentindo sua morte, assinou um testamento nomeando seu filho Diego como principal herdeiro. 

Colombo faleceu no dia 20 de maio de 1506, sem saber que havia descoberto um novo continente, pois ainda pensava ter chegado às Índias. Seus restos mortais ficaram provisoriamente em Valladolid, num velho mosteiro. Em 1537 foram trasladados para a catedral Santo Domingo, em Sevilha, onde ficaram até 1898. 
Com a independência de Cuba do domínio espanhol, novamente seus restos mortais foram levados para a catedral de Sevilha, onde permanecem até hoje, com a legenda: 
“A Castilla, a Leon, 
Nuevo mundo dio Colombo”.

Bibliografia: 
ENCICLOPÉDIA Semanal Ilustrada Conhecer. Vol. V, fascículo nº 62, págs. 1054 a 1056. São Paulo, Abril, 1966.
ROSA, prof. Ubiratan. Moderna Enciclopédia Brasileira. Vol. I e II, págs. 184, 185 e 458. São Paulo, G. Lopes Ltda., 1979. 

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

Conde de Assumar


Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal – Conde de Assumar, militar e administrador português – nasceu em Portugal no dia 22 de setembro de 1686. Sabe-se que, já rapaz, lutou nas guerras da Sucessão da Espanha. Foi nomeado governador das capitanias reunidas de São Paulo e Minas Gerais no dia 26 de fevereiro de 1717 e assumiu o cargo no dia 20 de julho do mesmo ano. 

De forte temperamento, não dava muita atenção ao povo. Quando criou o Regimento de Dragões de Minas, tomava as casas do povo para instalar suas tropas, por falta de quartéis. Por causa disso, Assumar enfrentou uma revolta popular, sob o comando do paulista Domingos Rodrigues do Prado, na Vila Pitangui, no dia 14 de janeiro de 1720, quando o Regimento dos Dragões dispersou o povo com violento massacre. 

No dia 19 de março de 1720, através de Carta Régia, criou casas de fundição em Minas Gerais, para insatisfação do povo local. Convocou uma junta na Vila do Ribeirão do Carmo e criou as casas de fundição de Vila Rica, Sabará, Serro e São João d’El-Rei. 

No dia 28 de junho de 1720 enfrentou uma revolta em Vila Rica, sob a liderança de Felipe dos Santos Freire, contrário à Carta Régia. No início da revolta o Conde estava ausente, mas quando voltou à Vila, no dia 20 de julho do mesmo ano, fingiu perdoar os rebeldes, declarando que não mais criaria as casas de fundição. Crentes que haviam sido atendidos, os rebeldes foram surpreendidos no dia 16 de agosto, quando Assumar entrou na Vila com 1.500 homens e mandou que eles queimassem todas as choupanas dos rebeldes, no Arraial de Ouro Podre, atual Morro da Queimada. Depois mandou prender o líder dos rebeldes, Felipe dos Santos, e sentenciou-o à forca. Felipe dos Santos foi enforcado e seu corpo foi amarrado à cauda de um cavalo bravio, arrastado pelas ruas e esquartejado. 

Passado o episódio, sentiu-se desprezado pelo povo, o que o levou a pedir ao rei para ser substituído do cargo. Conde de Assumar voltou a Portugal no ano 1721. Em 1744 tornou-se Marquês de Castelo Novo, quando foi nomeado vice-rei da Índia, cargo que exerceu até 1750. Nesse período conquistou as praças de Alorna, Sanquelim e outras. Por causa disso recebeu o título de Marquês de Alorna em 1748. Conde de Assumar faleceu em Lisboa no dia 10 de novembro de 1756.               

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet) 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Cosme e Damião


Cosme e Damião eram irmãos gêmeos e viveram possivelmente em 280 d.C., na Arábia. Médicos, exerceram a profissão na Síria, e dedicaram-se à cura de pessoas pobres, o que enfureceu a elite da época, que os acusaram de “anárgyros”, como eram chamadas as pessoas que trabalhavam por amor à profissão e ao próximo, desprezando o dinheiro. 

Por causa desse comportamento eles foram denunciados pelo procônsul Lísias pelo crime de lesa-físico. Presos, os irmãos sofreram várias formas de tortura; numa delas, foram amarrados a uma pedra e jogados num rio, porém eles resistiram. 
   Cosme e Damião foram degolados na cidade de Egea (atual Sicília), mas nenhuma gota de sangue saiu do pescoço deles, o que chamou a atenção. Depois, seus corpos foram levados para uma cidade síria chamada Cyr.         

Conta-se que o Imperador do Oriente, Justiniano I, acometido por grave doença, atribuiu aos gêmeos a sua cura, e por causa disso mandou embelezar o túmulo deles. 

A Igreja canonizou-os e instituiu missa litúrgica em honra deles, e foram declarados patronos dos médicos, cirurgiões e farmacêuticos e, por causa da sua simplicidade e inocência, são considerados também protetores das crianças. Seus restos mortais repousam numa Igreja com seus nomes, em Roma. 

Oração de Cosme e Damião
   
São Cosme e Damião, que por amor a Deus e ao próximo vos dedicastes à cura do corpo e da alma de vossos semelhantes, abençoai os médicos e farmacêuticos, medicai o meu corpo na doença e fortalecei a minha alma contra a superstição e todas as práticas do mal. Que vossa inocência e simplicidade acompanhem e protejam todas as nossas crianças. Que a alegria da consciência tranquila, que sempre vos acompanhou, repouse também em meu coração.

Que a vossa proteção, Cosme e Damião, conserve meu coração simples e sincero, para que sirvam também para mim as palavras de Jesus: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino dos Céus”. São Cosme e Damião, rogai por nós. 

Bibliografia:
DICIONÁRIO Universal de Curiosidades, vol. 3, pág. 547. Comércio e importação de livros Cil S.A., São Paulo, 1968.
Scopel, Pe. Paulo José. Orações e santos populares, 32ª ed., pág. 137. Canoas (RS), La Salle, 1994.            
  
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)    

Nicolau Copérnico


Nicolau Copérnico (Niklas Koppernigk) nasceu no ano 1473, na cidade de thorn, Polônia. Ainda criança ficou sob a tutela de um tio que era padre. Já rapaz estudou na universidade de Cracóvia, onde se dedicou à teologia, matemática e astronomia. Aos 20 anos de idade foi obrigado a trabalhar como professor de astronomia para pagar suas despesas em uma pensão em Varsóvia. Depois foi morar em Bolonha, na Itália. 

Em 1501 tornou-se cônego, mas adiou seu ingresso na vida religiosa e foi estudar na universidade de Pádua, onde estudou medicina por 4 anos. No mesmo período estudou na universidade de Ferrara, onde se doutorou em direito canônico. Em 1505 assumiu o cargo de cônego em Fraumburg e lá exerceu voluntariamente a medicina, em benefício dos mais pobres. Como matemático e jurista, reformou o sistema monetário e o direito canônico, além de ser estrategista da cidade. Em 1513, construiu, junto à sua igreja, uma torre sem teto para observar o céu, dispondo de um relógio de Sol, um tríquetro (um aparelho triangular de madeira construído por ele) e um astrolábio. 

Copérnico não aceitava a teoria geocêntrica, que colocava a Terra no centro do Universo. Depois de estudos, formulou a Teoria Heliocêntrica, que colocava o Sol no centro do Universo e a Terra e outros planetas girando em torno dele. Demonstrou ainda que a Terra e os outros planetas giram em torno dos seus próprios eixos. Essas teorias escandalizaram naquele tempo a sociedade e a igreja católica.  

De volta à Polônia, publicou seu primeiro livro em 1512, “Pequeno comentário”, que foi recebido com desconfiança até mesmo por Martim Lutero, e alguns o apelidaram de louco ou visionário. Pacientemente ele continuou suas pesquisas, por mais de 30 anos. Era um homem humilde e levava vida solitária. Alto e magro, sofria frequentemente de dores de cabeça, o que o obrigava a andar com sedativos. Em 1539 recebeu a visita do amigo Georg Joachim Rethicus, professor da universidade de Wittemberg, que se entusiasmou com sua obra e se ofereceu para publicá-la na Alemanha. 

Pouco antes da sua morte, ocorrida no dia 24 de maio de 1543, Copérnico recebeu um exemplar do seu livro, intitulado “Revolutionibus orbium celesti” (Os movimentos dos corpos celestes). Copérnico passou para a história como o pai da astronomia moderna. 

Bibliografia: 
ENCICLOPÉDIA Semanal Ilustrada Conhecer. Vol. I, fascículo nº. 7, pág. 102. São Paulo, Abril, 1966. 
ENCICLOPÉDIA Universal de curiosidades. Vol.2, págs. 522 a 523. São Paulo, Cil, 1968. 
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos, págs. 94 a 98. São Paulo, Moderna, 1994. 

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

Cícero - estadista, orador e escritor romano


Marcus Tullius Cícero nasceu no dia 13 de janeiro de 106 a. C, em Arpino. De família nobre, recebeu primorosa educação, tendo como mestres Scévola e o poeta grego Árquias. Sua primeira vitória no foro romano foi uma defesa em favor de Séxtio Róscio Amerino, no ano 80 a. C, num processo contra o ditador romano Lúcio Cornélio Sula (Sila). Após a vitória precisou fugir para a Grécia, quando passou a se dedicar ao estudo da filosofia. Regressou a Roma com a morte de Sila, em 78 a.C., já famoso. Em 76 a.C. foi eleito questor para servir na Sicília, obtendo respeito do povo por sua justa administração. Em 78 a.C. acusou o administrador da Sicília, Caio Licínio Verres, de cobranças ilegais de impostos e pilhagem de templos e monumentos públicos. Verres foi condenado ao exílio e obrigado a restituir 40 milhões de sestércios aos sicilianos.  Em 69 a.C. Cícero foi eleito edil e em 66 a.C, pretor. 

Como pretor, fez seu primeiro discurso político, reivindicando a Pompeu o comando das tropas romanas (Pro Lege Manilia ou De imperio Gnaei Pompei), apoiado pelos optimates – conservadores do senado. Em 63 a.C. foi eleito cônsul, quando teve duas grandes vitórias: uma, em defesa de Caio Rabírio contra uma acusação feita por César, e quando denunciou a conspiração do anarquista Lucius Sergius Catilina, pronunciando as quatro célebres Catilinárias (Catilinariae orationes). Cícero pediu ao senado a morte dos conspiradores, sem julgamento, sendo atendido. Daí em diante Cícero passou a ser tratado como salvador da República. 

Prestigiado, Cícero quis estabelecer a política do acordo entre as classes (Concordia ordinum), porém, sem apoio político do substituto de César em Roma durante a guerra da Gália, o seu inimigo Clódio, exilou-se.

Depois de um ano fora, Cícero voltou a Roma a convite de Pompeu, mas afastou-se da política e se dedicou a escrever livros. Em 52 a.C. seu inimigo Clódio foi assassinado, e Cícero foi chamado para defender o réu, Milone, mas perdeu a causa. No ano seguinte foi nomeado pró-cônsul na Sicília. Regressou em 50 a.C. e encontrou Roma numa guerra civil, entre as tropas de Pompeu e César. Amigo de Pompeu, Cícero o abandonou depois da derrota de Farsália, mas tornou-se suspeito para os dois líderes. Por causa disso, quis refugiar-se em Túsculo, mas antes esperou o perdão de César nas orações “Pro Marcello” e “Pro Ligario” (46 a.C), quando traçou um projeto de restauração política, social e moral para evitar a ascendência da monarquia. 

Por quase dois anos Cícero afastou-se da política, escrevendo obras filosóficas; com o assassinato de César, em 44 a.C., e a ascensão de Marco Antônio ao poder romano, Cícero o denunciou por ter ambições ditatoriais, em “Philippicae orationes” (Filípicas). A primeira foi pronunciada em 2 de setembro de 44 a.C. Na última das quatorze Filípicas, de 21 de abril de 43 a.C., exaltou a vitória de Otávio, filho adotivo de César. Mas Otávio, vencedor da guerra contra Marco Antônio, constituiu o segundo triunvirato com Marco Antônio e Lépido, em outubro de 43 a.C. Por causa disso os oposicionistas foram executados, e Cícero foi um dos primeiros, em 7 de dezembro de 43 a.C. Sua cabeça e suas mãos foram expostas ao povo nas “rostras”, tribunas de oradores no foro romano. 

   Obras:
   Discursos políticos: 58 discursos políticos de Cícero chegaram aos dias atuais, e estima-se que 48 se perderam. Os principais são: “Pro Roscio Amerino” (80 a.C.); “VII in Verrem” (Sete discursos contra Verres, 70 a.C); “Pro Lege Manilia ou De imperio Gnaei Pompei” (Pela lei de Manília ou sobre o comando de Pompeu, 66 a.C.); “De lege agraria (Sobre a lei agrária, 63 a.C.); “IV in Catilinam” (Quatro discursos contra Catilina, 63 a.C.); “Pro Milone” (52 a.C.), “Pro Marcello”, “Pro Ligario (46 a.C.); “XIV Philippicae” (XIV Filípicas, 44 – 43 a.C.). 

Discursos forenses: os mais conhecidos são: “Pro Quinctio” (Sua primeira defesa, em 80 a.C.); “Pro Caecina” (69 a.C.); “Pro Cornelio Sulla” (62 a.C.); “Pro Archia poeta” (62 a.C., em defesa do poeta Árquias, acusado de desfrutar ilegalmente da cidadania romana); “Pro Caelio” (56 a.C., em defesa do seu jovem amigo Célio, acusado de envenenamento pela irmã de Clódio, inimigo de Cícero); etc. 

Obras filosóficas: a maior parte dos trabalhos filosóficos foi escrita nos anos 45 e 44 a.C. Antes dessas datas foram escritas: “De Republica” (54 a.C., sobre a República) e “De Legibus” (Sobre leis, 52 a.C.). Outros escritos: “De consolatione” (Sobre a consolação, 45 a.C.); “De finibus bonarum et malorum” (sobre os objetivos da ética , 45 a.C.); “Academia” (45 a.C.); “Tusculanoe disputationes” (Discussões em Túsculo, 45 – 44 a.C.), etc.   

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)        

A morte não é nada (Santo Agostinho)


"A morte não é nada.
Apenas passei ao outro mundo.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro ainda o somos.

Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.

Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que o meu nome se pronuncie em casa
Como sempre se pronunciou.

Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra.

A vida continua significando o que significou:
Continua sendo o que era.
O cordão de união não se quebrou.
Porque eu estaria fora de teus pensamentos,
Apenas porque estou fora de tua vista ?

Não estou longe,
Somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo está bem.
Redescobrirás o meu coração,
E nele redescobrirás a ternura mais pura.
Seca tuas lágrimas e se me amas,
Não chores mais.

(Poesia: Santo Agostinho - Foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)

O dia 7 de setembro, em Paris (Gonçalves de Magalhães)



 Longe do belo céu da Pátria minha
Que a mente me acendia,
Em tempo mais feliz, em q’eu cantava
Das palmeiras à sombra os pátrios feitos;
Sem mais ouvir o vago som dos bosques,
Nem o bramido fúnebre das ondas,
Que n’alma me excitavam
Altos, sublimes turbilhões de ideias;
Com que cântico novo
O Dia saudarei da Liberdade?


Ausente do saudoso, pátrio ninho,
Em regiões tão mortas,
Para mim sem encantos, e atrativos,
Gela-se o estro ao peregrino vate,
Tu também, que nos trópicos te ostentas
Fulgurante de luz, e rei dos astros,
Tu, oh! Sol, neste céu teu brilho perdes.

Oh! Fantasia, mostra-me se podes,
O enérgico quadro, que meus olhos
Outrora extasiara;
Reaviva o fulgor do entusiasmo,
Que o coração abrasa
Como o Sol quando a pino os homens fere;
Memória, hoje recorda aquelas vozes
Dos brasilienses peitos escapadas,
Como do Chimborazo ardentes lavas,
E no templo de Deus gratas soavam.
Recita aqueles hinos,
Que angélicas donzelas, varões probos,
Alternos entoavam neste dia,
Da Liberdade em honra.  

Mas em vão, que nos ares embruscados
O mimoso colibri não adeja,
Nem longe do seu ninho o canto exala
O sabiá canoro.
Ah! Se ao menos a dor que minh’alma punge,
E a existência me azeda,
Um pouco se aplacasse, e doce riso,
Filho do coração, subisse aos lábios,
Quiçá na ausência da querida Pátria
Pudesse, inda que rouco,
Mais um hino ajuntar aos outros hinos,
Com que de meu amor lhe fiz oferenda,
Quando no grêmio seu prazer gozava.

Lá, no teu seio, a vida respirando
Tranquilo e sossegado,
Ou no mar agitado, à morte exposto,
Ou aqui nesta plaga tão remota,
Fiel te sou, oh! Pátria; não te olvido
Pelas grandezas que me oferece a Europa.
Estes eternos monumentos d’arte,
Estas colunas, maravilhas mortas,
Estas estátuas colossais de bronze,
Estes jardins soberbos, estes templos
São belos: mas não são de minha Pátria.
Tuas virgens florestas, e teus templos
Mais me aprazem que tudo o que aqui vejo.

Ah! Quem me dera agora, em grato sonho
Iludido, cuidar que me revolvo
Ignorado entre os meus, entre o tumulto
Do povo que no rosto traz impressa
A glória deste dia!
Quem me dera que os meus rústicos hinos
Por ele ouvidos fossem,
E por ele aplaudidos
No delírio do sacro amor da Pátria!

Oh! Como é doce memorar os tempos
Da passada alegria!
Como é doce escutar ternas cadências
De branda voz de pudibunda virgem,
Quando fora da terra a alma vagueia
No celeste infinito!
Mais doce é celebrar os claros feitos
Dos seus concidadãos, e unido a eles,
Beber na mesma taça o entusiasmo,
E no divino arroubo
Os céus congratular, render-lhes graças!

Aqui da Liberdade repetido
Não soa o mago acento em meus ouvidos;
Nem o auriverde pavilhão tremula,
Imagem das riquezas
Da terra minha, fértil, abundante;
Nem o canhão ribomba, que assinale
Que este Dia ao Brasil é consagrado.
Só o estridor ressoa
De turbulento povo, indiferente
Da pátria minha à glória.

Dia da Liberdade!
Tu só dissipas hoje esta tristeza
Que a vida me angustia.
Tu só me acordas hoje do letargo
Em que esta alma se abisma,
De resistir cansada a tantas dores.
Ah! Talvez que de ti poucos se lembrem
Neste estranho país, onde tu passas
Sem culto, sem fulgor, como em deserto
Caminha o viajor silencioso.

Mas rápidos os dias se dissolvem;
E tu, oh! Sol, que pálido me aclaras
Nestas longínquas plagas,
Brilhante ainda raiarás na Pátria,
E ouvirás meus hinos
Em honra deste dia, não magoados
Co’os fúnebres acentos da saudade.

(Poesia: Gonçalves de Magalhães - Foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB) 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Recado


(Foto e texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)

Criptônio


Símbolo: Kr
Massa atômica: 83,80
Número atômico: 36
Ponto de fusão: 115,79 K (-157,36 ºC)
ponto de ebulição: 119,93 K (-153,22 ºC)
Ano da descoberta: 1898
Autores da descoberta: Sir William Ramsay e Morris William Travers
Origem do nome: Grega: Kryptos
Significado: Escondido
Utilidades: Tubo de luz, lâmpada fluorescente, raio laser, ultravioleta, etc.

Características:
É um gás nobre incolor e insípido. Possui linhas espectrais de cores verde brilhante e laranja. Na fase sólida é  uma substância branca, cristalina, de estrutura cúbica, de corpo centrado. À temperatura ambiente ele se encontra em estado gasoso e é um dos produtos da fissão nuclear do urânio. É encontrado entre os gases vulcânicos e águas termais. 

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

Cobre


Símbolo: Cu
Massa atômica: 63,546
Número atômico: 29
Ponto de fusão: 1357,77 K (1.038 ºC)
Ponto de ebulição: 2835 K (2927 ºC)
Ano da descoberta: Antes de Cristo
Autor da descoberta:
Origem do nome: Latina: Cuprum
Significado: Antigo nome de Chipre, rico em minas de ouro.
Utilidades: Arame, cabos elétricos, medalhas, sino, hélice para navio, etc.

Características:
É um metal de coloração vermelha discretamente amarelada com um leve brilho opaco. Macio, maleável, dúctil e bom condutor de eletricidade. É encontrado na Rússia, Reino Unido, Austrália, Bolívia, México e EUA.

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

Pedro Álvares Cabral


Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, Portugal, possivelmente no ano 1467 ou 1468. Era filho de Fernão Cabral e de dona Isabel Gouveia, sendo o segundo dos onze filhos do casal, que eram 6 mulheres e 5 homens.

Os irmãos homens de Cabral chamavam-se: João Fernandes Cabral, Álvaro Gil Cabral, Vasco Fernandes Cabral e Luís Álvares Cabral; tinha ainda um meio-irmão. Assinava seu nome como Pedro Álvares de Gouveia até a morte do seu irmão que tinha direito ao nome da família paterna, passando depois a assinar Pedro Álvares Cabral. Passou toda a sua infância no castelo de Belmonte, residência senhorial doada pelo rei dom Afonso V ao seu pai, que era alcaide-mor. 

Pertencente à nobreza da Beira, foi educado na corte de dom João II, que reinou Portugal do ano 1481 até 1495. Fazia parte de moço fidalgo da corte, com seu irmão João Fernandes, desde o ano 1484. Ao se tornarem cavaleiros, os dois irmãos foram ao norte da África aprender táticas de guerra e adquirir experiências de comando. Já no reinado de dom Manuel, que reinou Portugal do ano 1495 até 1521, no ano de 1499 foi nomeado pelo rei para ser capitão-mor da segunda armada enviada às Índias Orientais, pois gozava de total confiança na corte. A primeira armada foi comandada por Vasco da Gama. 

Cabral partiu da praia do Restelo, às margens do rio Tejo, em Lisboa, no dia 9 de março de 1500, no comando de 13 navios e cerca de 1500 homens. Já no dia 23 de março perdeu sua primeira nau, comandada por Vasco de Ataíde. A esquadra deveria chegar às Índias passando pelo Cabo da Boa Esperança, mas talvez para desviar-se de uma calmaria, a armada deslocou-se para uma latitude mais ocidental, a 17º de latitude sul, como foi registrado, mas que hoje se sabe que a latitude foi de 16º18’, desviando-se da sua rota. Foi assim que, no dia 22 de abril, avistou um monte que chamou de Monte Pascoal. No dia seguinte avistou índios tupiniquins. 

No dia 24 de abril viajou ao longo da costa, onde ancorou a dez léguas em direção ao norte, num lugar que chamou de Porto Seguro, hoje Baía Cabrália. No dia 26 mandou celebrar uma missa no ilhéu que hoje se chama Coroa Vermelha, celebrada por Frei Henrique Soares de Coimbra. Depois, Cabral mandou uma nau de volta a Portugal, sob o comando de Gaspar de Lemos, para dar a boa notícia da descoberta da nova terra, que batizou de Vera Cruz, ao rei dom Manuel.  

No dia 1º de maio do mesmo ano mandou celebrar outra missa e tomou posse da nova terra em nome da coroa portuguesa, diante de uma grande cruz armada perto de um rio que hoje se chama Mutari, na presença da tripulação e de muitos índios. 
No dia 2 de maio a esquadra de Cabral seguiu viagem, sendo que no dia 24 de maio perdeu 4 naus em naufrágios por causa de fortes ventos. Chegou à costa da África no dia 16 de junho. Novamente seguiu viagem, aportando em Melinde, ainda na África, no dia 2 de agosto; chegou à costa da Índia no dia 7 de agosto, onde fundou 2 feitorias. No dia 18 de setembro encontrou-se com o semorim de Calcutá. 

No dia 16 de dezembro uma feitoria de Cabral foi atacada por hindus, havendo perdas humanas de ambos os lados. No dia 24 do mesmo mês chegou a Cochim, onde negociou as especiarias. Começou o retorno a Portugal no dia 9 de janeiro de 1501, depois que Cabral foi atacado por naus de Calecute. Em 12 de fevereiro perdeu uma nau com especiarias junto à costa de Melinde e outra se afastou da armada por causa de tempestades, quando se aproximava do Cabo da Boa Esperança. 
A primeira nau a aportar em Lisboa chegou no dia 23 de junho de 1501. A nau-capitânia chegou possivelmente nos últimos dias de julho e mais três chegaram entre os meses de agosto e setembro. Das 13 embarcações, apenas 7 retornaram a Lisboa. Em Lisboa, Cabral foi recompensado com pensão de 200 mil reais anuais. Foi convidado, em 1502, para comandar a quarta esquadra, mas talvez por causa de desentendimentos com o rei dom Manuel, o comando foi entregue a Vasco da Gama. 

Em 1502 casou-se com dona Isabel de Castro e foi viver em Santarém, onde a família de sua mulher mantinha negócios. Teve com ela 6 filhos: Fernando Álvares Cabral, Antônio Cabral, dona Constança de Castro, dona Guiomar de Castro, dona Isabel e dona Leonor. Pedro Álvares Cabral faleceu possivelmente entre os anos 1520 a 1526, sendo sepultado na capela de São João Evangelista, igreja de Nossa Senhora das Graças, em Santarém, esquecido pelos conterrâneos. Sua sepultura foi descoberta pelo historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhaguen (Visconde de Porto Seguro). 


Composição da armada de Pedro Álvares Cabral

Navios destinados à Índia que regressaram a Portugal:
Nau capitânia, comandada por Cabral; caravela São Pedro, de 70 tóneis, comandada por Pêro de Ataíde; nau comandada por Simão de Miranda de Azevedo; caravela ou nau Nossa Senhora da Anunciada, de 100 tóneis, comandada por Nuno Leitão da Cunha, a primeira a regressar a Portugal, no dia 23/06/1501; nau comandada por Nicolau Coelho; navio (caravela ou naveta) de mantimentos, comandada por Gaspar de Lemos. 

Navios destinados à Índia que naufragaram: 
Nau comandada por Vasco de Ataíde, naufragada entre 22 e 23/03/1500, depois de ter passado pela Ilha de São Nicolau; nau comandada por Simão de Pina, naufragada no Atlântico Sul no dia 23/06/1500; nau comandada por Aires Gomes da Silva, também naufragada no Atlântico Sul em 23/06/1500; outra nau naufragada no mesmo dia e lugar, comandada por Luís Pires; nau Sota-capitânia El-rei, de 200 tóneis, comandada por Sancho de Tovar, naufragada na viagem de regresso, na costa da África oriental, a norte de Melinde, no dia 12/02/1501, salvando-se toda a tripulação.  

Navios destinados A Sofala (Moçambique)
Nau comandada por Diogo Dias, que explorou o litoral da África Oriental até o mar vermelho, tendo poucos tripulantes sobrevivido; caravela comandada por Bartolomeu Dias, naufragada no Atlântico Sul, no dia 23/06/1500.

Bibliografia: 
PROJETO memória: Pedro Álvares Cabral. Fundação Banco do Brasil/ Odebrecht. Rio de Janeiro, ano 2000. 
ROSA, Prof. Ubiratan. Moderna Enciclopédia Brasileira. Vol. I, págs. 133 a 134. São Paulo, G. Lopes Ltda., 1979. 

(Texto: Eliza ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

Duque de Caxias


Luís Alves de Lima e Silva nasceu no Arraial do Porto da Estrela, Rio de Janeiro, no dia 25 de agosto de 1803, vindo de uma família que em três gerações forneceu ao Brasil onze militares. Seu pai era o tenente Francisco de Lima e Silva.

Aos 5 anos de idade teve permissão do rei dom João VI para assentar praça no 1º Regimento de Infantaria de Linha, sob o comando do seu avô, o brigadeiro José Joaquim de Lima e Silva, recebendo a patente de 1º cadete. Jurou bandeira aos 14 anos e no ano seguinte matriculou-se no 1º ano de matemática da Academia Real Militar. Em 1818 recebeu o posto de alferes e em 1821 já era tenente incorporado ao 1º Batalhão de Fuzileiros, unidade de elite do Exército Real.

Iniciou sua vida em combates no ano 1824, quando sua unidade foi enviada à Bahia para combater as tropas portuguesas de Madeira de Melo. Foi nessa luta promovido a capitão pelos seus esforços militares, além de receber sua primeira condecoração: a de Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro.
Em 1825 seu Batalhão atuou na guerra Cisplatina, numa luta contra tropas argentinas e paraguaias que durou 3 anos. Por sua bravura recebeu a medalha da Independência e, pouco depois do fim da guerra, em 1828, foi promovido a major. Em 1831 atuou bravamente para a manutenção da ordem pública no dia da abdicação de dom Pedro I. 

Com a abdicação de dom Pedro I, o governo regencial dissolveu o Batalhão do Imperador, sendo o major Lima e Silva transferido para o corpo de guardas municipais permanentes da corte, quando assumiu o comando 4 meses depois. Nesse tempo combateu de forma decisiva arruaças que invadiam as ruas do Rio de Janeiro.

Em 6 de agosto de 1833 casou-se com dona Luíza Carneiro Viana. Em 1835 foi promovido a tenente-coronel, ano do início da guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, quando obteve alguns contatos numa viagem que fez à região acompanhando o Ministro da Guerra. Em fevereiro de 1840 foi para o Maranhão para combater a Balaiada, contra rebeldes maranhenses, revolta que teve seu início em 1838, numa região chamada Caxias. Vitorioso, voltou ao Rio de Janeiro, onde foi homenageado pelo governo e pelo povo, promovido a brigadeiro e ainda recebeu o título de Barão de Caxias.

Em setembro de 1842 viajou para o Rio Grande do Sul, onde recebeu a presidência e o comando-das-armas da província. Assumiu suas funções no início de 1843, quando se dedicou às operações militares contra a Revolução Farroupilha, vencendo os Farrapos em sucessivas batalhas, até conseguir sua rendição, em março de 1845, depois de dez anos de guerra civil, a mais longa da história do Brasil.

Em 1851 comandou 20.000 homens na campanha contra Oribe, e em seguida, contra Rosas, no Uruguai, vencendo com bravura. Na volta ao Rio de Janeiro, em março de 1852, foi promovido a tenente-general, e em dezembro, a marquês. Em tempos de paz, Caxias dedicou-se às atividades administrativas. Foi nomeado pelo Imperador membro do Conselho de Estado, importante órgão do Império. Por 3 vezes foi presidente do Conselho de Ministros: 1856-1857; 1861-1862; 1875-1878, acumulando também nessas ocasiões o Ministério da Guerra.

Em 1864, quando eclodiu a Guerra do Paraguai, Caxias estava fora do comando, mas após a derrota brasileira na batalha de Curupaiti ele foi nomeado para a chefia do Exército brasileiro, com a patente de marechal-de-exército, em outubro de 1866. A partir daí ele impôs novas estratégias à guerra, saindo-se vitorioso em diversas batalhas, sendo a mais famosa intitulada “a dezembrada”. Chegou à capital Assunção no dia 5 de janeiro de 1869, porém sentindo-se cansado e doente, pediu afastamento do comando, pois sabia que a vitória sobre o Paraguai estava garantida. Foi substituído pelo Conde D’Eu, genro de dom Pedro II e esposo da Princesa Isabel. 

Voltou ao Brasil como herói e recebeu a coroa de duque. Foi morar em sua fazenda Santa Mônica, em Valença, no Rio de Janeiro. Caxias faleceu no dia 7 de maio de 1880, aos 77 anos de idade. Seus restos mortais descansam no Panteão erguido no Rio em sua homenagem, na praça fronteira à antiga sede do Ministério da Guerra.

Em 1923 o Exército declarou sua data de aniversário como o dia Soldado. Pelo decreto do governo federal nº. 51.429 de 13 de março de 1962, Caxias foi aclamado Patrono do Exército brasileiro.

Frase de duque de Caxias na hora da morte:
“A morte é o descanso de um guerreiro”.    

Bibliografia:
DICIONÁRIO Universal de Curiosidades. Vol. 3, págs. 650-651. São Paulo, Ecil, 1968.
ROSA, Prof. Ubiratan. Moderna Enciclopédia Brasileira. Vol. I, págs. 152 a 154. São Paulo, G.Lopes Ltda., 1979.
ENCICLOPÉDIA Brasileira Globo. Vol. III. Porto Alegre, Globo, 1974.
ENCICLOPÉDIA de Educação Moral, Cívica e Política. Vol. IV, págs. 482 a 484. São Paulo, Michalany, 1971. 
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

Charles Darwin


Charles Robert Darwin nasceu em Shrewsbury, no condado de Shropshire, Inglaterra, no dia 12 de fevereiro de 1809. Desde criança era bom observador, gostava de história natural e colecionava pedras, moedas, selos, plantas, flores silvestres e ovos de pássaros. 

Descendente de família de intelectuais e filho e neto de médicos, resolveu seguir o caminho do pai quando se matriculou na Universidade de Edimburgo, em outubro de 1825, aos 16 anos de idade, onde seu irmão Erasmus Alvim estudava medicina. Aos poucos demonstrou desinteresse pelas aulas e operações que teria que assistir. Em horas de aulas participava de reuniões com outros estudantes na Plinian Society, onde se discutia ciências naturais. O pai, ao notar seu desinteresse pela medicina, sugeriu que Darwin se tornasse clérigo; assim, por 3 anos ele estudou em Cambridge, formando-se em artes e preparando-se para ser pastor. 

Ainda desinteressado pelos estudos em Cambridge, participava de reuniões e excursões organizadas pelo professor John Stevens Henslow (1796-1861), clérigo, geólogo e botânico, e de eventos como caça e equitação. Por causa da amizade com o professor, Darwin teve contatos com naturalistas e leu livros de Alexander Von Humboldt e John Federick Willian Herschel (1792-1871), astrônomo e físico inglês. Teve noções de geologia e conheceu o geólogo inglês Adam Sedgwick (1786-1872), com quem fez rápida excursão ao País de Gales. 

Quando retornou da viagem, Darwin recebeu do professor Henslow um convite para participar, como naturalista e sem remuneração, de uma expedição do bergantim inglês “Beagle”, de 235 toneladas, por várias partes do mundo. 

Mesmo desaprovado pelo pai, Darwin abandonou os estudos e seguiu para Londres, onde embarcaria. A viagem do “H.M.S. Beagle” começou no dia 27 de dezembro de 1831, partindo de Devonport, sob o comando do capitão e meteorologista Robert Fitz-Roy (1805-1865). A missão era explorar costas da Patagônia, Terra do Fogo, Chile e Peru, algumas ilhas do Pacífico e mapear melhor o Hemisfério Sul.  

Prevista para durar 3 anos, a viagem durou 5. Inicialmente aportou nas ilhas Canárias e Cabo Verde em janeiro de 1832. Chegou ao Brasil em fevereiro do mesmo ano, em Salvador, e em abril passou pelo Rio de Janeiro. Seguiu depois para Montevidéu, Buenos Aires, ilhas Malvinas, Santa Cruz, Terra do Fogo, e passou pelo Estreito de Magalhães para o Oceano Pacífico. Subiu a costa do Chile, do Peru e rumou para as ilhas Galápagos, onde permaneceu por um mês. Viajou depois para o Taiti, Nova Zelândia, Austrália, Tasmânia e as ilhas Keelingo (dos cocos), no oceano Índico. Seguindo viagem, visitou as ilhas Malvinas, Maurício e, novamente no Atlântico, Santa Helena e Ascensão. Aportou novamente na Bahia, visitou o Recife, e uma semana depois chegou a Cabo Verde. Voltou à Inglaterra no dia 2 de outubro de 1836. 

Durante toda a viagem, mesmo sentindo enjoos e tendo conflitos com o comandante, serviu como geólogo, zoólogo, botânico e assessor científico, e coletou animais e plantas fósseis e vivos, terrestres e marinhos. Estudou a floresta tropical brasileira, o pampa argentino, a vegetação indiana, os desertos australianos, as formações geológicas da Terra do Fogo e do Taiti, as ilhas de Cabo Verde. Presenciou fenômenos naturais como terremotos, maremotos, vulcões extintos e ativos, seres humanos que “de tão selvagens e destituídos de crenças, nem pareciam homens”. Coletou também material para levantamento histórico e geológico. 

À medida que colhia o material, enviava-o, quando chegava a algum porto, para o professor Henslow, cuidando para preservá-lo e com recomendações de “cuidado”. Do Brasil, Darwin enviou amostras de tipos raros de formação carbonífera; amostras de animais das ilhas Galápagos, que, segundo ele, “pareciam ser sobreviventes de períodos pré-históricos”. 

Ao retornar de sua viagem já era conhecido como grande geólogo e naturalista. Viveu alguns anos em Cambridge e Londres, trabalhando como cientista e preparando estudos sobre sua viagem e coletando dados para sua futura teoria sobre a origem das espécies. Foi secretário da Geological Society, onde conheceu o famoso geólogo Charles Lyell, que publicou três volumes da obra “Princípios da Geologia”. Em 1839 casou-se com sua prima Emma Wedgwood, indo morar em Downe, pequena localidade do condado de Kent, por problemas de saúde. Com Emma teve dez filhos. 

Nos anos seguintes dedicou-se à leitura de livros de viagens, manuais de agricultura e horticultura, de criação de animais domésticos e de história natural. Discutiu com criadores e com peritos de diversos cultivos; analisou e preparou esqueletos de aves domésticas, criou e cruzou diferentes variedades de pombos; reexaminou parte do material que coletou em sua viagem no “Beagle”. Em 1842 tinha escrito um rascunho com 35 páginas de sua teoria “Origem das espécies”; dois anos depois a obra já continha 230 páginas. 

No verão de 1858 recebeu um manuscrito do naturalista Alfred Russel Wallace (1823-1913), que fazia estudos no arquipélago malaio sobre a tendência das variedades a desviar-se indefinidamente do tipo original. No manuscrito de Wallace havia alguns pontos comuns com a sua teoria. A pedido de amigos, em 1º de julho de 1858 juntou seu trabalho e o de Wallace e os enviou para a Linnean Society, e a única resposta da organização foi a de um professor chamado Haughton, de Dublin, cujo comentário foi “que tudo que havia de novo nos trabalhos era falso, e que apenas o que era velho era correto”. 

Darwin não se abateu. No ano seguinte lançou seu livro sob o título “Da origem das espécies por via de seleção natural ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida”. Os 1.250 exemplares da primeira edição esgotaram-se no mesmo dia; os 3.000 exemplares da segunda edição, em poucos dias. A partir daí a obra passou a ser conhecida por “A origem das espécies”, que consiste em quatro pontos principais: a seleção natural, os efeitos hereditários do uso e desuso, os efeitos hereditários da ação direta de condições externas sobre o organismo, e “as variações que nos parecem, em nossa ignorância, surgir espontaneamente”. Seu trabalho foi contestado pela Igreja e por longo tempo não se permitiu exemplares de sua obra na Biblioteca do Trinity College de Cambridge. 

Darwin escreveu outros livros: “A variação de animais e plantas domesticadas”; “A descendência do Homem”; “A formação do húmus vegetal pela ação dos vermes”; “As diversas formas de fertilização de orquídeas pelos insetos”; “Plantas insetívoras”; “O poder do movimento nas plantas”, entre outros. Darwin trabalhou por toda a sua vida, até falecer, no dia 19 de abril de 1882, no mesmo condado de Kent. 

Bibliografia: 
ENCICLOPÉDIA Semanal Ilustrada Conhecer. Vol. 2, fascículo 22, págs. 360 a 362. São Paulo, Abril, 1967. 
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos, págs. 135 a 139. São Paulo, Moderna, 1994.

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

sábado, 26 de janeiro de 2013

Uma dose de cachaça vale dois pães


No bar de Chico Queiroz tem andado um homem moreno, alcoólatra, magro de tanta fome e tanta cachaça... Outro dia, meio-dia em ponto, Sol a pino, quarenta graus, esse homem deitou-se na calçada, quente que só fogueira de São João, e adormeceu assim mesmo, para tostar-se, certamente. Vendo aquilo, o empregado de Chico Queiroz, Tiago, e outro companheiro de copo do homem, pegaram-no e o trouxeram para debaixo da árvore em frente da casa de minha vizinha, Ângela.

Da minha loja olhei aquela cena e aproximei-me, reparei o homem dormindo e pensei que ele estivesse desmaiado. Perguntei ao companheiro de copo dele, Cosme, pois o conheço: "Quem é esse homem?" Ele me respondeu: "Conheço lá do lixão. É um andarilho, não é daqui." Eu: "Acho que ele está desmaiado de tanta fome!" Cosme: "Nada, é cachaça mesmo; daqui a pouco ele acorda! Só o trouxe para a sombra, para não morrer cozinhado no Sol".

Preocupei-me um pouco, quis chamar o Samu, porém Cosme me disse que eu não me preocupasse. De fato, poucas horas depois lá estava o mendigo no bar de Chico, novamente, conversando e bebendo, satisfeito. Olhei-o admirada da recuperação dele, mas o deixei em paz.

No outro dia novamente encontrei-o, meio-dia em ponto, na barraca de dona Nininha, atrás do Banco do Brasil, almoçando. Cheguei para comprar uma quentinha e, enquanto esperava, fiquei observando outra cena: ele certamente já havia almoçado alguma coisa, mas pediu mais comida à empregada. A moça e algumas pessoas riram dele, e um rapaz pegou umas sobras que havia em um prato e perguntou: "Você come assim mesmo?" Ele respondeu: "Como, traz que tô com fome!" O rapaz derramou as sobras do prato no prato dele, mas o mendigo disse: "Quero carne; aqui só tem feijão e arroz!" Riram dele novamente, e eu dei dois reais à empregada para ela colocar de carne no prato do homem. Assim foi feito, e o mendigo comeu outro prato enorme de comida. Saí da barraca e esqueci tudo para cuidar de minhas obrigações.

Hoje, porém, meio-dia em ponto, ele apareceu em minha loja pedindo comida à minha mãe. Ela me perguntou se podia dar alguma coisa, e eu disse que sim. Minha mãe então foi à cozinha e fez um prato caprichado para ele. Depois que comeu tudo ele disse: "Quero mais!" Minha mãe respondeu-lhe: "Não! Acabou a comida e você comeu bastante!" Os amigos de copo que estavam no bar de Chico Queiroz ficaram rindo dele, fazendo mímicas de zombaria, mas ele não se intimidou; foi ao bebedouro da minha loja, pegou um copo descartável e tomou quatro copos d'água. Eu e minha mãe ficamos caladas, acompanhando-o com o olhar. Quando notei que ele havia ficado satisfeito, pedi que saísse de minha loja, o que ele obedeceu calado, sem confusão. Os amigos de copo ficaram esperando por ele em Chico Queiroz, pois sabiam que, juntos, logo encontrariam alguém que lhes pagasse umas cachaças, até não mais suportarem.

Quando ele se afastou minha mãe me disse: "O meu medo é que ele se acostume e venha todo dia pedir comida aqui em casa". Eu respondi a ela: "É, para dar-lhe comida ninguém aparece, mas para enchê-lo de cachaça não falta quem pague. Uma dose de cachaça custa cinquenta centavos, e ninguém zomba quando lhe dão, mas para dar-lhe comida ninguém aparece e todo mundo zomba. Só que uma dose de cachaça custa o mesmo preço de dois pães: cinquenta centavos".            
  
(Texto e foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB) 

Ode a uma amiga noiva (Safo)


Igual aos deuses me parece o homem
Que pode contemplar-te frente a frente
E ouvir de perto a tua doce voz deliciosa,
E o riso teu ouvir, cheio de encanto,
Que no meu peito move o coração;
Falta-me a voz se apenas te contemplo,
Só por te ver.

Foge-me a fala e logo sob a pele
Queima-me as carnes um fogo incessante.
Já nada veem os meus olhos;
Surdos tenho os ouvidos.

Corre o suor pelo meu corpo todo,
Sinto tremores, nada me alivia;
Fico mais verde que a viçosa relva:
Penso que morro.

(Poesia: safo - Foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)

Catarina II


Catarina II nasceu na Pomerânia, atual Polônia, no ano 1729. Seu verdadeiro nome era Sofia Augusta Frederica de Anhalt-Zerbst. Seu pai era um homem de confiança do rei da Prússia e governador militar da cidade de Stettin. 

Logo cedo foi designada como futura esposa do Grão-duque Pedro de Holstein, sobrinho de Isabel, então imperatriz da Rússia, futuro herdeiro do trono. Por causa disso, aos 15 anos de idade Sofia veio de sua cidade natal, com sua mãe, para Moscou, numa viagem de trenó, enfrentando um longo caminho e intenso frio. 

Ao chegar a Moscou, esforçou-se para se integrar à nova vida, dedicando-se em aprender a língua russa, e se converteu à religião ortodoxa, batizando-se segundo seus princípios no ano 1745. No batismo recebeu o novo nome de Catarina Alexeievna. No mesmo ano casou-se com o Grão-duque, que bebia muito e logo passou a rejeitá-la. Catarina suportava bem a rejeição do marido, pois desejava subir ao trono russo. Com a morte da imperatriz Isabel, em dezembro de 1761, o Grão-duque subiu ao trono com o nome de Pedro III. 

Por causa de uma aliança que Pedro III fez com Frederico da Prússia, assim que subiu ao trono, Catarina planejou um golpe para tirar o soberano do poder, aliando-se a alguns generais para esse intento. Em 1762, com apenas seis meses no poder, Pedro III foi assassinado numa briga de bar, possivelmente a mando de Catarina, pelo jovem oficial da guarda do palácio, Grigory Orlov, amante dela. Assim Catarina herdou o trono russo, tornando-se a imperatriz Catarina II, a Grande. Para sua coroação usou uma coroa com cinco mil diamantes, setenta e seis pérolas idênticas e um espinélio de 399 quilates, pertencente a um Manchu da China. 

Catarina II fez grandes transformações na Rússia. Entre os anos 1766 e 1768, formou um Congresso, dirigido por ela, com mais de seiscentos deputados, representantes da nobreza, da cidade e do campo, para elaborar um programa capaz de contentar todas as regiões russas. Como não houve resultados, em 1768 dissolveu o Congresso e publicou um decreto dividindo o território em 44 províncias, subdivididas em distritos. Cada distrito tinha uma Assembleia composta pela nobreza, dona das terras. 

Por causa do apoio que dava à nobreza, no ano 1774 enfrentou uma revolta de camponeses e cossacos insatisfeitos, vencendo-os quando eles chegaram às imediações de Moscou, e prendeu e decapitou o líder cossaco Pugachev. Para acalmar o povo, construiu asilos, hospitais, hospícios e maternidades, obras que contribuíram para a habitação das regiões do Volga e da Ucrânia. A nobreza, sentindo-se ameaçada, pediu garantias à Czarina. Para satisfazer àquela classe, promulgou a “Carta da nobreza”, que aboliu os impostos dos nobres e deu-lhes o direito de criar manufaturas e comerciar seus produtos no mercado interno e externo. Ainda aumentou as obrigações dos servos.   

Invadiu a Finlândia para conseguir uma saída pelo mar, anexando seu território à Rússia, o que permitiu uma saída russa pelo Mar Báltico. Interveio também na Polônia, e a entregou a um protegido seu, Estanislau Poniatowski. Lutou contra a Turquia em duas guerras que duraram quase vinte anos. Vencida, a Turquia cedeu à Rússia a costa setentrional do Mar Negro e a península da Crimeia. 

Admiradora das ideias iluministas, manteve contatos com Voltaire e Diderot, porém depois baniu os escritos de Voltaire e combateu suas ideias. Levantava-se às 5h00 da manhã e dedicava de dez a quinze horas diárias aos assuntos do seu governo. Mulher de muitos amantes, possivelmente mais de vinte, não os escondia da sociedade e era generosa com todos eles. O mais famoso de todos foi Grigory Potemkin, membro do Corpo de Guarda, dez anos mais jovem que ela, alto, culto e impetuoso, rico por seu próprio trabalho. Ele recebeu da Czarina diversas propriedades e um suntuoso palácio em São Petersburgo. Boatos dizem que eles se casaram secretamente e que o amor durou dois anos, mas que foram amigos e companheiros até a morte dele, por malária, em 1791. Desolada com a morte de Potemkin, Catarina II faleceu cinco anos depois, no dia 16 de novembro de 1796.

Bibliografia: 
ENCICLOPÉDIA Semanal Ilustrada Conhecer. Vol.8, fascículo 120, págs. 2020 a 2021. São Paulo, Abril, 1966. 
ENCICLOPÉDIA Delta Larousse. Vol.3, págs. 1652 a 1653. Rio de Janeiro, Delta S.A., 1967. 
NAÇÕES do Mundo: União Soviética, págs. 98 a 99. Rio de Janeiro, Cidade Cultural Ltda., 1990.    

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

Búfalo-Bill


O seu verdadeiro nome era William F. Cody, ou Bill Cody, e viveu entre os anos 1845 e 1917. Tornou-se conhecido durante o governo do Coronel Ulysses Simpson Grant (1822 – 1885), que presidiu os Estados Unidos entre os anos 1868 a 1872, quando foi reeleito. Búfalo-Bill lutou numa revolta dos índios Sioux, no oeste americano, conhecida como “Guerra dos Sioux”. Para combater essa revolta, foi enviada uma tropa, sob o comando do General Custer, onde Búfalo-Bill serviu e tornou-se notório pela sua bravura. 

Búfalo-Bill começou sua vida como tropeiro de diligências, porém se destacou como caçador de búfalos e por sua valentia contra índios e bandidos. Durante a Guerra da Secessão (1861 – 1865), ele serviu como guia do Exército da União. Passada a guerra, foi contratado para fornecer mantimentos aos operários das primeiras estradas de ferro americanas. Para cumprir o contrato, fornecia aos operários carne fresca de búfalos. 

No fim da vida, Búfalo-Bill usava grandes bigodes e se vestia de explorador, e montou um circo, quando realizou grandes “tournées” pelos Estados Unidos e Europa, até falecer, no ano 1917. 

Bibliografia:
DICIONÁRIO Universal de Curiosidades, vol. 2, pág. 312. Comércio e importação de livros Cil S.A., São Paulo, 1968.            

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

Bevenuto Cellini


Bevenuto Cellini nasceu em Florença, Itália, no ano 1500. Era filho do fabricante de instrumentos musicais, Giovanni Cellini, que desejava que o filho seguisse a carreira musical. Cellini, porém, escolheu a ourivesaria, e seu primeiro emprego foi de aprendiz de joalheiro. 

Irreverente, fugiu de casa e foi para Roma, e seu primeiro trabalho como ourives foi um saleiro de prata, encomendado por um cardeal. Feliz com o trabalho de Cellini, o cardeal desafiou outros ourives da cidade a fazer outro igual. A partir daí Cellini começou a receber encomendas da elite romana, e ele mesmo também fez propaganda dos seus trabalhos. 

Naquele tempo o centro artístico mais cobiçado era a corte do Papa Clemente VII, que Cellini começou a frequentar. Rodeado pela elite, ele dividia seu tempo entre a arte e a política. Em 1527, a guerra entre a França e a Espanha atingiu a Itália, e em maio Roma foi invadida. Refugiado no Castelo Santo Ângelo, Cellini comandou um pelotão de homens numa batalha que expulsou os invasores. Foi então aclamado herói de Roma. 

Depois da guerra ele se dedicou totalmente à arte, produzindo obras-primas para o Papa Clemente VII. Com a morte do Papa, em 1534, seu sucessor, o Papa Paulo III, continuou com o artista em sua corte. Logo depois Cellini mudou-se para Paris e conquistou a simpatia do rei da França, Francisco I, que o convidou para sua corte. Cellini então ofereceu ao rei um saleiro de ouro e esmalte, que se tornou famoso por causa dos motivos decorativos. Precisou fugir de Paris por causa de um ferimento que causou a um nobre durante um duelo, já que foi considerado um dos melhores espadachins da época.  

Voltou a Roma, porém envolveu-se em intrigas e conspirações, quando foi preso pelos seus inimigos, sob a acusação de ter roubado joias do tesouro pontifício, durante o cerco de Roma. Acusado sem provas, passou um bom tempo na prisão. Livre, voltou a Paris. Antes de partir, ainda fez um escudo cinzelado para o cardeal Ferrara. Em 1540, mudou-se para Fantainebleau, onde se dedicou à produção de peças de joalheria que atraiu a corte francesa, além de se dedicar à escultura, que não explorava muito.  

Mesmo vivendo bem na França, Cellini voltou para a Itália, onde foi trabalhar para o Duque Cósimo de Médici, criando esculturas e ourivesaria. Em 1564, já cansado e velho, casou-se com sua governanta, abandonou a sua arte e se dedicou a escrever sua autobiografia, um livro onde descrevia suas aventuras, principalmente amorosas, o que causou escândalo na sociedade. Cellini faleceu no ano 1571. 
Algumas das suas obras foram: “Vita”, “Sopra L’arte Del Diseguo”, “Trattato Sull’Oreficeria”, “Trattato Sulla Scultura”, etc., além das esculturas: Perseu – a mais famosa -, Autoretrato, Apolo, etc.

Bibliografia: 
ENCICLOPÉDIA Brasileira Globo. 13ª ed. Vol. III. Porto Alegre, Globo, 1974. 
ENCICLOPÉDIA Semanal Ilustrada Conhecer. Vol. 2, fascículo 21. São Paulo, Abril, 1966. 
NOVO Tesouro da Juventude. Vol. XVII, págs. 23 a 25. São Paulo, Opus, 1980. 

(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)    

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Almas do outro mundo


Clara descansava de um trabalho estressante, quando uma mulher bateu palmas em sua porta, chamando-a. Aflita, a mulher começou a falar, assim que Clara abriu a porta:
– A senhora é Clara, que expulsa almas de outro mundo?
Clara:
– Mais ou menos. Sou exorcista, pela bondade de Deus.
A mulher:
– Então, meu nome é Maria, e moro lá no Conjunto Solidariedade. É que há muito tempo os moradores lá do Conjunto estão com medo de umas almas que aparecem lá atrás do cemitério quase toda noite, menos em noite de Lua Cheia.
Clara:
– E por que elas não aparecem em noite de Lua Cheia?
A mulher:
– Sei lá! Só sei que elas aparecem vestidas de branco, até a cabeça delas é branca... Todo mundo que passa por lá de noite vê o vulto delas, e quando elas veem as pessoas, correm atrás fazendo palhaçadas, jogando pedras... Todo mundo vê que se namoram, porque se abraçam e se beijam e rolam pelo chão como se fizessem aquilo...
Clara:
– Aquilo?
A mulher, envergonhada:
– É, aquilo! A senhora sabe...
Clara:
– Está certo. Vamos lá, agora mesmo, pois já é noite e a Lua está Minguante.

Clara e dona Maria seguiram para o Bairro do Alto até chegarem atrás do cemitério.
Clara falou:
– A senhora vá para casa e avise aos moradores que fiquem escondidos até eu chamar ou alguma coisa se resolver.

Dona Maria correu em disparada, deixando Clara sozinha, atrás do cemitério, sob frouxa luz de luar. Passados alguns minutos, Clara reparou que havia vultos se aproximando. Ela então se escondeu atrás de uma algaroba e ficou observando. Conforme descrito pela mulher, Clara viu que dois vultos brancos, totalmente brancos, se abraçavam e se beijavam, depois rolavam pelo chão numa cena de sexo explícito. 

Passados alguns minutos, sem medo de nada, Clara aproximou-se dos vultos e gritou bem forte, com as mãos estendidas na direção deles:
– Em nome de Jesus Cristo, espíritos namoradeiros, saiam deste mundo e voltem para aonde moram, em nome de Jesus Cristo!

Ao invés das almas sumirem, elas deram um passo para trás em sinal de susto, mas logo avançaram para Clara, fazendo palhaçadas e jogando pedras. Clara, inabalável, gritou novamente, com as mãos estendidas:
– Em nome de Jesus Cristo, espíritos namoradeiros, eu lhes ordeno, saiam deste mundo e voltem para aonde moram, em nome de Jesus Cristo!

Num impasse, nem as almas sumiram nem Clara recuou. Passados alguns segundos assim, Clara avançou sobre os dois vultos e agarrou um pelo braço. Naquele momento alguns moradores tiveram coragem, chegaram perto de Clara e fizeram um círculo em volta dos vultos, acendendo lanternas. A noite se iluminou, e Clara puxou a máscara branca do vulto que ela segurava. Alguém da plateia gritou:   
– Oxente! Não é alma do outro mundo não! É Toinho, marido de Mariquinha! Logo outra pessoa tirou a máscara do outro vulto e gritou:
– Oxente! É Rosa, mulher de Joaquim! Gente, as almas do outro mundo são Toinho e Rosa! Eles são amantes!

Um alvoroço se fez em volta dos amantes, e uma mulher chorosa apareceu, dizendo:
– Oxente, Toinho! Tu me trai, Toinho?
Toinho:
– Tu não me chamava de frouxo? Agora estás vendo que não sou! E não tenho só uma amante, não! Tenho mais seis! Cada dia venho aqui com uma mulher diferente!
Clara:
 – Mas em noite de Lua Cheia o senhor não vem namorar!
Toinho:
– A senhora sabe que na Lua Cheia a noite se clareia, e alguém podia me reconhecer, saber que não havia alma de outro mundo, mas gente de verdade se divertindo...
Logo em seguida chegou Joaquim, que avançou sobre Rosa, mas ninguém deixou que ele batesse nela. Ele então gritou:
– Mulher, ô, mulher, todo mundo agora vai me chamar de corno!
Rosa:
– Vai não, Joaquim, se tu me perdoar de verdade! Eu te prometo que nunca mais saio de casa sem tu, eu te prometo!
E foi assim que Toinho se tornou o símbolo do homem com H taperoaense, e dona Rosa, o símbolo da virtude. As outras amantes de Toinho ficaram um mistério, jamais alguém descobriu quem eram elas, pois, pelo que se fala, ele e dona Mariquinha agora não se desgrudam um do outro. E o cemitério voltou à paz de Deus, silencioso e sem assombração. 
                                               
 (Texto: Eliza Ribeiro/Bete Diniz - Foto: internet)